A indústria farmacêutica brasileira de fitoterápicos teve
seu início, como indústria, no começo do século XX. Esta jovem indústria,
construída por uns poucos empresários farmacêuticos, conseguiu sobreviver os
primeiros trinta anos daquele século. Pós a primeira guerra e a entrada da
indústria farmacêutica europeia e americana começaram a dificultar o
desenvolvimento da nossa indústria que sem o menor incentivo morreu sem mesmo
amadurecer.
Publicações como a Revista da Flora Medicina, onde por
mais de décadas editaram-se trabalhos de botânica e terapêutica fitoterápica,
não resistiram a entrada da indústria farmacêutica estrangeira.
Atualmente com a renovação do interesse popular, podemos
citar o laboratório Klein do Rio Grande do Sul e a Farmaervas de São Paulo,
ambos possuidores de diversas tinturas com aplicação em algumas dezenas de entidades
nosológicas.
O ponto fundamental para a aplicação da fitoterapia em
nosso país reside na escolha da qual atitude terapêutica deve ser tomada para a
aplicação da planta medicinal. Muitos defendem que devemos procurar isolar
princípios ativos existente nas plantas e que este princípio é que deve ser
utilizado. Outros defendem que a planta deve ser dada como um todo, baseando-se
em alguns fatos bem nítidos para abraçarem tal idéia, os quais sejam:
A) Um
grande número de plantas comporta-se de maneira inteiramente não convencional,
não apresentando nenhum princípio farmacodinâmico demonstrável farmacologicamente
e no entanto o resultado da interação dos seus diversos componentes resulta
efetiva. O melhor exemplo disto é a alcachofra que quando isolado seus
componentes, estes apresentam-se inativos na sua maioria, ao passo que quanto
mais complexas as misturas experimentadas em ratos, maior é a atividade. Assim,
demonstrou-se o surgimento de novas propriedades mediante a adição de
substancias que isoladamente são ineficazes.
B) Nem
sempre as plantas em que se tem isolado substâncias ativas definidas, com
efeitos fisológicos próprios, resumem estes os efeitos terapêuticos delas.
Assim, comporta-se por exemplo o guaraná,
cujo alcaloide não resume em si o mesmo efeito da planta integral.
C) As
plantas que possuem vários alcaloides ou princípios ativos, alguns de ação
fisiológicas contrária à de outros, têm no entanto, quando empregadas in
natura, a mesma ação fisiológica ou terapêutica constante, como se fossem
agente único. São os casos do ópío, da quina, da ipeca.
Todos estes fatos inegáveis levam a reconhecer que a
biogenia, que atua nas plantas mediante a assimilação de moléculas simples em
sistemas vegetais.infinitamente mais complexos, oferece possibilidades que vão
muito além das qualquer fábrica química moderna. As plantas medicinais atuam
por meio de complexos de substâncias biológicas, sendo que muitas das
substâncias ditas inativas, agem
retardando ou acelerando a absorção das substâncias ativas pelos tecidos, além
de possivelmente antagonizarem prováveis efeitos colaterais indesejáveis, como
também agirem na bio-sintese das proteínas, estimulando a síntese de anticorpos
reforçando as imunidades orgânicas.
Bibliografia:
Anais do Congresso Nacional sobre Essências Nativas – Edison S. Neves- setembro
de 1982