segunda-feira, 27 de março de 2017

Os Cangussu preto e branco de Minas Gerais vão da letargia a vigília

O Cangussu preto produz o sono letárgico, já o Cangussu branco anula a ação da outra.
Quando se deseja durma, por dois ou três dias, o chá é Cangussu preto, pra ela acordar é o Cangussu branco.
Estudando o Cangussu preto, reconheci que esta planta é a espécie Buchnera rósea H.B. et K, da família das Scrophularinaceas, espécie bem descrita na Flora Brasileira de Martius. 
Buechnera oficinalis.
As suas folhas são estreitas, pubescentes eretas, com cinco nervuras muito salientes na face inferior do limbo. As flores são róseas; na planta seca, porém, parecem negras, como também são quase negras as outras partes da inflorescência.
Pode crescer até um metro de altura.
O tom negro que tem a inflorescência do Cangussu preto é apresentado por quase todas as espécies do gênero Buchnera. Interessante é que, nos frutos, o cálice já não é preto, e sim esverdeado.
Cangussu branco pertence a família das Amaranthaceas, e não havia sido ainda classificada botanicamente.
O seu estudo mostrou-se dever ser ela colocada no gênero Gomphrena, a que já pertence uma planta medicinal muito conhecida a Gomphera officinalis, chamada Paratudo.
Pelas suas notáveis propriedades, recebeu o nome Gomphrena anti-lethergica.
É como o Cangussu preto, também uma planta dos campos. Pode crescer até dois metros de altura. A sua raiz é tuberosa, dura, lenhosa; as folhas são linearilanceollladas, agudas, pubescentes e a inflorescência em espigas sesseis ou pediceladas, situadas nas axilas de folíolos bracteiformes dos ramos e do caule, na par terminal.
A planta toda é clara, sendo, portanto, bem adequado o nome que lhe deram.
Em ambas as plantas as propriedades são antagônicas, as partes usadas são raízes.
A Buchnera rósea, si bem que descrita botanicamente na Flora Brasiliensis de Martius, não é citada ali nem em outras obras que conheço, como possuidora da propriedade de produzir letargia

Bibliografia: Almanak Agricola Brasileiro – 1923 – Alvaro Silveira.




Cumarú ou Fava Tonca é uma das sementes de cheiro do Brasil

Fava Tonka, Camarú, Cumbarú, Cumbary, Fava da Índia, Baru, Cumbari. Família das leguminosas. Nome científico Coumarouna  Odorata, Aubl.
É uma árvore de porte médio nas florestas secundarias, mas que pode ultrapassar os trinta metros na mata virgem. Folhas com 4 a 8 folíolos  os folíolos não tem pontos transparentes. Esta arvore produz a cumarina que é uma substancia, branca, de odor agradável, que se funde a 67º.
Asperula odorífera
É pouco solúvel na água fria, melhor na água quente, e muito solúvel no álcool, e no éter.
Não é só esta planta que contem a cumarina assim encontramos esta substancia na Asperula odorífera, nas flores de Anthoxanthum odoratum, nas folhas de Agraecum gragransMelilotus oficinalis.
Foram os índios Caraíbas, da Guyana, os primeiros a utilizarem esse material quer, como adorno, em colares e pulseiras, quer como fornecedor de perfume ou mesmo como excitante geral. Em alguns lugares o povo se serve da casca ou das sementes para infusões sudorificas. Tem grandes aplicações na indústria dos perfumes.
As sementes de Cumarú têm um aroma delicioso e um tônico muito útil.
Os antigos usavam o chá da semente como calmante diaforético, emenago. Em altas doses pode ser laxante.
A tintura é antiespasmódica e tônica.
O óleo é usado para ulcerações na boca é também um bom tônico para o couro cabeludo. A semente é usada para odorizar ambientes.
Na Europa o odor da cumarina é conhecido como “feno fresco cortado”, que não tem qualquer semelhança entre o odor de feno cortado e o de cumarina.
Efetivamente, a fragrância dos campos suaviza e gratifica os nervos olfativos de todos.
A colheita é feita na selva a partir de fevereiro quando as favas começam a madurar. Os coletores viajam ria Amazona acima em canoas e colhem as favas depois as deixam secar ao sol. Sua fragrância é usada em fumo, sabonetes finos e em varias linhas de cosméticos. 

Bibliografia: Martin Barros - Revista Chácaras e Quintais – março de 1917 – pág 212 e 213.

A batata do Jacutupé é útil como refrigerante

 Pachyrrizus angulatus, A. Rich é planta originaria das índias, perfeitamente adaptada no cultivo brasileiro. Planta conhecida na medicina popular como Jacutupé, tem a sua denominação vulgar do indígena Yuti-Kape, o qual por semelhança de som passou a Jutikupé e finalmente, chegou a Jacutupé, cujo significado é batata da casca fina. Ela tem um feijão trepador, conhecido na Índia, como feijão grande ou Feijão de batata; as suas folhas são angulosas, dificultadas, lisas ou ligeiramente pubescentes na face inferior; as flores são avermelhadas com um tom violáceo; as vagem, regulam de tamanho com as do feijão comum porém, são tanto mais grossas, encerrando 6 a 8 sementes de cor preta violácea.

a batata é usada como diurético associada a limonada


Esta planta trepadora, já era cultivada no Brasil desde os tempos coloniais, principalmente nos estados do sudeste, onde era bastante comum, no tempo da escravidão por servir de alimento aos escravos, a sua raiz tuberosa, do mesmo modo como eram usadas os diferentes caras.
Este útil vegetal pertence a família das leguminosas, cujo gênero encerra somente duas espécies diferentes e uma variedade.
É planta encontrada por toda a América tropical, por causa de sua raiz alimentícia.
A batata do legitimo Jacutupé, além de ser alimentícia, é considerada refrigerante e útil em combater os acessos febris; o seu polvilho é muito usado em limonadas, para combater os catarros da bexiga e também varias doenças das vias urinárias.
O suco da batata de Jacutupé é considerado bom diurético e de bastante proveito no tratamento das nefrites.
O polvilho de Jacutupé é muito usado na medicina popular e alguns médicos julgam excelente contra as diversas afecções da bexiga, principalmente no catarro vesical, ou também contra hemorroidas, na dose de 3 a 4 colheres das de sobremesa por dia, em mistura com água açúcar e limão, uma verdadeira limonada de Jacutupé.
O polvilho deve sua ação diurética a uma resina.


Bibliografia: Peckolt, Gustavo – Revista Chácaras e Quintais, março de 1922.

domingo, 5 de março de 2017

A Ipeca vive entre o remédio e o veneno

A Ipeca é vomitiva em altas doses; tônica e expectorante em pequenas. É usada com vantagem na disenteria, no garrotilho, coqueluche, bronquite. Já foi recomendada na peritonite pleural. Ingerida em pequenas doses provoca suores.
Cephaelis acumina - Reprodução 
As aplicações locais sobre a pele e sobre as mucosas são irritantes. Sobre a pele a ipeca determina eritemas ou vesículas. A contaminação de se estar numa sala onde há poeira de ipeca provoca lacrimejando, comichões nos olhos, espirros; uma pitada de pó de ipeca jogada nos olhos provoca conjuntivite muito seria, e quando o ar que se respira está muito carregado de pó de ipeca os acessos de asma ou de dispneia aumentam.
Quando a ipeca é absorvida os batimentos cardíacos diminuem e a tensão sanguínea baixa.
Quanto a ação vomitiva da ipeca, querem alguns autores atribuí-la a emetina, sendo no caso um vomitivo periférico, tendo ação irritante sobre o estomago; outros autores baseados em estudos mais recentes contestam a ação vomitiva da emetina atribuem a cephelina que como e emetica é duas vezes mais ativa que  a emetina, no entanto, outros, não pondo em duvida essa ação da cephelina acham que não podemos esquecer a ação que incontestavelmente a emetina possui.
A Ipeca e contra indicado para cardíacos, as pessoas fracas ou deprimidas, bem como as pessoas idosas.
A intoxicação pela ipeca é caracterizada por uma inflamação no estomago e sobretudo do intestino, pela hiperemia ou edema pulmonar, depois uma paralisia progressiva; a hemólise e sobre tudo o colapso cardíaco.
Bibliografia: Cruz, Jayme P. Gomes Ipecacuanha – Revista da Flora Medicinal 1934.