domingo, 2 de julho de 2017

A luta de Freire de Aguiar contar remédios falsificados no século XIX

Freire de Aguiar, primeiro fabricante de medicamentos no Brasil, venceu todas as batalhas pela sua fabricação da “Água Inglesa modificada”, voltou ao Rio de Janeiro e fundou outro laboratório na Rua General Câmara, mais tarde mudou seu estabelecimento para a rua Conde de Bomfim. Neste novo estabelecimento cedeu aos insistentes convites do seu colega e amigo farmacêutico o Barreto e organizou, em 1890 a “Companhia Química Industrial da Flora Brasileira”, da qual ficou apenas com o cargo técnico.
Tabletes de opio indicado para cantores e atores...
Numa série de artigos publicados em jornais do Rio de Janeiro, moveu honesta campanha contra produtos falsificados, nacionais e estrangeiros. Tinha por hábito exibir farta documentação provando suas afirmações. Em análise realizada nos laboratórios oficiais, e pessoalmente, provava a iniquidade de vários produtos importados, entre os quais o Elixir Alimentício de Ducro, que não continha nenhuma substância alimentar. Chapoteaut, farmacêutico francês, fabricou um preparado em que deveria entrar a pepiona; pelo exame realizado por Freire de Aguiar, na presença de médicos, farmacêuticos e jornalistas, provando que o elixir, que chegavam as prateleiras nas nossas farmácias, não possuía nem sombra de carne.
Em outra ocasião em sua farmáia, uma senhora pediu um vidro de xarope de Forget, o qual foi vendido. Momentos depois, essa senhora voltou muito aflita, porque sua filha estava envenenada. Examinando o medicamento, verificou que continha alta dose de cloridrato de morfina. Não deixou de comentar o ocorrido com as autoridades da Inspetoria de Higiene e tão pouco voltou a comprar o dito remédio importado.
Todos os seus produtos, entre os quais a “Àgua Inglesa modificada”, Xarope de Rabana iodado, Elixir Alimentício, Magnásia fluida, entre outros, tinham ótimo conceito na classe médica e o elixir de Jurubeba, mereceu do Dr. Domingos Freire, um parecer honroso, pois conseguiu regularizar de modo científico a preparação de jurubeba que sempre tinha irregularidade no preparo..
No governo de Prudente de Morais, sendo Ministro da Fazenda, Bernardino de Campos, (1897), Freire de Aguiar, manifestou-se pedindo proteção pra indústria farmacêutica nacional, que nesta época estava longe de ter um número grande de estabelecimentos, evitando a importação de remédios, que podiam ser produzidos no pais com toda a garantia de qualidade.

Bibliografia : Revista Brasileira de Farmácia 1944/45



Nenhum comentário:

Postar um comentário