O primeiro botânico que estudou o Yagê, foi o explorador inglês
Spruce, que colhendo material completo desta planta em 1853, na fronteira
noroeste do Brasil, na região Uaupés, enviou exemplares a diversos herbários
europeus.
Apesar do habitat natural desta espécie se achar no alto Amazonas,
nas regiões fronteiriças entre a Colômbia e Venezuela o Jardim Botânico do Rio
de Janeiro possui alguns exemplares perfeitamente aclimatados, introduzidos
pelo Dr. Ducke.
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Cipó Mariri |
Os alcalóides contidos na planta são Yageína e Yagenina.
Uma planta do Amazonas tem um alcalóide capaz de produzir efeitos
surpreendentes sobre o sistema nervoso central. O uso de entorpecente é tão
velho quanto à humanidade.
Helena de Troia fazia servir, então, uma bebida cujo fim era;
dissipar as tristezas, acalmar a cólera suavizar as aflições, fazer esquecer os
males.
Plínio aceitava a possibilidade da adição da dormideira do Egito,
a bebida distribuída pela esposa e Menelau.
Na dinastia dos Incas se encontram referências aos bebedores de
Yagê.
Mama Ocllo era a deusa que oficiava nos ritos sagrados dos Incas
nos quais o Yagê representava um papel importante, e cujo uso só era permitido
aos padres oficiantes e aos velhos. Eles conheciam os efeitos de clarividência
e de telepatia da planta.
Os conquistadores espanhóis, e especialmente o clérigo Valverde
conheceram as mágicas virtudes dos que tomavam aquele soporífero, hipnótico.
O princípio ativo do Yagê isolado na Colombia recebeu o nome de
Telepatina.
Em 1925, Barriga Villaba, da Universidade de Bogotá, retoma as
investigações anteriores e isola dois alcalóides, dando-lhes os nomes de
Yageina e Yagenina, cuja proporção na planta é de 1,5% para o primeiro e de
0,025% para o segundo. A Yagenina foi considerada a princípio, pelo próprio
descobridor como uma goma resina especial, ou uma base não alcaloídica.
Gastão Cruz fala dos efeitos alucinatórios do Caapi.
Oscar Guanabarino, influenciado pelas lituras sobre a propriedade
de televisão atribuída a planta, escreveu uma comédia intitulada o Yagê.
Diário de Viagem do missionário Giordano Bruno ao Rio Negro
¨O Caapi é uma cocção da casca da planta trepadeira também
denominada Caapi, com o acréscimo de casca de outra planta trepadeira e de uma
pequena dose de fumo. É curioso o efeito dessa bebida. Ela não embriaga, mas
excita terrivelmente o sistema nervoso e a imaginação, de modo a dar a ilusão
visionária das coisas mais extravagante, répteis, pássaros, espelhos e
estrelas.
O Caapi é uma bebida destinada aos dias de festas; enquanto que o
Yagê só pode ser usado pelos chefes de tribos (pagés), possuidores de poderes
divinatórios; e são esses poderes que lhes garantem o domínio sobre a tribo. Só
é permitido ingerir o Yagê os chefes e sacerdotes.
As doses elevadas de Yagê são usadas por ocasião de cerimônias
rituais e nas praticas da magia religiosa. Pra este fim empregam o caule e
algumas folhas; em decocto muito concentrado e reforçado com outras plantas de
atividade fisiológica perigosa.
As jovens índias são incumbidas de procurar na floresta o cipó
precioso, o Caapi. O vegetal é triturado com pedras e colocado num cocho de
madeira. Junta-se água, ficando em fermentação até o dia da festa, quando deve
aparecer o Capiriculi, considerando Deus, do qual julgam os Tarianos seus
descendentes diretos. Diz o Deus dos Capiriculi "Vocês deverão fazer festa
uma vez em cada tempo frio, e nela dançarão o ropotoce, sapateado, tomando
bastante Caapi, porque, ele representa o meu sangue e torna o Tariano mais
ativo, mais ligeiro, mais apto a sustentar as lutas contra os inimigos”.
Os índios enfeitados bebiam o Caapi em pequenas cuias distribuídas
pelas donzelas da tribo; e as danças se prolongaram até o dia seguinte entoando
a canção Caapi.
O vaso contendo Caapi deve ser portado por um homem, pois nenhuma
mulher pode provar aquela bebida.
O Índio após beber o Caapi fica pálido como um morto; seu corpo é
todo agitado por um tremor violento. Seu aspecto é de causar horror uma fúria
invencível. Se não o contiverem toma a primeira arma que encontra, e sai
brandindo-a. No fim de 10 minutos desaparece a excitação, e o silvícola
torna-se calmo, dando a impressão de esgotado. Caixiri é cerveja de mandioca.
Vinho de palmeira.
Ao ingerir duas pequenas cabaças de Yagê, depois de algum tempo
percebia fagulhas de um colorido vivo, acontecendo isso especialmente quando no
escuro; e ao escrever via sobre o papel labaredas róseas. Mas, a dose por ele
tomada não era comparável àquela que os indígenas bebiam comumente.
O Yagê é a planta telepática do sonho azul, é planta dos profetas. .
O Yagê é planta ingerida pelos curandeiros, pelos adivinhos quando
chamados para decidir contendas, descobrir planos dos inimigos, aproximação de
estrangeiros, apontar quem enfeitiçou um homem doente e denuncia cônjuges
infiéis.
Era droga usada no tratamento da epilepsia e outras doenças
nervosas.
Indicação em insuficiência cerebral, depressão nervosa, perda de
memória, da vontade, apatia, fobias tiques. Específico da fadiga, do
esgotamento e das neurastenias.
Bibliografia: Revista da Associação Brasileira de
Farmacêuticos – Setembro de 1936 – Oswaldo de A. Costa e Luiz Faria –
Laboratório Bromatológico.