No século XVI a velha “Doutrina da Signatura” que se diz ser de origem chineza muito antiga,
ainda florescia, tendo sido posta em proeminência por Paracelso (1493- 1541). A
ideia era baseada na crença que o Criador, ou qualquer poder sobrenatural, procura
mostrar a humanidade por meio da semelhança de uma planta ou parte de planta
com um órgão do corpo humano que aquela planta ou parte de planta é destinada a
ser usada como remédio para uma doença do órgão ao qual se assemelha. Assim, um
fruto da romãzeira quando aberto tem sementes que se pode dizer assemelham-se
aos dentes soltos. Daí ela deve ser usada para os males dos dentes.
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Mandragora |
A hepática ou folha do fígado, tendo uma folha que se diz
parecer um fígado humano devia ser tomada em qualquer veículo, infusão ou
tintura, para as doenças do fígado. A doutrina expandiu-se até incluir plantas
que tinham semelhança com animais venenosos. Assim, uma planta com a haste ou
as folhas pontilhadas como uma cobra venenosa seria um bom antidoto para
mordedura dessa cobra. Os minerais foram também incluídos, assim, sulfureto de mercúrio
ou cinabrio, de uma cor vermelho de sangue, seria excelente para as doenças do
sangue.
As superstições associadas com a mandrágora levam-nos aos
artigos “rizotomos” e fazem-nos recordar a doutrina das signaturas. A mandrágora
europeia é a Mandragora officinarum, uma erva da família das solanáceas é indígena
no sul da Europa e no norte da África. A sua raiz é longa, grossa e algumas
vezes bifurcada e admitia-se que quando arrancada fazia muito lembrar a forma
humana, de fato dizia-se que havia planta masculina e feminina. A raiz
acreditava-se que tinha grandes poderes curativos e aconselhava-se uma maneira
muito especial de arrancá-la, pouco mais ou menos como se segue: (1) acavação
deve ser feita durante a noite quando a planta “brilha como uma lâmpada”. Então
logo que alguém a vê deve bater-lhe na cabeça com um ferro a fim de que não
escape; depois cavar a roda dela com um instrumento de marfim, mas sem a tocar.
Arrancá-la do chão era operação que implicava grande perigo para o operador.;
por isso a parte superior devia ser amarrada a um cão que depois se chamava
para assim arrancar a mandrágora.
Simon Forman, membro do Magdalen College escreveu a cerca
da mandrágora em 1603 “Também eu tenho conhecimento de que o velho dito se
mostrou verdadeiro, de que quem quer que arranque uma mandrágora morrerá dentro
do prazo de um ano, e alguns há que dizem terem nas ouvido gritar ou gemer
quando foram arrancadas”.,..
A nossa mandragra americana é uma planta inteiramente
diferente, Podophyllum peltatum, da família das Berberidaceas, comumente
chamada Maça de Maio. É interessante notar que a mandrágora europeia não está
mais farmacopeia dos Estados Unidos, porem a raiz principal da mandrágora americana
fornece uma droga importante, a Podofilina, sob a forma de uma substancia
resinosa toxica chamada resina de podofilo, empregada como catártico.
Bibliografia:
Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmount – Resumo da
História das Plantas Medicinais
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