
Impossível uma situação mais estupida e desesperante. O
específico da tuberculose estava encontrado – e nem um só doente sarava!...
A digitális também continuava pessimamente usada na
hidropisia. Withering explicara muito bem o modo correto da aplicação, mas já
estava morto e ninguém se lembrava de ler o que ele havia escrito.
E, ainda mais, Hahnemann o fundador da homeopatia,
repeliu o livro de Withering, ao afirmar que “além da digitális produzir dores
de cabeça, tontura e mais coisas a sua utilidade era muito limitada”. E heróis da
medicina, como Laennec, descobridor do estetoscópio e Corvisat, médico de
Napoleão, nem sequer admitiam que a digitális fosse boa para os hidrópicos.
Por outro lado havia os fanáticos na eficácia,
quando não viam fazer efeito, entravam pelo caminho das doses cavalares – e aí
dos pacientes!
E foi assim que trinta anos após á morte de Withering a digitális teve de novo de ir-se recolhendo aos bastidores em virtude de miúdas ciumeiras
profissionais, do uso da ignorância de muitos médicos. “A digitális devia curar a tuberculose, mas não o fez”, era o epitáfio que a esperava. Mas
nesse momento acudiram-lhe salvadores. Não médicos de renome. Vinham dos laboratórios
e clinicas, e terçavam as armas da evidencia cientifica. A marcha desse
exército foi exasperadamente morosa, mas continua. Os novos paladinos
colecionavam fatos e contra fatos não valem argumentos.
A digitális cura a tuberculose? Atentai na lista dos
doentes tratados. Milhares tiveram esse tratamento e que sucedeu? Morreram
todos. De que? De tuberculose
É a digitális um tratamento perigoso para hidropisia?
Não quando usada com discernimento, isto é, com as
dosagens bem calculadas para cada caso individual, como Withering acentuou.
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943.
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