A angina de peito é caracterizada por uma horrível dor no
coração que depois e espalha pelo ombro esquerdo. Os médicos, atordoados
mistificados e sem esperanças, lhe deram este nome.

Súbito um dos médicos tirita e fala:
- Frio Horrível!!! Que hora são?
O outro, moço ainda, saca o relógio de ouro:
-Quase duas. Mais um minuto ou dois, e a coisa vem.
Fixaram de novo os olhos no paciente, ali a suar,
horrivelmente apavorado, com todas as suplicas nos olhos. O jovem doutor
Brunton (23 anos apenas) falou de novo, informativamente.
- T odas as noites, há três semanas, tem tido o ataque. E
sempre entre duas e quatro da madrugada. Prolonga-se por uma hora ou mais.
- Sei disso, disse o velho doutor Bennett . Já tenho
visto a angina – mas nenhuma como esta.
- Foi por isso que provoquei esta nova experiência,
continuou Bruton. Já experimentamos tudo que era aconselhável - digitális, acônito,
lobélio, aguardente, clorofórmio. Nada fez bem.
- Sim, estamos experimentando isto agora – mas donde lhe
veio a idéia?
- Não tenho certeza de nada, senhor, mas palpita-me que a
angina pectoris tem algo que ver com a pressão cardíaca, isto é, com súbitos ataques
de alta pressão. Só isso pode explicar que por que este senhor MacCollum sentiu
alivio quando o sangramos em pleno ataque. Que poderia fazer a sangria senão
aliviar a pressão do sangue?
- E acha que a sua droga opera efeito igual ao da
sangria? Acha que diminue a pressão?
Brunton estava inquieto.
- Não sei senhor. Ainda não fiz experiência em criatura
humana – só em um cachorro, mas neste com resultado ótimo.
- Hum! Rosnpou Bennett. Em cachorro...Eh, eh...
O rosto do doente começava a mostrar pânico. De molhado
em suor e vermelho que estava, passou a seco e lívido. Verdadeiramente
paralisado pelo horror!
- Oh, meu deus! Murmuravam
seus lábios. Vem vindo...vindo...vem vindo! E desta vez me mata, estou certo.
Sei que me mata. Não posso aguentar...
O Doutor Bennett levou a mão ao ombro do doente.
- Sossegue, McCollum.
Não vai haver nada.
E voltando para o jovem Brunton:
- A dor vem vindo. Veja...
O doente fez um rictus de agonia como se garras de ferro
lhe estivessem constringindo o coração – mas não conseguiu gritar. Bennett
enxugou-lhes a testa e chamou:
-Brunton!
- Senhor?
- Mr MacCollum é seu cliente. Faça o que disse – e depressa...
-Obrigado, senhor, foi a resposta de Brunton – e sacou do
bolso um vidrinho com um liquido amarelo pálido. “Enfermeira passe-me esse pano”.
Num pedaço de gaze Brunton pingou dez gotas do liquido,
cheirou-o rapidamente e pôs diante das narinas de MacCollum, dizendo:
-Respire Mr MacCollum! Aspire profundamente.
O doente com aquilo diante das ventas não teve alternativa,
senão obedecer, e inalou duas, três vezes.
Os dois médicos estavam de respiração suspensa e foi
assim que viram o rosto do doente passar do lívido ao corado e seus músculos tão
tensos se relaxarem; os sinais da dor lhe
desapareceram do rosto. Por fim MacCollum afastou a gaze do nariz e
sorriu levemente:
- Obrigado, doutor. A dor foi-se. O senhor fe-la parar.
Bunnett murmurava consigo mesmo:
- Parou sim... Parou em segundos! Prodígio... Brunton,
meu rapaz, como vai se chamar isso que usou?
- Nitrito de amila. Operou em Mr MacCollum tal qual no
cachorro.
Desta forma que o Dr Lauder Brunton, de Edimburgo,
descobriu o remédio para a angina pectoris.
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