domingo, 22 de abril de 2012

Cultura da Babosa


Dá-se o nome de aloés ou azebre ou sumo das folhas de muitas espécies  do gênero aloés, liliáceas que habitam diversos países quentes, inclusive o Brasil.
Aloe vera
Estas plantas são notáveis pelas folhas espessas, carnosas, firmes, quebradiças, com margens dentadas e picantes; flores tubuladas dispostas em espiga sobre um longo pedúnculo que emerge no centro das folhas. No nosso pais são conhecidas estas plantas pelo nome de Erva Babosa, pertencendo a espécie botânica; Aloes vulgaris, Lamark; A. Barbadensis, A. perfoliada, Velloso. Todas estas espécies poderiam fornecer o aloés á farmácia, mas este produto é fabricado em outros países e nos vem importado juntamente com os mil produtos do comercio oficinal.
O Áloes, como quase todas as plantas tropicais, tyem uma vegetação vivíssima e é tão rústico que se dá em qualquer terreno e situação, de sorte que vemos crescer e prosperar em terras mesmo estéreis.
Na África, conquanto vulgaríssimo, não é cultivado regularmente, talvez por que o homem só deseja o que não tem. Mas na América central há algumas plantações extensas.
O fato é que em terreno onde outras culturas não são favoráveis ou convenientes, o aloés dá sempre algum rendimento. O terreno deve ser lavrado e, quando possível, adubado, se quiser tirar melhor lucro. Falta uma cava cuidadosa e adubado o terreno, metem-se as duas pequenas plantas à distância de 50cm em todos os sentidos. A única atenção que reclamam é a de conservá-las limpas de ervas ruins; e assim cultivadas dão folhas de cerca de um metro de comprimento, que todos os anos se cortam formando o tronco principal da produção.
Quando está prestes a começar a estação das chuvas, faz-se a colheita do Áloes cotando-lhe as folhas, as quais se metem imediatamente em baldes ou celhas de madeiras em forma de prisma invertido, quer dizer, com a parte inferior mais estreita, e sem fundo. As folhas cortadas colocam-se nesses recipientes com a parte cortada para baixo, de modo que o liquido que sai dos cortes corre rapidamente para outro recipiente com fundo, colocado por baixo do primeiro.
No tempo que se emprega a encher sete destes baldes de folhas cortadas, pode esvaziar o primeiro, pois que o líquido terá caído todo.
O líquido colhido condensa-se por meio de evaporação natural aos raios de sol, obtendo-se assim um produto cinzento para fornecera indústria.
As folhas podem dar uma matéria têxtil ordinária, mas que serve para tapetes baratos.
Os Áloes tem propriedades farmacêuticas bem conhecidas. Em pequenas doses é estomáquico por excelência, em maior dose é purgativo e atua eminentemente sobre o fígado.
As folhas de babosa apenas cortadas liberada da epiderme, substituem como emoliente a semente de linho, com melhor êxito.
O pó de Áloes é um enérgico reagente contra vermes. Dissolvido o suco de erva babosa em espírito de vinho auxilia o crescimento do cabelo. Até constitui a Babosa a base de um preparado recente apregoado como soberano para combater a calvice. Muitas outras aplicações tem o Áloes, que o recomendamos a cultura.

 Bibliografia:  Anuário Agrícola -Março de 1922.

domingo, 15 de abril de 2012

O Leite de Assacú e a Morfea

Hura crepitans

Em fins do ano de 1892, em viagem de excursão ao alto Rio Tocantins, ao lugar de nome Pederneiras das Mururas, município de Baião, achava-se atacado de morfea, lepra, um caboclo índio da tribu “Anambé”, em estado adiantadíssimo o infeliz vivia isolado dos seus companheiros. Em certo momento de desespero, cansado de suportar tantos males e dissabores, desprezado de todos, resolveu o infeliz caboclo por fim a sua vida.
Foi que munido de uma machadinha de cortar seringa e de uma tigela, e sabedor de que leite de assacuzeiro era um veneno terrível, próprio a lhe dar morte instantânea, o pobre lazaro golpeou uma das grandes árvores que abundam naquelas paragens, a apanhou certa quantidade do látex na dita vasilha e, depois de misturar com água , ingeriu-o sofregamente.
Passadas algumas horas caiu ele desfalecido; só vindo recobrar os sentidos no dia seguinte quando seus companheiros o foram encontrar atirado ao solo, dentro de sua tosca barraca, em estado que parecia de coma, tendo a seu lado a referida vasilha ainda com um pouco de leite de assacú. Julgado morto tal é a propriedade letal que sabiam do assacú. Qual, porém não foi o espanto de todos, quando pouco depois o suposto morto lhe contou toda e estória, lamentando-se de não ter sortido o efeito desejado do tóxico. Assim dizia ele, nunca mais o tornaria a tomar.
Alguns dias depois, os seus companheiros notavam, com surpresa, que a epiderme do infeliz que era toda cheia de feridas quase em decomposição, começava agora a secar. Para cortar o efeito corrosivo do assacú, davam-lhe de comer jacaré de moquém, cosido ou assado, e o caldo para tomar como água, durante muito tempo.
A conselho de alguns “curandeiros” tomava ele, em pequenas doses, com água, o rústico ingrediente, continuando com a mesma dieta, isto é, a alimentar-se de jacaré, por muito tempo, até que ficou completamente curado.
Caso idêntico deu-se com um magistrado do Piauí que, sendo atacado pelo mal de Lazaro, a conselho de um natural da povoação de Anamã, Estado do Amazonas, onde ele se achava, curou-se com o leite de assacú, que tomava em pequenas doses com água, e alimentando-se somente de jacaré por espaço de um ano.
O assacú é a Hura crepitans, dos botânicos, pertencente a família das euphobiaceas. Serve aos índios para envenenarem suas flechas.

Bibliografia: Chácaras e Quintais- outubro de 1920

domingo, 8 de abril de 2012

O Sapé. Imperata brasiliensis, Trinius

Capim Sapé jovem.

Ninguém certamente desconhece o Sapé, pelo menos aqueles que habitam o interior do país, ou por ai tenham viajado com alguma instrução ou com interesse; dentre os lavradores e criadores de uma grande parte do Brasil, é ele muito conhecido , mal visto e considerado “praga” e como tal combatido.
O Sapé planta modesta que vegeta nos terrenos de terceira qualidade , depois de esgotada a capoeira, pertence á grande família das gramíneas e foi designado por Prinius com o nome pomposo de Imperata brasiliensis, o qual ainda acarreta algumas sinomias como Imperata Sapé, Anderson; Sacharum Sapé St. Hil;
Nos terrenos onde vegeta o Sapé, raros são os elementos dominantes; acompanhando geralmente o “Sangue de Drago”, o “Mongolo”, o “Andá Assú”, a “Agoniada”, o “Cipó Timbó”, etc. indício seguro de terreno pobre e esgotado, classificado abaixo do solo de terceira qualidade; neste terreno, o milho rende pouco e assim mesmo, com a condição de ser plantado muito cedo.
O Sapé é uma das plantas mais comuns do Brasil, ocupando grandes extensões, quer de morros, vargeados ou vargens secas, ele é nativo ma maioria dos estados brasileiros, Rio de Janeiro, E. Santo, Bahia, Minas e S. Paulo, Goias, Alagoas, etc.
Do seu rizoma que é comprido, nodosos, mais ou menos grossos, partem vários colmos de 30 a 80 cms de altura, formado pela sua reunião pequenas socas ou touceiras; eles são lisos, com as folhas invaginantes, lineares, lanceoladas, pontudas de 15-40cm de comprimento sobre 5 a 12cm de largura; inflorescência em panículas reunidas em forma de espigas, de 8-15cms, de alt. Com as espiguetas de 4mm de comprimento, tendo envoltório de cor cinzenta prateada ( Hist. Das Plantas Med. E Úteis do Brasil, 551. Th Peckolt e G.Peckolt.)
Não floresce no inverno ou no verão, mas quando queimado, brota e logo floresce, dando ao longe uma bela impressão de uma vasta plumagem ao Léo do vento. A flor é um cacho constituído por pequenas espigas reunidas, que se desprendem e voam, espalhando as suas sementes por todos os recentos.
O seu aspecto quando novo é agradável, devido ao belo verde de suas folhas novas, mas, quando adulto ele perde lentamente a sua bela cor, cedendo lugar ao amarelo avermelhado de suas folhas apresentando o aspecto de um vasto lençol de palha.
Ele presta-se ao uso de archotes para iluminar a noite, acender o fogo, ou para “moquear”, sapecar ou pelar porcos depois de mortos, como é comumente usado.
Dentre as suas utilidades, a mais pratica é a de servir para cobrir choupanas (casas de sapé), palhoças, ranchos e para cama de animais.
Das suas folhas, extrai-se celulose que se presta para o fabrico de papel ordinário.
Suas propriedades medicinais, nada deixam a desejar, outros vegetais mais notáveis; o seu rizoma, substitui perfeitamente a raiz de grama como diurético, em cozimento de 30 grs para 500 ml de água, que é fervido até ficar reduzido a 300 ml sendo usado aos cálices de hora em hora. É aconselhado para dissolver os cálculos e areias cozimento e expeli-los, sendo aplicado o cozimento ou o extrato fluido, este na dose de uma colher das de chá, 3 a 4 vezes no dia e o cozimento do modo acima indicado.

Bibliografia: Revista Chácaras e quintais out. de 1910

O Sapé. Imperata brasiliensis, Trinius

Capim Sapé jovem.

Ninguém certamente desconhece o Sapé, pelo menos aqueles que habitam o interior do país, ou por ai tenham viajado com alguma instrução ou com interesse; dentre os lavradores e criadores de uma grande parte do Brasil, é ele muito conhecido , mal visto e considerado “praga” e como tal combatido.
O Sapé planta modesta que vegeta nos terrenos de terceira qualidade , depois de esgotada a capoeira, pertence á grande família das gramíneas e foi designado por Prinius com o nome pomposo de Imperata brasiliensis, o qual ainda acarreta algumas sinomias como Imperata Sapé, Anderson; Sacharum Sapé St. Hil;
Nos terrenos onde vegeta o Sapé, raros são os elementos dominantes; acompanhando geralmente o “Sangue de Drago”, o “Mongolo”, o “Andá Assú”, a “Agoniada”, o “Cipó Timbó”, etc. indício seguro de terreno pobre e esgotado, classificado abaixo do solo de terceira qualidade; neste terreno, o milho rende pouco e assim mesmo, com a condição de ser plantado muito cedo.
O Sapé é uma das plantas mais comuns do Brasil, ocupando grandes extensões, quer de morros, vargeados ou vargens secas, ele é nativo ma maioria dos estados brasileiros, Rio de Janeiro, E. Santo, Bahia, Minas e S. Paulo, Goias, Alagoas, etc.
Do seu rizoma que é comprido, nodosos, mais ou menos grossos, partem vários colmos de 30 a 80 cms de altura, formado pela sua reunião pequenas socas ou touceiras; eles são lisos, com as folhas invaginantes, lineares, lanceoladas, pontudas de 15-40cm de comprimento sobre 5 a 12cm de largura; inflorescência em panículas reunidas em forma de espigas, de 8-15cms, de alt. Com as espiguetas de 4mm de comprimento, tendo envoltório de cor cinzenta prateada ( Hist. Das Plantas Med. E Úteis do Brasil, 551. Th Peckolt e G.Peckolt.)
Não floresce no inverno ou no verão, mas quando queimado, brota e logo floresce, dando ao longe uma bela impressão de uma vasta plumagem ao Léo do vento. A flor é um cacho constituído por pequenas espigas reunidas, que se desprendem e voam, espalhando as suas sementes por todos os recentos.
O seu aspecto quando novo é agradável, devido ao belo verde de suas folhas novas, mas, quando adulto ele perde lentamente a sua bela cor, cedendo lugar ao amarelo avermelhado de suas folhas apresentando o aspecto de um vasto lençol de palha.
Ele presta-se ao uso de archotes para iluminar a noite, acender o fogo, ou para “moquear”, sapecar ou pelar porcos depois de mortos, como é comumente usado.
Dentre as suas utilidades, a mais pratica é a de servir para cobrir choupanas (casas de sapé), palhoças, ranchos e para cama de animais.
Das suas folhas, extrai-se celulose que se presta para o fabrico de papel ordinário.
Suas propriedades medicinais, nada deixam a desejar, outros vegetais mais notáveis; o seu rizoma, substitui perfeitamente a raiz de grama como diurético, em cozimento de 30 grs para 500 ml de água, que é fervido até ficar reduzido a 300 ml sendo usado aos cálices de hora em hora. É aconselhado para dissolver os cálculos e areias cozimento e expeli-los, sendo aplicado o cozimento ou o extrato fluido, este na dose de uma colher das de chá, 3 a 4 vezes no dia e o cozimento do modo acima indicado.

Bibliografia: Revista Chácaras e quintais out. de 1910

domingo, 1 de abril de 2012

Qual a serventia do Cipó?

Um ou outro tem nas mãos do curandeiro ou mesmo no laboratório farmacêutico profissional préstimo terapêutico, muitos, mormente os mais delgados substituem ao mateiro vantajosamente o prego, o laço e a dobradiça.
Cipó Medicinal


Minas pode também gabar-se de possuir algumas pontes feitas magistralmente mediante o aludido material, uma feita magistralmente mediante o aludido material, uma das quais até mais de 20 metros de vão e desafiando quantas enchentes transcorreu o ribeirão transposto; mas nestes préstimos limitou-se a aplicabilidade dos cipós e, mormente os mais grossos ficam desaproveitados, querendo-se omitir a esporádica procura de uns poucos segmentos pela “arte” de paisagistas mais ou menos rudimentares. Entretanto afigura-se-me que a guerra devia ter trazido algum impulso ao aproveitamento destes vegetais, pois como nenhum outro material prestam-se convenientemente preparados, á confecção de massas para embalagens, substituindo com vantagem as estrias de madeira de conhecidíssimo feitio.
O processo de aproveitamento afigura-se em como segue: corta o cipó desligado da árvore em pedaços de ¾ até 1,0metro e depois esmaga-lo por meio de cilindors conjugados como são usados para exploração da cana, ou melhor ainda por meio de um terno de cilindros dos quais os dois de baixo tem os eixos paralelos e no mesmo plano, ao passo que o terceiro cilindro, o de cima, tem seu eixo obliquo sobre os outros no plano horizontal entroncado com um dos outros cilindros por meio de rodas cônicas. Desta forma efetua-se juntamente com o esmagamento, e ao lado da dissolução de continuidade das fibras longitudinal da um deslocamento lateral das camadas superficiais da massa (analogamente ao que acontece no processo conhecido do fabrico dos tubos sistema manesmmann), formando-se um como que lençol de densidade bem apreciável. O que destas manipulações resta fazer, é proceder às lavagens em água abundante e corrente, e secar a massa. Ignoro por completo se o tema já tenha merecido a cogitação de quem transporta com embalagens de madeira; o que entretanto sei é que uma instalação mui pequena em minha oficina mecânica deu-me resultados experimentais animadores; lembro-se também que uma casa estrangeira do sul do país mostrou-me em 1917, interesse por essa minha ideia de aproveitamento, não se dando entretanto a evolução que seria de se desejar em face aos acontecimentos internacionais. O que me parece digno de nota é que maquinas embalada no referido material, embora bem expostas á água do mar, não adquirem senão uma camada muito tênue de ferrugem.
Bibliografia:
Chácaras e Quintais maio 1919 pág 368 Dr. Fred W. Freise