sábado, 27 de dezembro de 2014

História da farmácia na idade média

É principalmente aos árabes que nós devemos os progressos na farmácia e na medicina realizados durante o primeiro período medieval. Os árabes são credores da nossa gratidão pelo desenvolvimento que deram a alquimia, isto é a pesquisa de um método de transmutar em ouro os metais de pouco valor. A alquimia incluía também a procura do elixir da vida e da panaceia universal – remédio que curaria todas as doenças. As investigações da natureza, às quais algumas figuras notáveis como, por exemplo, Lully (1255-1325), dedicaram uma grande parte de suas vidas foi sobre tudo de valor porque por meio delas se fez o progresso da química.
Os farmacêuticos árabes eram chamados sandalini: os seus “stoks” eram regularmente inspecionados e punidos aqueles que fossem culpados de vender drogas espúrias e deterioradas. Os efeitos da química e farmácia árabe se fizeram sentir durante séculos e influenciaram e estimularam a feitura de muitas farmacopeias da idade média.
O papel também desempenhado pelos mosteiros durante este período foi importante. Entre outras coisas, a tradução e particularmente a copia de manuscritos feito pelos monges era a única maneira de aumentar o número de exemplares de livros, não estando ainda inventada a prensa. Também, os jardins monásticos serviam para conservar vivas as ervas e os simples usados na medicina e farmácia assim como o conhecimento das suas “virtudes”. Provavelmente foram estes mesmos jardins as fontes de muitos espécimes botânicos desenhados e descritos nos maravilhosos herbários dos século XVI e XVII.
Nos século XI e XII houve um gradual renascimento intelectual, uma previsão da Renascença. Um importante fator neste renascimento foi sem dúvida a fundação das grandes universidades, Paris, 1110; Cambridge, 1200, Padua, 1222 e Nápoles 1224. Em todas estas universidades a farmácia era considerada como parte do curso de medicina.
Digno de nota na história da farmácia foi o édito de Frederico II da Sicilia (1224) que regulamentava tanto a prática da medicina como a da farmácia. Ele refere-se a apotheca como um depósito onde eram armazenadas as drogas ( a palavra “boticário” começou a ser usada por volta desta época), ao que compõe as drogas como o confectionarius, revivendo um velho termo romano, e ao vendedor de drogas como stationarius.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmount – Resumo da História das Plantas Medicinais.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Os rizotomos da antiga Grécia eram os raizeiros dos dias atuais.

Na antiga Grécia havia uma corporação especial de homens chamados rizotomos, que literalmente significa cortadores de raízes, cuja ocupação era colher, preparar e vender as raízes das plantas medicinais. Os botânicos dos tempos antigos, tais como Teofrastro e Dioscorides, não concluíam a descrição (de uma planta) sem nos dizer a que eram
Rizotomos eram especialistas em raízes.
semelhantes as partes subterrâneas, se fibrosas ou carnosas, tuberosa ou bulbosas, e do mesmo modo as suas propriedades, isto é as suas virtudes ou valor medicinal. Porque este cuidado particular com as raízes? É sabido de todos que não somente as raízes mas também os rizomas ou caules subterrâneos e os tubérculos de muitas plantas servem de reservatório para os alimentos de reserva da planta. Ora, juntamente com este armazenamento de alimentos parece ser também depositada nestes órgãos subterrâneos uma grande quantidade de certas substâncias orgânicas ou compostos característicos da espécie de planta. Por exemplo, as raízes de sassafrás e alcaçuz fornecem as substâncias orgânicas particulares características destas plantas em grandes quantidades embora essas substâncias se encontrem em menor grau em outras partes da planta. Esta concentração de substâncias orgânicas importantes nas raízes foi reconhecida logo no princípio da história da humanidade. Daí a formação da corporação dos rizotomos.
Os Ptolomeus reais de Alexandria (307-221 A.C) muito fizeram para incrementar a medicina. Entre outras coisas eles animaram a dissecação do corpo humano, até então proibida por lei. Assim os corpos dos criminosos condenados eram entregues aos “cirurgiões” e muito se aprendeu a respeito da localização e aspecto dos órgãos internos. Infelizmente as suas funções não tinham sido ainda compreendidas ainda naqueles tempos.
Em quanto os romanos eram peritos em organização política e nas artes de escrever e falar, o progresso científico da medicina durante o período romano foi quase nulo. Esta foi a época de Galeno (Claudius Galenus, 130 D.C) outro alexandrino cujas ideias a respeito da medicina foram adotadas, durante muitos séculos.
De fato, ainda em 1560 um certo “Dr Geynes não foi admitido no Colégio de Médicos e Cirurgiões em Londres antes de ter assinado a retratação de seu erro de ter impugnado a infalibilidade de Galeno. A dissecação do corpo humano sendo novamente proibida, Galeno tinha de formar as suas opiniões por meio da dissecação dos animais. Uma das suas ideias era que a doença e a saúde dependem das proporções relativas entre sólidos e líquidos do corpo.
Durante este período o uso de terras ou argilas especiais para fins farmacêuticos tornou-se comum. Uma destas argilas era obtida de um poço na ilha de Lemmos, que só podia ser aberto a certa hora de um dia especial do ano, e então apenas com o acompanhamento de certos ritos religiosos.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmount – Resumo da História das Plantas Medicinais.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

História antiga da farmácia


O papiro de Ebers, um dos documentos mais antigos e mais importantes da história da farmácia, dada de cerca de 1550 A.C., e foi achado entre os joelhos de uma múmia  antiga na cidade de Luxor, a cidade dos mortos, do outro lado do Nilo em frente a Tebas. Existem outros papiros de data anterior a este, porém não contém a quantidade de informações. Varias receitas médicas, presentemente no museu britânico, diz-se que datam do tempo de Qeops, cerca de 3700 A.C. A chave para a tradução do papiro de Ebers foi fornecida pela pedra de Rosetta, um pedaço de antigo basalto, achado nos princípios do século XIX em Rosetta, no delta do Nilo. A inscrição nesta pedra estava feita em três grupos de caracteres, sendo um grego, outro a escrita comum do povo (demostica) e o terceiro os hierogrifos ou ideogramas usados pelos sacerdotes. O papiro de Ebers incluía entre outro material mais de 700 receitas, nas quais são mencionadas as mais variadas drogas, tais como: vinagre, terebintina, figos, óleo de rícino, mirra, incenso, absinto, aloes, ópio, cuminhos, hortelã, pimenta, cassia, coentros, alcaravia, aniz, funcho, açafrão, flores de lótus, linhaça. Bagas de junipero, hiosciamus, mandrágora, papoulas, gentiana, colchico, cila, cedro, bagas de sabugueiro, mel, uvas, cebola e as flores da tamareira.
Aproximadamente (2700 AC), Shen Nung, Imperador chinês, iniciou um profundo estudo dos efeitos terapêuticos de centenas de ervas (em torno de 365), algumas experimentadas nele próprio, sendo ele o autor do primeiro Pen Tsao, onde descreve propriedades de inúmeras plantas como o ginseng, a cânfora e a E Ma Huang, a base da efedrina. O Pen Tsao teve participação de diferentes autores, que foram agregando modificações à obra inicial, e por isso são atribuídas ao livro diversas autorias.  A sua importância relaciona-se à minuciosa classificação de cada planta: nome, habitat, preparação, toxicidade, etc. Muitas das centenas de plantas descritas nele, ainda são utilizadas na China de hoje. O mais importante manual clínico de Medicina Tradicional Chinesa é o Shang Hang Lun, escrito por Chang Chung Ching (142-220). O Shang Hang Lun torna-se a origem histórica das famosas fórmulas herbárias clássicas, tornando-se a base do herbalismo Chino-Japonês e Chinês, o Kampo. 
O período Greco-Alexandrino é o mais antigo da história da farmácia e tem suas raízes na mitologia helênica. Esculápio, cujo nome foi imortalizado pelos botânicos em Asclepias, nome botânico de uma planta, era filho de Apolo e discípulo de Chiron, que foi chamado o primeiro mestre da farmácia.
Esculapio levava tão longe o seu poder de cura que restituía os mortos à vida, incorrendo assim no desagrado de Jupiter, que o fulminou com um raio. Porém diz-se que Esculapio tinha uma grande família em que Higela representava a saúde e Penacéa a medicina.
Hipocrates, nascido na ilha de Cos, 460 A.C. é em geral considerado como o pai da medicina grega. Uma das suas principais contribuições foi separar a medicina  da superstição que a tinha envolvido até aquela época. Mesmo no seu tempo a medicina estava dividida em três escolas: 1º baseada na ação dos remédios; 2º baseada na dieta e a 3º em manipulações físicas. Hipocrates foi um agudo observador, pensador arguto e um escritor conciso. Uma das suas sentenças sabias era: “A vida é curta, a oportunidade fugaz, o julgamento difícil, o tratamento fácil, porém o tratamento depois do pensamento é próprio e profícuo”.


Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmount – Resumo da História das Plantas Medicinais.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Explicando a origem da palavra Droga

Segundo Schmidt a palavra droga é provavelmente derivada do árabe dowâ que significa remédio, de onde foi transferida sob a forma doga ou droga, para o romântico e mais tarde para as línguas germânicas. La Wall porém afirma que a palavra é provavelmente de origem teutônica, derivada da palavra raiz “drogue” significando “uma erva seca”. O dicionário de Webster explica que o baixo alemão droge vate se aplica a vasilhas secas, artigos encaixotados, em que a palavra “droge” foi erradamente tomada para significar o conteúdo. A palavra pereceria estar relacionada com o alemão trocken que significa seco. Segundo o dicionário da língua francesa de Hatzfeld e Darmesteter a palavra drogue data do século XVI. A origem holandesa, da palavra droog (qualquer coisa seca) é posta em dúvida por alguns etimologistas, segundo Hatzfeld e Darmesteter.
A palavra droguista, aplicada ao vendedor de drogas n~]ao teve uso geral antes do século XVI. Na Inglaterra não há “drug stores”. O “Chemist’s shop” representa ali o “drug stores” americano. Na França é a pharmacie, ou apothicairerie. O titulo droguista é ali usado apenas para designar o vendedor de ervas secas.
É digno de nota a palavra “drug” muitas vezes significa uma substância venenosa.
A razão evidentemente é de que algumas drogas são violentos venenos, como por exemplo, estricnina, acônito, morfina, cocaína. Contudo há muitas outras que são suaves e agradáveis e não tem qualidades tóxicas, por exemplo, alcaçuz, alecrim, alfazemas, sassafrás. Algumas destas são drogas valiosas por que o seu cheiro ou sabor agradáveis são utilizados para mascarar o gosto desagradável de outras drogas. O leigo não pensaria em chamar droga às pétalas de rosas, e, contudo a água de rosas, destilada das flores frescas da Rosa centifólia é reconhecida na medicina como um agradável veículo para disfarçar o gosto e odor das drogas desagradáveis.
A palavra grega para droga é pharmakon. Daí nos tiramos farmacêutico e farmácia (isto é a arte de preparar remédios; e também o estabelecimento); farmacognosia (de pharmakon + gnosis, saber) a ciência do reconhecimento das drogas; o adjetivo farmacêutico (significando o que pertence à farmácia, do grego pharmakeus ou pharmakeutes, droguista) e farmacopeia (do grego pharmakon + poiein, fazer), um livro, geralmente oficial, contendo uma coleção de receitas ou formulas para a preparação de medicamentos.


Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmout – Plantas na Medicina.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Muirapuama

Sinomia: Marapuama
Etimologia da palavra: A palavra Muirapuama vem de Muira (ou Muyra) que significa lenho de árvore e puama, forte, potente. Segundo outros Muyra ou melhor Puyra) significa colar e apuam ou puam, arredondado ou esférico, este talvez originado da forma dos frutos da planta, que, é provável, seriam de adorno para a nossas índias.
Nome científico: Muirapuama é de fato uma Olacacea, mas não a Dulaci Ovata.
Muirapuama é uma árvore de ramos alternos, delgados, cilíndricos, glabros; os ramos mais novos são sub-angulosos, levemente sulcados longitudinalmente e em geral um tanto flexuosos.
Folhas alternas, oblongo-elipticas, longa e estreitamente acuminadas, um tanto obtusas, de base aguda, verde-escuras na página superior e mais claras na inferior, de 9 a 11cm de comprimento por 2,5 a 3 cm de largura, sub-coriaceas quando adultas, glabras, a nervura, mediana e levemente sulcada na face superior e mais claras na parte inferior, de 9 a 11 cm de comprimento por 2,5 a 3 cm de largura, sub coriáceas quando adultas, glabras, a nervura mediana é levemente sulcada na face superior e bastante saliente na inferior; as nervuras secundarias partem quase horizontalmente da mediana, arqueando-se próximo à margem, onde aparece fina trama, muito pouco saliente, margens integérrimas, revolutas, sub-cilindrico,  caniculado.
Droga: A parte empregada da  Muirapuama é a raiz das plantas novas. Disse-nos o Dr Ducke, botânico do Instituto Emilio Goeldi, que os ervanários amazonenses só colhem a raiz das plantas novas por suporem que as árvores adultas, de aspecto um tanto diferente, não sejam da mesma espécie vegetal.
Como o alcaloide, Muirapuama, quase que só existe na casca, seria talvez mais logico empregar as cascas árvores adultas, o que evitaria o sacrifício dos exemplares novos com a retirada das raízes. Somente um exame químico dessas cascas poderia resolver de vez essa questão.
A droga comercial é constituída de raízes e restos da base do caule.
Seu cheiro é fraco e seu sabor levemente amargo e adstringente.
A muirapuamina existe quase que exclusivamente na casca; o lenho da raiz pulverizado encerra apenas traços desse alcaloide, segundo pesquisa. Seria por tanto mais razoável que se usasse apenas as cascas do caule e ramos de árvores adultas, evitando-se assim o sacrifício inútil dos exemplares novos, com a poda das raízes, tornando a droga muito mais ativa.
Propriedades terapêuticas: É droga útil no tratamento das doenças do sistema nervoso.
Dá resultado comprovado nas astenias gastro-intestinais e circulatórias, na atonia da ovulação e na impotência genisica.
Deu bom resultado também na  afrodisíaca, neurastenia, ataxia locomotriz, nas nevralgias antigas, no reumatismo crônico, nas paralisias parciais, esta planta  dá resultados duráveis.
Externamente se emprega  a tintura em fricção  contra reumatismo e a paralisia.
Bibliografia: Revista de Medicina e Farmácia de 1925 – Rodolpho Albino Dias da Silva.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Saião

Sinônimos:
Saião
Folha da fortuna, folha da costa, erva da costa, folha grossa, orelha de mnge.
Propriedades terapêuticas: Vulnerária, Resolutiva, Tônica Pulmonar.
Indicações: Aftas, úlceras, feridas, queimaduras, picadas de insetos, abscessos, verrugas, calos.
Uso externo: suco de folhas aplicação tópica.
Afecções pulmonares: (tosse, tuberculose, etc) ingurgitamento linfáticos, edemas erisipelatosos das pernas, cálculos renais.
Uso interno: a) chá por infusão, dosagem normal;
                        b) suco das folhas frescas, dosagem normal.
Obs: O suco fresco, tomado 1 vez por dia, é muito útil contra as afecções dos pulmões, fortalecendo-os.
Habitat/Cultivo: Planta brasileira, comum de a Bahia até São Paulo, preferindo a zona litorânea.
- Multiplica-se através do enraizamento de pedaços do caule e das folhas, que emitem grande número de brotos. Gosta de lugares úmidos, sombreados, crescendo melhor sobre detritos vegetais em decomposição.
Observação:
O saião é muito semelhante a outra planta, chamada também de folha  da fortuna; esta porém, de folhas mais arredondadas e ovaladas (Bryophilum calycinum), possuindo basicamente as mesma propriedades terapêuticas.


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Ascensão e queda da indústria farmacêutica brasileira

A indústria farmacêutica brasileira de fitoterápicos teve seu início, como indústria, no começo do século XX. Esta jovem indústria, construída por uns poucos empresários farmacêuticos, conseguiu sobreviver os primeiros trinta anos daquele século. Pós a primeira guerra e a entrada da indústria farmacêutica europeia e americana começaram a dificultar o desenvolvimento da nossa indústria que sem o menor incentivo morreu sem mesmo amadurecer.
Publicações como a Revista da Flora Medicina, onde por mais de décadas editaram-se trabalhos de botânica e terapêutica fitoterápica, não resistiram a entrada da indústria farmacêutica estrangeira.
Atualmente com a renovação do interesse popular, podemos citar o laboratório Klein do Rio Grande do Sul e a Farmaervas de São Paulo, ambos possuidores de diversas tinturas com aplicação em algumas dezenas de entidades nosológicas.


O ponto fundamental para a aplicação da fitoterapia em nosso país reside na escolha da qual atitude terapêutica deve ser tomada para a aplicação da planta medicinal. Muitos defendem que devemos procurar isolar princípios ativos existente nas plantas e que este princípio é que deve ser utilizado. Outros defendem que a planta deve ser dada como um todo, baseando-se em alguns fatos bem nítidos para abraçarem tal idéia, os quais sejam:
A)   Um grande número de plantas comporta-se de maneira inteiramente não convencional, não apresentando nenhum princípio farmacodinâmico demonstrável farmacologicamente e no entanto o resultado da interação dos seus diversos componentes resulta efetiva. O melhor exemplo disto é a alcachofra que quando isolado seus componentes, estes apresentam-se inativos na sua maioria, ao passo que quanto mais complexas as misturas experimentadas em ratos, maior é a atividade. Assim, demonstrou-se o surgimento de novas propriedades mediante a adição de substancias que isoladamente são ineficazes.
B)   Nem sempre as plantas em que se tem isolado substâncias ativas definidas, com efeitos fisológicos próprios, resumem estes os efeitos terapêuticos delas. Assim,  comporta-se por exemplo o guaraná, cujo alcaloide não resume em si o mesmo efeito da planta integral.
C)   As plantas que possuem vários alcaloides ou princípios ativos, alguns de ação fisiológicas contrária à de outros, têm no entanto, quando empregadas in natura, a mesma ação fisiológica ou terapêutica constante, como se fossem agente único. São os casos do ópío, da quina, da ipeca.
Todos estes fatos inegáveis levam a reconhecer que a biogenia, que atua nas plantas mediante a assimilação de moléculas simples em sistemas vegetais.infinitamente mais complexos, oferece possibilidades que vão muito além das qualquer fábrica química moderna. As plantas medicinais atuam por meio de complexos de substâncias biológicas, sendo que muitas das substâncias ditas  inativas, agem retardando ou acelerando a absorção das substâncias ativas pelos tecidos, além de possivelmente antagonizarem prováveis efeitos colaterais indesejáveis, como também agirem na bio-sintese das proteínas, estimulando a síntese de anticorpos reforçando as imunidades orgânicas.

Bibliografia: Anais do Congresso Nacional sobre Essências Nativas – Edison S. Neves- setembro de 1982


domingo, 26 de outubro de 2014

Medicamentos famosos derivados de Plantas Medicinais

Quinino: Alcaloide obtido de Chichona officinalis, árvore da família das Rubiáceas. A História da utilização da casca de Quina inicia-se  em 1630  quando a esposa do conde de Chinchón adoeceu de malária e o corregedor real da cidade de Lojá, no Equador, sabedor da utilização pelos  nativos da casca desta árvore ofereceu a condessa, que ao utilizá-la restabeleceu-se. Quando do seu retorno a Europa a paciente levou uma determinada quantidade, que logo passou a ser conhecida como “pó da condessa”, sendo depois conhecido como “pó dos jesuítas”, devido a estes terem comercializado a córtex da árvore por toda a Europa. Ainda hoje, apesar da síntese de substâncias antimaláricas de certa eficiência, principalmente após a guerra do Vietnam, continua sendo o medicamento de eleição em casos graves de malária por Plasmodium falciparum.
 Com certeza o medicamento mais vendido em todo o mundo tem a história de sua origem iniciada no século XVIII. Pode-se dizer que é o melhor exemplo de estreita relação que existe entre as plantas medicinais e a farmacologia moderna. A aspirina teve sua origem na casca do Salgueiro, árvore do gênero Salix, que cresce a beira d’água para onde desenvolve as suas raízes. Segundo a teoria das assinaturas, isto era indício evidente que o Salgueiro apresentaria resistência a resfriados e gripes, sendo então utilizado para combater os mesmos. Interessante é descrever esta teoria que representa uma época de pré-conhecimento científico. Segundo a mesma, cada planta levaria um sinal indicando as suas propriedades; assim as plantas carnudas deveriam desenvolver a carne humana; o látex amarelado da Chelidônia indicaria a sua utilidade na icterícia. Parece-nos atualmente uma insensatez, mas muitas substâncias utilizadas na nossa atual terapêutica tiveram um “ancestral” descoberto tendo por base esta teoria, e a aspirina é um dos melhores exemplos. Aconteceu então que em 1829, o francês Leroux conseguiu extrair da casca do Salgueiro uma substância que denominou salicínia (do nome latino do gênero da árvore).Logo depois um farmacêutico suíço chamado Paigensttcher destilou flores e plantas, a rainha dos prado planta do gênero Spiraea, que também gostava de ter os “pés” molhados, obtendo uma substância muito semelhante a salicina, o salicinato de metilo. Finalizando na Alemanha onde foi sintetizado o ácido salicílico que produziu um derivado o ácido acetilsalicílico, que nada mais é que o nome da aspirina, cuja sílaba spir lembra sua origem vegetal de rainha dos prados.
Reserpina: Alcalóide da Rauwolfia serpentina, além de ser universalmente utilizada como anti-hipertensivo, produziu por derivação diversas substâncias tranquilizantes, constituindo-se num fármaco da maior importância para a farmacologia moderna.

Digital: No século XIX as curandeiras mineiras utilizavam para a barriga d’água o chá de Dedaleira, isto era então motivo de chacota dos médicos da época, hoje sabemos que a quantidade de digitoxicos naquela planta justificava plenamente aquela prática da medicina tradicional, exemplificando a necessidade relevante de não desprezarmos a memória popular, injustamente relegada a um plano inferior, pela excessiva arrogância da ciência moderna, esquecida de suas origens humildes. Sabemos suficientemente o que significa uma civilização desprezar o seu passado, a história é pródiga de exemplos iguais de decadência.


Bibliografia: Anais do Congresso Nacional sobre Essências Nativas – Edison S. Neves- setembro de 1982

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A Medicina Tradicional dos povos deve ser prestigiada para que a saúde chegue para todos

Com o advento da Conferência Internacional Sobre Cuidados Primários da Saúde realizada em Alma-Ata em 1978, a OMS (Organização Mundial da Saúde) estabeleceu importantes diretrizes para atingir o objetivo de estender a cobertura de saúde no ano 2000 a todos os povos da terra. Para isto, considerou-se de extrema necessidade que os Serviços de Saúde nos países de terceiro mundo prestigiassem a chamada medicina tradicional em todos os seus segmentos. Hoje, na União Soviética, a Seção Siberiana da Academia de Ciências criou um departamento especial para testar em Laboratório Experimental, os compostos biologicamente ativos da farmacopeia tibetana. Na Índia, a medicina
Vitex negundo Var. Cannabifolia
“Ayurvédica”, terapêutica tradicional a base de plantas cuidadosamente selecionadas mediante uma teoria bastante elaborada, que selecione as plantas pelo sabor e propriedades térmicas, está em pleno processo de renascimento; interessante é que os curandeiros “ayuvédicos” levam em consideração a totalidade da mente e do corpo, não fragmentados em peças estanques e independentes, adiantaram-se assim em alguns milênios, pelo menos nesta parte, em relação a medicina ocidental só recentemente psicosomatizada, na visualização dpo homem como um todo. Na África, o estudo dos extratos de plantas medicinais é o campo de pesquisa preferido dos especialistas africanos em química orgânica. No México, o instituto Mexicano de Plantas Medicinais, o IMEPLAM, realiza trabalho de grande alcance social, procurando recolher, testar e desenvolver a população convenientemente estudada as espécies utilizadas na medicina tradicional.

Não podemos deixar de destacar o trabalho impar da China, que nos últimos 30 anos busca reunir, para uma melhor condição de saúde do seu povo os sistema tradicionais e ocidental, buscando “peneirar” em ambos, os prós e os contras que possuem, os serviços de saúde pública chineses estão hoje atendendo grande parte da população com fórmulas milenares desenvolvendo pesquisas aprofundadas para produzir-se mais medicamentos a base de plantas medicinais, estando hoje catalogadas mais de 5 mil ervas medicinais, direcionando-se a pesquisa tanto para o combate às doenças agudas como crônicas. Exemplos interessantes ilustrativo dessa preocupação são a malária e a bronquite crônica; a primeira está sendo combatida por uma substância extraída do absinto, planta que antigos registros chineses apontavam como já utilizada no combate a esta endemia há mais de mil anos. O novo medicamento o – Ching Hao Su- tem a sua estrutura química cristalina totalmente diferente da dos medicamentos contra a malária, propiciando uma reescalada na pesquisa fármaco-química de possíveis substâncias eficazes contra esta endemia, fonte de preocupação constante dos serviços de saúde de boa parte do mundo.
Quanto a bronquite-crônica, que atinge três a cinco por cento das populações de certas regiões do norte da China, o governo chinês enviou diversas expedições médicas que coletaram milhares de informações e reuniram cem medicamentos eficazes, entre eles uma planta chamada “muching”, que com outras nove vem sendo introduzida em todo o país. Segundo relatórios clínicos dos últimos anos, o “muching” (Vitex negundo Var. Cannabifolia) mostrou-se extremamente eficaz no tratamento de 60 por cento dos dois mil pacientes com bronquite crônica testados. Os testes em laboratório provam que o catarro é eliminado por esta erva, que estimula as reações do organismo, ativa as funções adrenocorticais e possui propriedades antialérgicas e sedativas. Outro exemplo é o da erva medicinal chinesa Salvia Miltiorrhiza que está sendo utilizada no tratamento de doenças das coronárias. Este medicamento já era conhecido na Antiguidade chinesa, por sua eficácia na ativação da circulação sanguínea. Tal erva foi então transformada em soluções injetáveis para o tratamento da angina pectoris, e se mostrou eficaz em 87% dos casos. 

Bibliografia: Anais do Congresso Nacional sobre Essências Nativas – Edison S. Neves- setembro de 1982

domingo, 28 de setembro de 2014

Plantas Medicinais da Antiguidade aos tempos Modernos

A utilização de plantas medicinais na saúde pública confunde-se com o próprio alvorecer da civilização, revestindo-se de extremo interesse para a real compreensão da situação atual o acompanhamento dos passos que foram dados rumo a terapêutica hoje utilizada oficialmente.
Sumêrios
Os sumérios utilizavam receitas com base em ervas, receitas estas que se encontram escritas em uma tabuinha sumeriana do terceiro milênio antes da nossa era, conhecida como o mais antigo tratado de medicina do mundo. Os egípcios já conheciam os sedativos, e um tartado de medicina feito em Tebas por volta de 1600 a.C , traz um inventário de setecentas plantas de uso medicinal.
Os chineses há 5000 anos já utilizavam a Ephedra, planta de onde extrai-se atualmente a efedrina utilizada no tratamento da asma e bronquite, os gregos com Hipócrates, Galeno e Teofrasto, os romanos com Dioscórides, os árabes com Avicenão dão às plantas medicinais uma dignidade própria e reconhecem a sua eficácia fora das práticas religiosas ou mágicas. Com o advento da Idade Média e pelo obscurantismo reinante, a fitoterapia é substituída por uma série de fórmulas obscuras como a teriaga, mistura de 50 substâncias das mais esdruxulas e asquerosas, assim como também os sangrias, que valem comentários jocoso de historiador de época, comentando que mais se derramou sangue em Paris durante um ano do que em todas as guerras.
Egipcios
A descoberta das Américas, entretanto, com a introdução de diversos medicamentos a base vegetal, destacando-se dentre todos a Quina (Chinchona officinalis), faz ressurgir o interesse pelo reino vegetal como fonte terapêutica, ocupando importante papel para este renascimento a matéria médica utilizada pelos brasis, detalhado no livro “De Medicina Brasiliensis” escrito por Guilherme Piso, médico naturalista, que aqui veio na expedição organizada por Mauricio de Nassau quando da invasão holandesa.
Com a evolução da química, a partir do século XIX, a forma de utilização das plantas medicinais modifica-se; do uso terapêutico das plantas ou de seus preparados, passa-se a utilizar as moléculas ativas contidas nelas, chegando-se a reproduzir artificialmente a substância ativa isolada, relegando-se em consequência ao esquecimento as plantas por não serem mais necessárias a fabricação das substâncias que a contêm. A química inspira-se na estrutura dessas substâncias naturais para sintetizar outras estruturas parecidas, e a partir de testes em animais produzir cada vez mais séries de medicamentos sintéticos. É revolução da química como consequente ufanismo de adquirir-se o controle total de todas as entidades nosológicas conhecidas. Com o transcurso dos anos porém, constata-se que não só a excessiva quimioterapia atual encontra-se utilizada como elemento de exploração e consequente dependências econômica, como , e também, dado o seu “quantum” de agressividade apresenta-se como possível fator de geração da espécie humana, já que, grande parte dos medicamentos modernos bloqueiam os mecanismo imunitários. É interessante, para ilustrar este raciocínio citar a referência feita pelo prêmio Nobel de Medicina da relação direta entre a incidência cada vez menor de doenças infectocontagiosa em países industrializados, e a cada vez maior incidência de doenças degenerativas como o Câncer, propiciando o retorno como ponto importantíssimo para a compreensão da etiologia do fenômeno mórbidos de nosso tempo, a relação já conhecida a séculos, do efeito tampão que as doenças exercem nas crônicas.


Bibliografia: Anais do Congresso Nacional sobre Essencias Nativas – Edison S. Neves- setembro de 1982

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Cecropia hololeuca, Miq

Neste gênero acham-se compreendidas as plantas mais conhecidas e vulgarizadas no Brasil. Os vegetais que dele fazem parte se distinguem a primeira vista de todos os outros, não só pelo porte, como pelo aspecto que oferecem pelo que o povo empiricamente os aponta no meio de grande variedade de plantas.
Cecropia hololeuca ; Árvore da preguiça
Algumas das espécies destas plantas que pertencem ao gênero Cecropia podem ser distinguidas de longe, por entre a mata, não só pelo tamanho de suas folhas como pela cor esbranquiçada ou prateada que elas possuem.
Nas matas que circundam as montanhas do Corcovado, da Tijuca, de Jacarepaguá. Nota-se entre a bela e verdejante vegetação um ponto que sobressai a todas as outras plantas, caracterizando por maculas brancas de neve, que ao longe se assemelham a uma reunião de pequenas flores e que põem em dúvida o observador que ainda não se ache bem familiarizado com esses vegetais, se é ou não uma planta em inflorescência.
Caso o observador veja por meio de um binóculo ou que se aproxime da mata, reconhecerá imediatamente que as flores de cor branca não passam de folhas da Imbahiba branca ou do mato.
É uma grande árvore que em geral alcança 30 metros mais ou menos de altura, com o tronco de 40 a 60cm de diâmetro, ereto, cilíndrico, marcado de baixo a cima com anéis muito espaçados, tendo a casca de cor acinzentada e a entrecasca avermelhada; a madeira é mais ou menos dura, seca e amarela esbranquiçada.
As folhas são grandes, profundamente divididas em 6 a 10 lobulos, oblongos-obovados e no ápice arredondados, densamente cobertos de um tomento velutineo, acizento-prateado, praticamente sobre as nervuras; elas são coriáceas longamente pecioladas, com o pecíolo coberto de pelos esbranquiçados.
O limbo destas folhas tem 50-60 centímetros de diâmetro e os lóbulos inferiores 20 a 25 de comprimento sobre 8 a 10 de largura. Os superiores tem 30 a 40 centímetros de comprimento sobre 15 a 18 de largura; a espata que envolve os renovos terminais é grande e acha-se coberta de longos pelos sedosos de cor branca prateada.
Verso da folha de Cecrópia em maio
Os renovos são avermelhados ou de cor carmesim ou então prateados com um lindo brilho metálico. A inflorescência é axilar amentácea, fasciculados, com os receptáculos da grossura de uma pequena banana e revestidos de um cotanilho fino e de cor branca.
Este vegetal é considerado como útil para indicar a qualidade do terreno, visto ser opinião do povo do interior que ele só vegeta em boa terra; é encontrado quase sempre na proximidade dos riachos ou nas partes altas.
A cor branca das folhas é mais intensa no mês de Maio.
As cascas do caule colhidas de vários exemplares que cresciam nas matas do Corcovado e de Jacarepaguá tinham um centímetro, eram duras, lenhosas, com a epiderme de cor cinzenta e a entrecasca vermelha intensa, sem aroma e de sabor fracamente stiptico.
Submetida a vários processos analíticos destilatórios com o fim de pesquisar produtos voláteis, não conseguimos obter nenhum. O principal glicosídeo encontrado chama-se Cecropina é um alcaloide que cristaliza em agulhas microscópicas, transparentes, solúveis na água, mais a quente do que a frio. É muito solúvel em álcool de 36º e no de 40ºC; insolúvel no éter; a solução aquosa possui reação alcalina.
Tratando-se uma pequena quantidade da Cecropina por algumas gotas de ácido sulfúrico concentrado, obtém-se uma coloração purpura que passa ao vermelho sangue, do róseo ao violáceo nos bordos, aos pardacentos descorando-se por fim.
A Cecropina foi extraída das cascas frescas do caule reduzidas a pó grosso e misturadas com elite de cal; a mistura é secada em banho-maria e o resíduo calcário seco é pulverizado e depois esgotado a quente pelo álcool absoluto.
A Ambaina é um glicosídeo que cristaliza em pequenas agulhas prismáticas, transparentes, de sabor ligeiramente picante e acre; Pode ser obtido das cascas frescas. Depois de esgotado o extrato éter sulfúrico, é dissolvido na água destilada e a solução aquosa, depois de filtrada, é evaporada a banho-maria até a secura.
É planta importante no tratamento das leucorréias, nas diarreias e na menstruarão copiosa, o suco é aplicado simples ou misturado com água, as colheres das de sopa de hora em hora.
Nas hemoptises rebeldes é empregado o suco simples as colheres de sopa de meia em meia hora até que cessem.
A massa branca que é encontrada no caule nas proximidades do rebento terminal, é empregada para curativo dos cancros e das úlceras rebeldes.
Frutos de Cecrópia
O cozimento das cascas serve para banhar as úlceras sifilíticas.
Com a ponta de Embaíba, prepara-se pela fervura, com água e açúcar, um xarope cujo emprego é considerado pelo povo como de muitas vantagens na tísica, nas bronquites crônicas, na asma e na coqueluche.
O cozimento de folhas frescas é aplicado em banhos para curar úlceras gangrenosas e certas afecções da pele.
Os frutos frescos, banana de preguiça, servem para a confecção de xarope, que é considerado muito eficaz contra a asma e a coqueluche.
O carvão da madeira é considerado pelo povo um ótimo dentifrício e de muita utilidade para o curativo das feridas.


Bibliografia: Peckolt, Gustavo e Theodoro – Plantas Medicinais e Úteis do Brasil – 1888-1892

domingo, 14 de setembro de 2014

Taioba

Xanthasema violaccum, Schott

Esta planta, tão cultivada nas regiões tropicais é tida como oriunda da ìndia ocidental.
Do seu rizoma tuberoso partem as folhas que são ovais, oblongas, de 20-30cem de comprimento sobre 15 – 30 de largura, com a face superior de cor verde escura e a inferior de cor verde esbranquiçada; os pecíolos sustentam estas folhas são grossos, carnosos de 30-40cm de comprimento e de cor verde arroxada.
Taioba
A inflorescência é em espádice de 23cm de extensão protegida por uma espada tubular de 10cm de comprimento, com a face externa de cor verde acinzentada, tendo as margens arroxeadas e a face interna de cor branca esverdinhada.
O seu rizoma tuberoso assemelha-se ao do inhame e é conhecido por inhame de taioba é de cor pardacenta, cheia de raízes fibrosas e circundada por muitas tuberas de vários tamanhos que servem para transplantação.
As tuberas e as folhas de taioba depois de cozidas servem de alimento, e o povo aconselha o se uso na anemia e na opilação.
As folhas contusas são empregadas em cataplasmas nos furúnculos.
O inhame de tayoba é carnoso, com a parte interna branca, mucilaginosa e um pouco leitosa este inhame às vezes pesa mais de um quilo.
As tuberas têm a parte carnosa branca, mucilaginosa e um pouco leitosa.
Este suco leitoso ao contato do ar adquire a cor castanha.

Bibliografia: Peckolt, Theodoro e Gustavo – Plantas Medicinais e de Gozo do Brasil-  1888



domingo, 7 de setembro de 2014

Inhame Gigante

Alocasia macrorrhiza – Schott

É oriundo do Ceilão e acha-se cultivado no Brasil desde 1858.
Tem caule de 2 a 5 metros de altura sobre 20-30cm de diâmetro; com as folhas longamente pecioladas, ovais agudas de 60cm de comprimento; a inflorescência acha-se em um longo pedúnculo de 15 a 20cm de comprimento, protegido por uma espada de 21cm de extensão; o fruto é uma baga de cor amarelada de 1 cm de comprimento sobre 7mm de diâmetro.
A raiz tuberosa é mais ou menos cônica e às vezes atinge a 1 ½ metro de comprimento sobre 33cm de diâmetro.
Folha do Inhame Gigante
A sua cor é mais ou menos pardacenta e a parte interna carnosa é leitosa e de cor avermelhada um pouco esbranquiçada para o centro, não tão mucilaginosa como as espécies precedentes.
Essa tubera contusa produz, em contato com a epiderme, um prurido insuportável desenvolvendo-se uma erupção semelhante à de um eczema.
O suco leitoso que exsudando em pequena quantidade da raiz tuberosa foi com muita dificuldade separada e depois analisada.
Em 100grs deste suco o principio que denominamos alocasina é em cristais muito pequenos, brancos, solúveis com facilidade a quente no éter e no alcoóis absolutos e completamente voláteis na platina incandescente; o acido tânico dá com os persais de ferro uma coloração esverdeada e com os proto sais uma coloração preta.
A cultura desta planta, que era feita outrora em grande escala pelos fazendeiros, acha-se hoje abandonada por não servir para alimentação dos animais, tendo se verificado ser ela nociva e produzir emagrecimento.
Raízes de Inhame Gigante 
Na Índia utilizam-se desta planta, principalmente das folhas e do caule, para alimentação dos animais, sendo antes submetidas a uma cocção de algumas horas por serem consideradas toxicas quando não sofrem este processo.
As folhas tenras da planta depois de bem cozidas são tidas como um bom legume.
As folhas contusas são aplicadas em cataplasmas nas inflamações do corpo e também como antidoto da picada de insetos venenosos.


Bibliografia : Peckolt , Gustavo e Theodoro – Plantas Medicinais e de Gozo do Brasil - 1888

domingo, 31 de agosto de 2014

Inhame Vermelho

Alocasia indica, Schottm

É oriundo da Ásia e acha-se cultivado em quase todas as moradias do Brasil.
Tem o caule sarmentoso, grosso e as folhas grandes, sagitadas, com o pecíolo de 40-60 cm de comprimento; inflorescência em espádice protegida por uma espada tubulosa, oval de 4 cm de comprimento terminada por uma lamina navicular de 15 a 20cm de extensão; o fruto é uma baga arredondada e de cor avermelhada.
Desta espécie há duas variedades que são muito cultivadas.
Planta de Inhame Gigante
A variedade metálica Engl, que tem as folhas de cor verde preta com brilho metálico ou às vezes de cor vermelha arroxeada.
A variedade variegata Engl., tem o pecíolo de cor clara manchado de roxo com a folha de cor verde escura na face superior e mais pálida na inferior.
O rizoma tuberoso destes inhames atinge geralmente 1 1/3 de metro de cumprimento sobre 17cm de diâmetro e regula pesar 15-20 kg.
A sua face externa é de cor pardacenta e por um golpe dado na parte superior vê-se distintamente uma camada carnosa de 5 mm de diâmetro e de cor rósea; a parte interna é de cor avelhada e quase branca para o interior.
Na superfície interna desta tubera, encontraram-se inúmeros vasos laticíferos que emitem um líquido aquoso opalescente de reação fortemente acida; este suco, quando em contato com o ar, adquire uma coloração pardacenta.
 A tubera é mais rica de azoto do que as dos verdadeiros inhames e contém menos carbo-hidratos que aquelas.
A raiz tuberosa é empregada na culinária e muito apreciada quando quente, visto depois de fria possuir um sabor acre desagradável.
Depois de bem cozida em água para alimentar os porcos.

Bibliografia : Peckolt , Gustavo e Theodoro – Plantas Medicinais e de Gozo do Brasil - 1888



quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Paxiuba Majerona

Martinezia caryotifolia – H.B.K.

Esta palmeira que cresce nas províncias do Pauí, Maranhão, Mato Grosso, Bahia é sobre 40cm de diâmetro; é densamente coberta de espinhos compridos, delgados e pretos, com as folhas de 2-2 ½ metros de comprimento, parecendo-se com as folhas retalhadas de uma bananeira; inflorescência em espádice, pequena , com os frutos drupáceos do tamanho de uma jabuticaba, de cor vermelha clara, quando maduros, com o sarcocarpo farináceo, de cor amarelo alaranjada, de caroço preto e amêndoa dura, branca e oleosa.
Paxiuba Majerona
Um cacho dos frutos pesava 1,150 grs e um fruto de tamanho regular 5,500grs, sendo de sarcocarpo, 3,200 grs, de caroço 1,600 grs e de amêndoas 0,700 grs.
A caryotina é uma substancia corante vermelho alaranjada, muito semelhante a matéria corante da cenoura (coratina); posta em uma lamina de platina incandescente, queima sem deixar resíduo, pode ser obtida esgotando-se a polpa seca do fruto pelo éter e depois pela benzina; o resíduo restante de benzina é tratado pelo sulfureto de carbono, que deixa a matéria corante pela evaporação.
A rezina, é de cor avermelhada, mole e, posta em lamina incandescente de platina queima, volatizando-se completamente; é solúvel no éter, no éter petróleo, no clorofórmio e na benzina, pouco solúvel no álcool e insolúvel nos álcalis.
frutos de Paxiuba
A rezina – também é mole, de cor pardacenta e, posta em uma lamina incandescente de platina, arde deixando vestígios de resíduo; é solúvel na benzina e no álcool, porém insolúvel no éter, no éter de petróleo e no clorofórmio
O ácido resinoso é amarelo clara, solúvel no álcool e nos álcalis; na platina incandescente volatiliza-se completamente.

Bibliografia: Peckolt , Gustavo e Theodoro – Plantas Medicinais e de Gozo do Brasil - 1888


quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Coqueiro de Catarro

Acrocomia selcrocarpa, Mart.

Sinomia vulgar: Macaúba, Coco de catarro, Mucajá, Macahiba, Macajuba

É um dos coqueiros mais comuns no Rio de Janeiro e em muitas outras provícias do Brasil.
Tem caule cilíndrico, de 10-15metros de altura sobre 30 a 40cm de diâmetro, tendo a base as folhas persistentes, cobertas de espinhos grandes e fortes, as quais caem com o tempo, achando-se as vezes exemplares adiantados em anos completamente despidos de espinhos na parte inferior; o seu ápice é coroado por 20-30 folhas pinuladas, de 4-5  metros de comprimento com o dorso cheio de espinhos muito aguçados e de cor preta castanha;
Macaúba
inflorescência em espádice partindo dentre as folhas e geralmente pendendo para um dos lados do tronco, de ½ a ¾ de metro de comprimento, com flores monoicas de cor amarelo-pálida espalhando um aroma particular não desagradável; fruto drupaceo, oval, arredondado, de 5cm de diâmetro tendo na base pequenas escamas de cor pardacenta, com o epicarpo lenhoso de cor verde-claro, quando novo, ligeiramente áspero e depois de bem desenvolvido, de cor pardacenta, lustrosa e de 5 mm de grossura; o sarcocarpo constitui uma polpa fibreosa e pegajosa, de cor mais ou menos amarelada, ligado a um caroço ósseo de 29mm de diâmetro, com a casca de 6 mm de grossura tendo uma amêndoa branca, oleosa e dura.
Um fruto bem desenvolvido pesava 44 grs, sendo 15 grs de epicarpo 8grs de sarcocarpo, 19 grs de caroço e 1 gr da amêndoa.
O óleo pingue da polpa é transparente de cor pardacenta, de densidade = 0,915 a +17º C.
O óleo pingue das amêndoas é transparente, incolor de densidade = 0,909 + 13º C
Nas Antilhas este óleo é muito usado para diversos fins, principalmente, para fabricação de sabonetes, podendo substituir para os usos culinários o azeite doce purificado.
O óleo extraído da parte polposa é empregado na culinária e em fricções nas nevralgias e cefalalgias.
O sacocarpo do fruto sabor adocicado agradável é muito apreciado, possuindo um aroma particular, semelhante ao do pêssego; misturado com água fornece uma bebida refrigerante denominada Macaiba e fervido com água forma um mingao grosso; que é usado como alimento.
O pecíolo e o dorso das folhas, depois de fendidos em tiras, servem para o fabrico de
Fruto de Macaúba
chapéus e balaios.
Das folhas verdes extraem-se fibras muito brancas, lustrosas e finas que são denominadas “seda vegetal”, e servem para vários tecidos.
O Sr. Dr. José Ricardo Pires Almeida tem feito muitos esforços para propagar a cultura deste coqueiro, principalmente em Inhaúma, Jacarépagua e Irajá, onde é abundante, conseguindo obter boa porção de fibras das folhas, que remeteu para a fábrica de tecidos de Charles Bovel em Bruxelas, com o fim de ai serem experimentadas, sendo os resultados obtidos magníficos, sujeitando-se esse industrial a empregar toda a fibra remetida, desde  que lhe garantissem um fornecimento certo conforme o gasto da fábrica.
O tronco do coqueiro serve para fazer ripas e também calhas para conduzir água,

Bibliografia : Peckolt , Gustavo e Theodoro – Plantas Medicinais e de Gozo do Brasil - 1888


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Lirio do brejo

Hedychium coronarium, Koen
Sinomia vulgar: Suzena, Cardamomo do mato, Cardamomo do brejo, Lágrima de moça, Lirio.
Lirio do Brejo
Esta planta é encontrada em quase todos os Estados do Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde ela ocupa as vezes grandes áreas de terrenos alagados; é considerada silvestre do Brasil, mas dizem que sua pátria é a Índia Oriental.
Os seus pseudo-colmos atingem de 1 a 1 ½ metro de altura, e acham-se reunidos em grandes touceiras e são de cor verde claro, carnosos e muito suculentos; as folhas são lanceoladas, grandes e invaginantes; a inflorescência que parte do ápice dos colmos é em panículas rancemosas, compactas e imbricadas, com as brácteas de cor verde; flores grandes muito amplas, de cor branca cheirosas, cálice tubuloso; o fruto é uma capsula tri-locular com as sementes ariladas.
A parte interna deste rizoma é de cor  branca ou levemente amarelada, de aroma fraco, não desagradável e de sabor particular um tanto picante.
O óleo pingue é de cor amarelada, de aroma particular e de sabor levemente amargo; o amido tratado pelo iodo cora-se em azul escuro, com bromo fica de cor alaranjada escura; a resina mole é de cor pardacenta, aromática e completamente volátil na platina incandescente.


Bibliografia : Peckolt , Gustavo e Theodoro – Plantas Medicinais e de Gozo do Brasil