sábado, 27 de dezembro de 2014

História da farmácia na idade média

É principalmente aos árabes que nós devemos os progressos na farmácia e na medicina realizados durante o primeiro período medieval. Os árabes são credores da nossa gratidão pelo desenvolvimento que deram a alquimia, isto é a pesquisa de um método de transmutar em ouro os metais de pouco valor. A alquimia incluía também a procura do elixir da vida e da panaceia universal – remédio que curaria todas as doenças. As investigações da natureza, às quais algumas figuras notáveis como, por exemplo, Lully (1255-1325), dedicaram uma grande parte de suas vidas foi sobre tudo de valor porque por meio delas se fez o progresso da química.
Os farmacêuticos árabes eram chamados sandalini: os seus “stoks” eram regularmente inspecionados e punidos aqueles que fossem culpados de vender drogas espúrias e deterioradas. Os efeitos da química e farmácia árabe se fizeram sentir durante séculos e influenciaram e estimularam a feitura de muitas farmacopeias da idade média.
O papel também desempenhado pelos mosteiros durante este período foi importante. Entre outras coisas, a tradução e particularmente a copia de manuscritos feito pelos monges era a única maneira de aumentar o número de exemplares de livros, não estando ainda inventada a prensa. Também, os jardins monásticos serviam para conservar vivas as ervas e os simples usados na medicina e farmácia assim como o conhecimento das suas “virtudes”. Provavelmente foram estes mesmos jardins as fontes de muitos espécimes botânicos desenhados e descritos nos maravilhosos herbários dos século XVI e XVII.
Nos século XI e XII houve um gradual renascimento intelectual, uma previsão da Renascença. Um importante fator neste renascimento foi sem dúvida a fundação das grandes universidades, Paris, 1110; Cambridge, 1200, Padua, 1222 e Nápoles 1224. Em todas estas universidades a farmácia era considerada como parte do curso de medicina.
Digno de nota na história da farmácia foi o édito de Frederico II da Sicilia (1224) que regulamentava tanto a prática da medicina como a da farmácia. Ele refere-se a apotheca como um depósito onde eram armazenadas as drogas ( a palavra “boticário” começou a ser usada por volta desta época), ao que compõe as drogas como o confectionarius, revivendo um velho termo romano, e ao vendedor de drogas como stationarius.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmount – Resumo da História das Plantas Medicinais.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Os rizotomos da antiga Grécia eram os raizeiros dos dias atuais.

Na antiga Grécia havia uma corporação especial de homens chamados rizotomos, que literalmente significa cortadores de raízes, cuja ocupação era colher, preparar e vender as raízes das plantas medicinais. Os botânicos dos tempos antigos, tais como Teofrastro e Dioscorides, não concluíam a descrição (de uma planta) sem nos dizer a que eram
Rizotomos eram especialistas em raízes.
semelhantes as partes subterrâneas, se fibrosas ou carnosas, tuberosa ou bulbosas, e do mesmo modo as suas propriedades, isto é as suas virtudes ou valor medicinal. Porque este cuidado particular com as raízes? É sabido de todos que não somente as raízes mas também os rizomas ou caules subterrâneos e os tubérculos de muitas plantas servem de reservatório para os alimentos de reserva da planta. Ora, juntamente com este armazenamento de alimentos parece ser também depositada nestes órgãos subterrâneos uma grande quantidade de certas substâncias orgânicas ou compostos característicos da espécie de planta. Por exemplo, as raízes de sassafrás e alcaçuz fornecem as substâncias orgânicas particulares características destas plantas em grandes quantidades embora essas substâncias se encontrem em menor grau em outras partes da planta. Esta concentração de substâncias orgânicas importantes nas raízes foi reconhecida logo no princípio da história da humanidade. Daí a formação da corporação dos rizotomos.
Os Ptolomeus reais de Alexandria (307-221 A.C) muito fizeram para incrementar a medicina. Entre outras coisas eles animaram a dissecação do corpo humano, até então proibida por lei. Assim os corpos dos criminosos condenados eram entregues aos “cirurgiões” e muito se aprendeu a respeito da localização e aspecto dos órgãos internos. Infelizmente as suas funções não tinham sido ainda compreendidas ainda naqueles tempos.
Em quanto os romanos eram peritos em organização política e nas artes de escrever e falar, o progresso científico da medicina durante o período romano foi quase nulo. Esta foi a época de Galeno (Claudius Galenus, 130 D.C) outro alexandrino cujas ideias a respeito da medicina foram adotadas, durante muitos séculos.
De fato, ainda em 1560 um certo “Dr Geynes não foi admitido no Colégio de Médicos e Cirurgiões em Londres antes de ter assinado a retratação de seu erro de ter impugnado a infalibilidade de Galeno. A dissecação do corpo humano sendo novamente proibida, Galeno tinha de formar as suas opiniões por meio da dissecação dos animais. Uma das suas ideias era que a doença e a saúde dependem das proporções relativas entre sólidos e líquidos do corpo.
Durante este período o uso de terras ou argilas especiais para fins farmacêuticos tornou-se comum. Uma destas argilas era obtida de um poço na ilha de Lemmos, que só podia ser aberto a certa hora de um dia especial do ano, e então apenas com o acompanhamento de certos ritos religiosos.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmount – Resumo da História das Plantas Medicinais.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

História antiga da farmácia


O papiro de Ebers, um dos documentos mais antigos e mais importantes da história da farmácia, dada de cerca de 1550 A.C., e foi achado entre os joelhos de uma múmia  antiga na cidade de Luxor, a cidade dos mortos, do outro lado do Nilo em frente a Tebas. Existem outros papiros de data anterior a este, porém não contém a quantidade de informações. Varias receitas médicas, presentemente no museu britânico, diz-se que datam do tempo de Qeops, cerca de 3700 A.C. A chave para a tradução do papiro de Ebers foi fornecida pela pedra de Rosetta, um pedaço de antigo basalto, achado nos princípios do século XIX em Rosetta, no delta do Nilo. A inscrição nesta pedra estava feita em três grupos de caracteres, sendo um grego, outro a escrita comum do povo (demostica) e o terceiro os hierogrifos ou ideogramas usados pelos sacerdotes. O papiro de Ebers incluía entre outro material mais de 700 receitas, nas quais são mencionadas as mais variadas drogas, tais como: vinagre, terebintina, figos, óleo de rícino, mirra, incenso, absinto, aloes, ópio, cuminhos, hortelã, pimenta, cassia, coentros, alcaravia, aniz, funcho, açafrão, flores de lótus, linhaça. Bagas de junipero, hiosciamus, mandrágora, papoulas, gentiana, colchico, cila, cedro, bagas de sabugueiro, mel, uvas, cebola e as flores da tamareira.
Aproximadamente (2700 AC), Shen Nung, Imperador chinês, iniciou um profundo estudo dos efeitos terapêuticos de centenas de ervas (em torno de 365), algumas experimentadas nele próprio, sendo ele o autor do primeiro Pen Tsao, onde descreve propriedades de inúmeras plantas como o ginseng, a cânfora e a E Ma Huang, a base da efedrina. O Pen Tsao teve participação de diferentes autores, que foram agregando modificações à obra inicial, e por isso são atribuídas ao livro diversas autorias.  A sua importância relaciona-se à minuciosa classificação de cada planta: nome, habitat, preparação, toxicidade, etc. Muitas das centenas de plantas descritas nele, ainda são utilizadas na China de hoje. O mais importante manual clínico de Medicina Tradicional Chinesa é o Shang Hang Lun, escrito por Chang Chung Ching (142-220). O Shang Hang Lun torna-se a origem histórica das famosas fórmulas herbárias clássicas, tornando-se a base do herbalismo Chino-Japonês e Chinês, o Kampo. 
O período Greco-Alexandrino é o mais antigo da história da farmácia e tem suas raízes na mitologia helênica. Esculápio, cujo nome foi imortalizado pelos botânicos em Asclepias, nome botânico de uma planta, era filho de Apolo e discípulo de Chiron, que foi chamado o primeiro mestre da farmácia.
Esculapio levava tão longe o seu poder de cura que restituía os mortos à vida, incorrendo assim no desagrado de Jupiter, que o fulminou com um raio. Porém diz-se que Esculapio tinha uma grande família em que Higela representava a saúde e Penacéa a medicina.
Hipocrates, nascido na ilha de Cos, 460 A.C. é em geral considerado como o pai da medicina grega. Uma das suas principais contribuições foi separar a medicina  da superstição que a tinha envolvido até aquela época. Mesmo no seu tempo a medicina estava dividida em três escolas: 1º baseada na ação dos remédios; 2º baseada na dieta e a 3º em manipulações físicas. Hipocrates foi um agudo observador, pensador arguto e um escritor conciso. Uma das suas sentenças sabias era: “A vida é curta, a oportunidade fugaz, o julgamento difícil, o tratamento fácil, porém o tratamento depois do pensamento é próprio e profícuo”.


Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmount – Resumo da História das Plantas Medicinais.