domingo, 25 de março de 2012

Cultivando as Cenouras em nossas hortas

As cenouras querem terra leve e profunda: cresce mal e não tem grande saborosa em terra argilosa.
A terra deve ser, o mais que possível estrumada desde o ano anterior; si formos obrigados a estrumar só antes da sementeira, então deveremos empregar só estrume muito velho e curtido e humoso.


A terra deve ser muito solta e afofada e misturar três a quadro km de sal para cada are pois este adubo é excelente para a cenoura.
Depois de descançar uns 15 dias a terra preparada, faz-se a sementeira em linhas ou a lanço.
Nós a plantamos a lanço, é muito claro: não enterramos a semente, mas a calçamosno chão com taboazinha, e depois a cobrimos com um centímetro de terriço.
Logo que as plantas se possam apanhar com os dedos então começa-se a desbastá-las e repete-se esta operação até que as plantas fiquem a 15 centímetros para as variedades maiores.
As plantinhas do desbaste podem se mudar em canteiros cuja terra deve ser também macia e profunda e muito bem estercadas com estrume podre e bem curtidas, sem gravetos ou fragmentos de palha que embaracem o desenvolvimento da raiz com perfeição. Junto com as mudas de cenoura podem-se plantar alface e rabanetes pois não se estorvarão uma as outras.
A cenoura deve-se dar regas e limpas, sem economia. Especialmente no começo, pois esta semente é preguiçosa a nascer levando talvez até um mês de tempo e então quando germina já o mato invadiu o canteiro: é preciso, pois, cuidado limpá-lo das ervas que aniquilariam a plantação.
A colheita da cenoura dura todo o ano, si as sementeiras foram sucessivas. Um are de terreno cultivado a cenoura produz em média 300kgs de raízes.
Esta planta não conta grandes inimigos: algumas vezes, aparentes moléstias que a destroem, são apenas devidas ao terreno impróprio, ao estrume fresco, e semelhantes erros de cultura.
Doutro lado podemos apenas citar os inimigos de toda hortaliça, isto é, algumas vaquinhas, as formigas ruivas, alguns caracóis e lesmas, alguns pulgões. Mas alguma rega de água e sabão ou caldo de fumo afugenta os pulgões e outros bichinhos, e as vaquinhas com facilidade podem ser catadas á mão, quando a horta é pequena naturalmente.

Bibliografia: Chácaras e Quintais set-1920 pág 199

domingo, 18 de março de 2012

Plantando Aipo

O aipo ou salsão gosta principalmente de solo úmido e ligeiro. A semente leva muito tempo a nascer. É preciso preparar um canteiro muito bem, esmiuçado o mais possível a terra e, quando bem nivelada, estende-se em cima um estrado de terriço de um centímetro de espessura sobre o qual espalha-se, mas sem enterrá-lo, o grão e fixa-se ao solo batendo-lhe levemente com a mão ou com uma prancha, depois estende-se mais um centímetro de terriço bem pulverizado sobre a semente e rega-se constantemente até que nasça
Aipo
Si o tempo correr seco, então regam-se as plantinhas todas as manhãs: desde que estão com quatro folhas dá-se ao canteiro mais um centímetro de terriço e de vez em quando rega-se com água em que foi dissolvido algum estrume de estábulo.
Desbastam-se depois as plantas a dois centímetros e tira-se todo o mato cuidadosamente.
Quando as plantinhas são plantinhas são forte bastante para serem transplantadas, prepara-se o outro canteiro em lugar próprio da horta espalhando em cima da terra uma camada de três a quatro centímetros de estrume finamente pulverizado muito bem curtido, com o ancinho mistura-se este, estrume ao solo.
Não é preciso que dita estrumação afunde, pois o aipo desenvolve uma enorme cabeleira de pequenas raízes, mas pouco afundam e portanto só aproveitarão o estrume dado superficialmente.
A distância entre os pés deve ser de 30 a 40 centímetros; põem-se três fileiras de plantas em cada canteiro de um metro de largura em roda de cada pé põe-se uma camada de terriço de cinco centímetros de diâmetro e de um centímetro de altura; logo depois se rega abundantemente.
O aipo, só o tempo é quente e o sol vivo sofre muito na replanta e pode mesmo secar de tudo num dia, portanto deverá se resguardar a planta do sol e o modo mais econômico de fazê-lo é estender folhagem de bananeira ou mesmo folhas de papel em cima dos canteiros, sustentado este abrigo por meio de tijolos empilhados ou sarrafos de madeira ou simples paus.
Rega-se duas vezes ao dia, até que as plantas pegarem de novo: em tempo de seca as regas devem ser mais copiosas e abundantes.
Seis semanas depois da replantação com tempo chuvoso, se dá estrume líquido repetindo-se esta operação algumas vezes. As mondas devem ser repetidas também.

Bibliografia:
Chácaras e Quintais setembro de 1929

Plantando Aipo

Plantando Aipo

Cultura do Aipo

domingo, 11 de março de 2012

A Jitirana do Aquiqui , Phaseolus longifolius, Benth

Nos campos baixos, argilosos, da foz do rio Xingu, existe em abundância uma Leguminosa-Papilionacea da tribu das Phaseoleas, sob o nome de Jitirana, conhecida naquela região e que o gado ali aproveita com enorme avidez para a sua alimentação e engorda, sem sofrer nenhum dano pela ingestão copiosa dessa planta espontânea em qualquer caso.
Phaseolus lunatus
As sementes dali trazidas pelo distinto funcionário da Repartição de Veterinaria Federal, no Pará o Sr Dr. Esperidião de Queiroz, mostradas ao Museu Goeldi, foram consideradas pertencendo ao Phaseolus ovalus de Benth e que a Seção de Botânica do Museu Nacional, á vista das amostras de feno para lá remetidas, na falta de melhores elementos para um diagnostico seguro, pela opinião do Sr. Profº Cezar Diogo, propendeu em classificar como Ph Longifolius, Benth.
Estas sementes me foram oferecidas pelo Dr. Esperidião de Queiroz afim de tantar a sua plantação nos terrenos arenosos do Campo de Cultura Experimental Paraense.
Efetivamente, elas medraram, se não com o maior desenvolvimento vegetativo em todo caso, com uma tal facilidade de adaptação ecológica, a ponto de se tornarem infestantes por todos os recantos de terra do estabelecimento.
Ensaiado nos muares do serviço da repartição com as ramas verdes desta planta, de todas as vezes observei grande avidez dos animais por ela e absoluta inocuidade, fosse qual fosse a quantidade da ração posta a seu dispor.
Na escola de Veterinária do Exercito uma amostra da leguminosa resultou no seguinte laudo: ”trarta-se de uma leguminosa, bem fenada, de cor verde e ervilha, de cheiro agradável e bem recebida pelos animais., que a comeram com satisfação, 200grs dadas duas vezes ao dia, com pequeno intervalo, com fim de verificar se depois de comida a primeira porção não provocava repugnância ao animal, isso não sucedeu; estes a comiam sempre com a mesma procura e em muito maior quantidade talvez, se houvesse maior porção.  Convém dizer que era comido o feno logo ao se oferecido a qualquer animal”.
Segundo a Sociedade de Agricultura pratica, conforme o laudo feito pelo Profº Dr Alfredo A. de Andrade, do Museu Nacional. “A Jitirana do Aquiqui (Phas Longifolius, Benth), em estado de feno, é uma boa forragem, de valor nutritivo elevado, sendo relativamente escassa a quantidade de celulose, mas com matéria mineral fixa avultosa, conseqüência talvez do terreno silicoso. Apesar disso não é um alimento concentrado como outras plantas da família e gênero”.

Bibliografia:
Chácaras e Quintais -Abril 1919 -pág 295. 

domingo, 4 de março de 2012

Cultura do Urucúm

Planta de Urucum

O urucum talvez para muitos não pareça ser de grande utilidade na indústria, retratando, a nosso ver, ele parece desempenhar um papel mais importante que o da Catuaba, (Copernícia cerifera Mart,) e a Castanha do Pará (Berthollelia excelsa, H.B.)
A massa pastosa, vermelha, que envolve as pequenas sementes que em grande número se contra nas capsulas, não só representa um papel importantíssimo na indústria dos nossos silvícolas que não podem dispensar, pois ela não só lhes substitui o talco e os pós que empregamos na nossa toalete, mas também lhes fornece a massa para cobrir os fios com que enrolam as flechas e os arcos bem como outros artefatos de seu uso, e também na indústria dos povos civilizados o Urucum representa um papel bastante importante como corante. Esta citada massa se obtém, pelos processos primitivos lavando as sementes em água fria ou quente depois deixa-se assentar a massa no fundo da vasilha, decanta-se o liquido e se obtem assim uma massa que enrolada em folhas ou fundida em blocos aparece nos mercados sob o nome de Arnalo, Arnato ou Urucum e serve para colorir queijo, manteiga, massas alimentícias, vernizes e lacres, bem como muitos outros produtos. As raízes da planta representam um papel importante na medicina popular, sendo empregado contra bronquites e outras moléstias do peito.
O urucum semeia-se entre agosto a dezembro. Prepara-se canteiros com estrume bem defeitos, para neles se proceder a semeadura, colocando-se em covas rasas, as sementes, nas distâncias de 10 centímetros mais ou menos recobrindo com meio centímetro de terra e em seguida regam-se os canteiros e cobrem-se com bolhas de bananeira ou outra folhagem.
Deve-se conservar os canteiros moderadamente úmidos, regando-os à tarde, quando não houver chuva.
Quando as plantinhas, depois de algumas semanas, estiverem nascidas, a sombra deve ser limitada ás horas mais quentes do dia, e quando as mesmas atingirem á altura de uns 10 cm, não haverá mais necessidade de lhes dar sombra. Quando as plantas alcançarem a altura de 10 cm, poder-se-a transplantar-la, em qualquer tempo, para lugares definitivos dando-lhes a distância de 4metros e 50 centímetros em todas as direções. Dão-se alguns carpas no período vegetativo, para combater as mais ervas.

Bibliografia:
Chacarás e Quintais 1917