sexta-feira, 28 de junho de 2013

Erva Anna Bolena

Anna Bolena
Conservamos este nome por ser o que mais ouvimos entre nós, porquanto no norte seja chamada de Bertalha. Identificamos esta linda trepadeira como a Boussingaultia baselloides de H. B. K.  da família das Baselleceas: vulgar em qualquer parte do estado nas cercas vivas e cultivada para cobrir caramanchões.
Possui folhas carnosas cordiformes e de espaço em espaço em espaço apresenta um caule bulboso aéreo que servem esporadicamente para a multiplicação do vegetal, pois, deprendendo-se por qualquer causa, pegam e brotam com tanta facilidade. As flores levemente amareladas e melíferas acham-se reunidas em espigas de mais de um decímetro de comprimento, bastante aromáticas.
Como planta de adorno serve magnificamente para cobrir caramanchões, como dissemos: as folhas e os rizomas são comestíveis. Estes últimos tem poder medicinal estípico e são usados nos casos de hemorragias internas; o suco contido nos tubérculos é usado contra tosse e também para curar oftalmias. No Uruguai é conhecida esta planta pelo nome de Brotal.
                                                                                                      
Erva Barba de Pau
A Barba de Pau ou Barba de Velho é uma vegetação característica de quase todo o Brasil e cobre às vezes por completo as arvores dos matos com um véu acinzentado de filamentos mais ou menos compridos, entrelaçados, pendentes que dão a passagem uma fisionomia toda especial. Científicamente este curioso vegetal Bromeliaceas e tem o nome latim Tillandsia usnepides, porque a primeira vista parece com uma barba de velho verdadeira. É planta sem folhas do gênero Usnea
Todo o caule desta epífita acha-se revestida de pelos brancos; as folhas são lineares e no ponto de inserção desta (axila) nascem na primavera pequenas flores amareladas solitárias.
Além da utilidade que apresenta este vegetal como material de enchimento de almofadas e colchões (crina vegetal) como também para acondicionamento de ovos e objetos frágeis para transporte, a Barba de Pau possui propriedades medicinais reconhecido valor. Isto é devido à presença nos seus órgãos de uma resina esverdeada escura (cumarina) e um acido resinoso aromático.
Erva de Pau
Aqui entre nós, (Santa Catarina), talvez, poucas pessoas conhecem esta particularidade da Barba de Pau; no norte do país, entretanto, como também nos países vizinhos, isto é fato bastante conhecido. Sabe-se, por exemplo, que toda a planta pulverizada e junta com uma substancia graxa qualquer pode ser aproveitada como adstringente usada para combater as hemorroidas, orquites, hérnias, e até em casos de ingurgitamento do fígado. Além disso, muito conhecido é seu valor como antirreumático. Para isso usa-se toda a planta em cozimento, na produção mais ou menos de 6grs de vegetal para 300grs de água; este chá que deve ser bem fervido, deve-se tomar na razão, de, pelo menos, três xícaras por dia.
Além dos nomes vulgares acima lembrados acrescentamos que o Uruguai é conhecido como Barba Del Monte e no Ceará chama-se Samambaia, nome este que damos a outras espécies de fetos.

Bibliografia: Almanak Agrícola Brasileiro 1932-1933 – Alguns representantes da Flora Medicinal do Sul do país.

sábado, 22 de junho de 2013

A erva de Santa Lúcia e Pixirica

Nas terras incultas ao longo dos muros, das cercas, nas margens dos cursos de água, não é difícil encontrar esta erva que em certas localidades é até muito vulgar e abundante.
Os caules cilíndricos nodosos e frágeis sustentam folhas verdes lanceoladas e agudas, entre as quais na primavera, sobressaem, com lindo contraste, as flores azuladas protegidas por brácteas amplexicantes. O fruto é uma capsula.
Comelina difusa
Este representante da família das Comelinaceas chama-se cientificamente. Comelina sulcata e deve o seu nome vulgar às propriedades medicinais que lhe reconhecem os homens do campo, desta e das republicas vizinhas. O que se aproveita da erva de santa Lúcia, é o liquido mucilaginoso contido entre as brácteas da inflorescência. Liquido que, aplicado nas vistas, lhe tira qualquer espécie de irritação externa.
Toda a planta verde pode ser aproveitada também quer contundida para acalmar o prurido de certas doenças de pele, quer em infusão sendo que esta é preconizada nos casos de problemas de sangue.

A Pixirica

É assim chamado entre nós um arbusto característico da família das Melastomaceas, cujas folhas ovaladas são bem diferenciadas pelas nervuras curvilíneas, e toda a planta acha-se coberta de pelos mais ou menos rijos e de cor vermelho-escura (daí o nome de Clidemia hirsuta)
Vulgar em todo o Brasil, aqui é muito conhecida pelos frutos roxos comestíveis e pelas propriedades medicinais que os populares lhe reconhecem.
De fato, além de ser considerada geralmente como antiescorbútica (incluindo os frutos) o chá das folhas de Pixirica passa por ter grande valor na cura de desarranjos intestinais e em primeiro lugar em colites.
Como todas as melastomáceas brasileiras, é arbusto eminentemente ornamental que poderia ser convenientemente cultivado.

Bibliografia: Almanak Agrícola Brasileiro 1932-1933 – Alguns representantes da Flora Medicinal do Sul do país.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sapatinho de Yayá e Erva de Bicho

Uma linda trepadeira, bastante vulgar nas cercas vivas do País e conhecida também pelos nomes de Sapatinho do Diabo, Chagas miúda, Chagas da miúda, Capuchinha, (Flor de petitos no Uruguai). Cientificamente, enquanto e era antes colocada no gênero Tropacolum, hoje se chama Chaetocarpus pentaphyllus da família das Tropeolaceas.
Capuchinha
A nomenclatura vulgar deriva da forma esquisita das suas flores anormais purpurinas e verdes, enquanto o nome específico de pentaphylla deve-se a forma das folhas que são pentafolioladas, isto é, compostas de cinco folíolos dispostos a maneira dos dedos de uma mão. O caule é herbáceo e volúvel; sustenta-se também com os pecíolos das folhas que se torcem, desempenhado o papel das gavinhas.
É planta ornamental, que serve muito bem para cobrir caramanchões. As folhas e as flores são artisticamente bonita, os frutos são pequenas bagas comestíveis; resiste perfeitamente ao frio do inverno e começa a florescer muito cedo na primavera.
As raízes e as folhas são medicinais. As raízes são usadas também em chá, como anti- escorbuticas, e nas afecções da pele, como depurativas; as mesmas propriedades são atribuídas às folhas.
É planta elegantíssima e útil, que deveria ser mais conhecida e aproveitada na cultura em nossas hortas e nossos jardins.
Eva de bicho
Nos terrenos úmido, alagadiços nas margens dos fossos, encontra-se esta planta herbácea, que, as vezes, vive até submergida na água em lugares pouco profundos
É uma das espécies que o povo mais conhece entre os vegetais medicinais, e é vulgar em todo o país. Pertence botanicamente à família das Poligoniaceas, sendo o seu nome científico Polygonum acre, em outros lugares do norte a Erva de Bicho chama-se de Capitiçová
Caule glabro, folhas lanceoladas, de cor mais ou menos avermelhada, inflorescência em espiga; flores hermafroditas, pequenas, branco rosada, fruto achenio. De origem europeia, floresce nós durante todo ano e dissemina-se com facilidade crescendo bastante depressa.
A Erva de bicho tem vários usos medicinais caseiras e os efeitos foram comprovados em grande parte pela ciência sendo em geral considerada como estimulante, diurética, rubefaciente, vulneraria; pode ser usado topicamente ou em cozimento, suco, xarope, cataplasma, banhos, clisteres, semicúpios conforme o caso e circunstâncias.
Topicamente usam-se as folhas e os caules frescos e pisados à maneira de cataplasma, contra os mamilos hemorroidais e para curar úlceras crônicas e de mau caráter. Postos nas bicheiras conseguem matar as larvas das moscas e depois cicatrizar as feridas. Por isso seu nome vulgar de Erva de vicho.
Em banhos, na proporção de 30grs  do vegetal em cada litro de água, alivia as dores hemorroidais, como também se pode preparar uma pomada com a auxilio de banha fervida juntamente na panela.
O chá feito na proporção de 30grs da Erva de Bicho em meio litro de água fervendo, é bom remédio nos casos de disenterias, retenção de urina, catarro intestinal, precisando tomar desta infusão um cálice de hora em hora. Contra as dessenterias e como medicamento diurético, pode-se usar, enfim, o suco expresso da planta, quer em xarope, quer de mistura com leite de vaca, na dose de 15 até 40grs.
Além destas propriedades medicinais, sabe-se que esta planta é tóxica para os peixes e é vermicida; o suco pode ter aplicação na indústria de clarificação do açúcar.

Bibliografia: Almanak Agrícola Brasileiro 1932-1933 – Alguns representantes da Flora Medicinal do Sul do país.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Maracujá

Trepadeira muito vulgar em certas zonas do estado, apreciada em toda parte por suas flores vistosas, complicadas e esquisitas que sobre ela chamam a atenção dos botânicos primeiro, depois dos floricultores e até dos escritores e poetas. Daí o nome de Flor da Paixão que lhe deram os primeiros missionários e de “passiflora” com que Linneu distingui esta planta indígena da América do Sul. (Passifloraceas)
Entre nós a espécie mais vulgar é a Passiflora caerulea que se encontra enredada nas cercas vivas, até nos arredores das cidades.
Passiflora edulis
Enquanto a gente da terra não faz caso desta riqueza natural botânica,  fora daqui é planta muito procurada para adorno e para cobrir caramanchões que embeleza com sua rica folhagem, com suas primorosas flores azuladas” e suas frutas amarelas do tamanho de um ovo de galinha, e comestíveis.
Outras propriedades, porém, desta trepadeira não devem ser ignoradas e são as medicinais, propriedades estas que da medicina caseira passaram a ser objeto de estudo dos químicos farmacêuticos e são desfrutadas na medicina científica até sob forma de especialidades nacionais e estrangeiras.
As partes aproveitadas são as flores, as folhas e as raízes ficando os frutos somente como comestíveis, quer verdes quer maduros. O chá das flores foi preconizado em casos de bronquites e tosse rebeldes.
O Dr. Araujo aconselhava para isso o chá das folhas. Estas como também as raízes em cozimento, são tidas como vermífugas. O uso mais indicado do Maracujá é a infusão das folhas, usada como calmante nas crises nervosas e neurastenias, como também em casos de insônia. A ação deste chá foi comparada com a da morfina, sem a presença, todavia dos inconvenientes desta. O sono produzido é natural e deixa a pessoa depois de acordada, descansada e bem disposta. Há no comércio produtos denominados “Passiflora” e “Passiflorina”, obtidos geralmente tratando as folhas secas desta e das outras espécies, mas pode-se preparar em casa com as folhas diretamente tiradas da linda trepadeira.

Bibliografia: Almanak Agrícola Brasileiro 1932-1933 – Alguns representantes da Flora Medicinal do Sul do país.