quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O naturalista Hermann von Hering

Hermann von Ihring
Formou-se em filosofia natural por vocação e em medicina porque seu pai queria que o filho tivesse um diploma capaz de render mais do que o misero subsídio como qual se tem de contentar os filósofos. Seus primeiros estudos fizeram-no antropólogo, por influência do seu querido mestre Virchow, e por isso seu pequeno gabinete na casa paterna foi enchendo de crânios e tíbias humanas. O material que não tinha mais interesse ia para o lixo, mas foi um escândalo publico na pequena cidade de Giessen quando a polícia com seu faro aguçado descobriu que da casa do notável advogado, pai do naturalista, saiam esqueletos humanos indícios de quiçá quantos crimes. Foi difícil repor os Sherloks na pista verdadeira. O Dr. Hermann passou a ser professor, mas satisfeita esta pequena vaidade, não achou muita graça na cátedra e preferiu ser estudante a vida inteira, aprendendo nos livros abertos da natureza. Foi atraído pelos trópicos, o Brasil de onde Fritz Muller relatava maravilhas zoológicas. Casou-se e embarcou. No Rio de Janeiro grassava a febre amarela, mas o Dr. Hering precisava demorar-se na corte, a fim de legalizar seu diploma de médico estrangeiro.
Hospedou-se no hotel da Tijuca onde não havia mosquitos; logo no primeiro passeio encontrou um belo caramujo, raríssimo nas coleções de Berlim e Paris. Para poder observá-lo detidamente, antes de matar, guardou-o sob um copo do lavatório e foi ao beija-mão do imperador, não sem antes recomendar à esposa que vigiasse o precioso molúsculo. Mas D. Clara distríu-se, um momento e logo depois não havia mais caramujo debaixo do copo.
Como reclamá-lo da arrumadeira do hotel, se o idioma do país ainda lhe era tão difícil. Em fim, rebuscando o dicionário, surgiu a frase salvadora, repetida com ênfase a negra perplexa: “Meu, marido é, um caramujo!”

Bibliografia: Almanak Agrícola Brasileiro 1920 pág 131

domingo, 18 de dezembro de 2011

Usos das Emabúbas

Embaúba Vermelha

O caule fistuloso das Embaúbas fazem na carecer calhas para condução de águas, cujo serviço é bastante resistente, mas seu maior emprego, próximo aos povoados, consiste na fabricação de carvão para pólvora, posto que se atrbua esta aplicação apenas a Cecropia carbonária M e Miq. Não tenho, porém a menor duvida de que na indústria do papel está o seu futuro industrial.
A parte interna da casca das Embaúbas , epecíficamente das árvores novas, fornece tecido filamentoso composto de células muito longas e dispostas de modo a permitirem a extração das folhas de líber com alguns metros de comprimento. Sua tenacidade é variável, conforme as espécies, mas os filamentos de todas elas são úteis na cordoaria ; sobretudo para as cordas grossas e cabos, considerados de grande residência à ação da água do mar.
As Embaúbas são úteis para celulose e feltro, posso assegurar ser excelente, baseado em numerosas experiências de laboratório feito sobre amostras.
Dizemos que a madeira e a casca juntas devem fornecer boa pasta química e por sua abundância é um grande auxiliar da indústria de papel. Estou tão convencido disto, que deixo de ser mais extenso a respeito.
Da particularidade de ser fistuloso o caule da Embaúbas derivam casos interessantes p\ra a ciência, os quais, posto que ligeiramente, devo referir aqui. Del quando cortado, corre um líquido pouco abundante considerado antiofídico e também útil na cura da diarréia dos tuberculosos; freqüentes vezes encontram-se nos internódios depósitos de cera, que ainda não pode averiguar se é produto da própria planta ou de alguma abelha, cera esta reconhecida como eficaz no tratamento de úlceras crônicas.
O caule é ainda interessante pela simbiose com a árvore e a formiga Asteka Mulleri Emery que quase sempre é nele encontrado. Esta formiga retribui o agasalho, defendendo as embaúbas do ataque das saúvas, que atendendo ao exíguo número de folhas e á facilidade de marcha que lhe oferece a superfície irregular da epiderme da casca e dos galhos, em poucas horas destruiriam um indivíduo, levando-lhe os órgãos essenciais da respiração e transpiração, folhas.
Outros naturalistas atribuem a existência de formigas nos caules das Embaúbas ao fato delas vegetarem em terrenos inundáveis o que eleva aquelas a procurarem abrigo seguro.
As preguiças apreciam muito estas árvores pois nelas de preferência vive e se alimenta de seus renovos que constituem sua principal alimentação. Estes renovos, reconhecidos úteis no tratamento das bronquites e afecções das vias respiratórias, fornecem por compressão um suco que se acredita um eficaz como peitoral em também cura das gonorréias e leucorréias, quando misturado ao leite
Bibliografia:                                                           
Almanaque Agrícola Brasileiro – 1915 – pág 236

Usos da Árvore da Preguiça

Adicionar legenda

O caule fistuloso das Embaúbas fazem na carecer calhas para condução de águas, cujo serviço é bastante resistente, mas seu maior emprego, próximo aos povoados, consiste na fabricação de carvão para pólvora, posto que se atrbua esta aplicação apenas a Cecropia carbonária M e Miq. Não tenho, porém a menor duvida de que na indústria do papel está o seu futuro industrial.
A parte interna da casca das Embaúbas , epecíficamente das árvores novas, fornece tecido filamentoso composto de células muito longas e dispostas de modo a permitirem a extração das folhas de líber com alguns metros de comprimento. Sua tenacidade é variável, conforme as espécies, mas os filamentos de todas elas são úteis na cordoaria ; sobretudo para as cordas grossas e cabos, considerados de grande residência à ação da água do mar.
As Embaúbas são úteis para celulose e feltro, posso assegurar ser excelente, baseado em numerosas experiências de laboratório feito sobre amostras.
Dizemos que a madeira e a casca juntas devem fornecer boa pasta química e por sua abundância é um grande auxiliar da indústria de papel. Estou tão convencido disto, que deixo de ser mais extenso a respeito.
Da particularidade de ser fistuloso o caule da Embaúbas derivam casos interessantes p\ra a ciência, os quais, posto que ligeiramente, devo referir aqui. Del quando cortado, corre um líquido pouco abundante considerado antiofídico e também útil na cura da diarréia dos tuberculosos; freqüentes vezes encontram-se nos internódios depósitos de cera, que ainda não pode averiguar se é produto da própria planta ou de alguma abelha, cera esta reconhecida como eficaz no tratamento de úlceras crônicas.
O caule é ainda interessante pela simbiose com a árvore e a formiga Asteka Mulleri Emery que quase sempre é nele encontrado. Esta formiga retribui o agasalho, defendendo as embaúbas do ataque das saúvas, que atendendo ao exíguo número de folhas e á facilidade de marcha que lhe oferece a superfície irregular da epiderme da casca e dos galhos, em poucas horas destruiriam um indivíduo, levando-lhe os órgãos essenciais da respiração e transpiração, folhas.
Outros naturalistas atribuem a existência de formigas nos caules das Embaúbas ao fato delas vegetarem em terrenos inundáveis o que eleva aquelas a procurarem abrigo seguro.
As preguiças apreciam muito estas árvores pois nelas de preferência vive e se alimenta de seus renovos que constituem sua principal alimentação. Estes renovos, reconhecidos úteis no tratamento das bronquites e afecções das vias respiratórias, fornecem por compressão um suco que se acredita um eficaz como peitoral em também cura das gonorréias e leucorréias, quando misturado ao leite

Bibliografia:                                                           
Almanaque Agrícola Brasileiro – 1915 – pág 236

domingo, 11 de dezembro de 2011

Arvore da Preguiça

Arvore da Preguiça.

As Imbaúbas, vulgarmente conhecidos também pelos nomes de Ambaíbas e Árvores da preguiça, pertencem a família das Moraceas.
Neste artigo o nosso colaborador botânico Manuel Pio Corrêa ocupa-se mais especialmente da imbaúba, Cecropia Pochystchia de Trec, como planta fibrosa:
“Árvore de caule mais ou menos reto fistuloso, e lactescentes, dividido por septos disciformes e com os galhos apenas na extremidade; folhas grandes, peltadas, palpavelmente nos Estados das, fendidas em 9-10 lobos oblongo-obtusos, pecíolos, partidos e cilindros; flores pequenas, em espigas umbelíferas, pendulas, sésseis, oblongo-obtusas, crassas, com invólucro coriáceo.
É vegetal muitíssimo comum no Ceará, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e provavelmente nos Estados intermediários e creio que também no do Rio Grande do Norte. Prefere as terras de boa qualidade e úmida, mas ér freqüente nas de qualidade regular e até nas ordinárias.
“O tecido lenhoso desta espécie, bem como o de varias outras, todas as quais vegetam em grupos, parece-me susceptível de idênticas aplicações industriais, hipótese para cuja averiguação se fazem necessário novos estudos.
Extremamente leve e com as camadas de fibras muito visíveis, apresenta coloração diversas, (branca, avermelhada, amarelo-publea, etc...) e uma composição aparentemente muito uniforme.
Bibliografia:
Almanake Agrícola Brasileiro 1915.

sábado, 3 de dezembro de 2011

O chá das Folhas de cafeeiro

O mau gosto primitivo das folhas do cafeeiro pode-se atenuar submetendo-a a uma infusão de água fervendo ou elevando o calor a que são submetidas durante a tostação, até que se experimente um certo grau de torrefação. Sob a impressão do calor, que no começo não deve exceder de 60 a 80 graus as folhas crispam-se diminuem de grossura e tomam uma cor mais carregada deixando transpirar um suco que dá a sua superfície um aspecto untuoso. Durante esta operação de torrefação, as folhas deverão ser continuamente mexidas por meio de ferros ou de preferência, quando a temperatura da chapa permitir, por meio das mãos. Acabar de enrolar imediatamente e esfregá-las entre os dedos ou sobre esteira de junco ou cano para lhes tirar uma parte de substâncias adstringentes da qual estão cobertas.
Estas sucessivas operações de tostação e enrolamento fazem-se quanto a cinco vezes ou mais, até que as folhas completamente secas mostrem um princípio de torrefação.  

Bibliografia:
Anuário Agrícola Brasileiro 1921 - 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

As pessoas e a Teína

A Teína está em maior quantidade no chá.

A descoberta feita por nós do uso das folhas do chá de cafeeiro em alguns lugares no interior do Pará, prova a verdade dos conceitos do grande sábio alemão Liebig, quando externou a opinião de que há na constituição da natureza, um instinto irresistível de incorporar a si, de unir comigo digamos melhor, certa quantidade de tônico, e que levou certamente os chineses a consumir o chá, o malaio o betel, o americano o fumo, o africano o cânhamo, o paraguaio o mate, etc. è o mesmo Liebig que diz: “Nunca talvez cheguem  a descobrir com certeza como foi que os homens chegaram a adotar o uso da infusão quente das folhas de certos arbustos , chá, ou da decocção de certas sementes torradas, café. “Alguma coisa uma lei deve necessariamente existir, a qual explicará como este costume se tonou uma necessidade de vida para nações inteiras”. É porem de certo, mais notável ainda que o efeito benéfico de ambas as plantas na saúde pode ser atribuído a mesma substância cuja presença nos dois vegetais, pertencentes a famílias naturais completamente diferentes e sendo os produtos de partes do globo distantes uma da outra, havia sido presumido apenas pela mente a mais ativa e corajosa.
Todavia ensaios recentes têm mostrado, e a ninguém permite mais duvidar que a cafeína, o princípio peculiar do café e a teína, o do chá, são todos os idênticos.
Ora, isto é uma grande verdade e só assim poderemos explicar a causa porque o chá da China, os grãos de café, as favas de cacau, são aceitos por toda a humanidade em forma de bebidas. Contendo um princípio excitante e nutritivo a que os químicos chamam de teína agradam, apesar do seu esquisito e amargo sabor. Fora dessas substâncias nenhuma outra produção, a não ser o mate e o guaraná, é conhecida como tendo teína. Voltemos, porém às folhas do cafeeiro. Foi o dr Gardner o primeiro químico que descobriu a teína nas folhas do arbusto do café. As folhas do cafeeiro simplesmente seco têm desagradável sabor vegetal, o que torna imbebível semelhante infusão. O mesmo, porém, aconteceria com o uso imediato das folhas do chá da Índia. É preciso o tratamento. Os chineses, esses grandes bebedores de chá, que fazem em grandes chaleiras e o bebem a toda hora, possuem varias formas de tratamento capaz de formar todas as variedades de chá e tornando aceitáveis as folhas da mesma planta pelos mais exigentes paladares.
Apesar de todo o inconveniente do paladar a preferência foi sempre para o chá, o café e o mate.  T. Canto Lievig e Pfatte, alemães; Dumas, Peligot e Payen, Todos atribuem o nitrogênio comum as três substâncias acima.


Bibliografia:
Almanaque Agrícola Brasileiro 1921 - Bartholomeu Dias

domingo, 20 de novembro de 2011

Sidas e Gravatá

Sidas dordifolia, L. e rhombifolia, L.
Espalhadas pelo Brasil há varias espécies de sidas, porém as mais abundantes são as dordifolia e rhombifolia, são as mais vastamente distribuídas. É um pequeno arbusto que atinge uma altura de 1,1/2 pés e fornece fibra muito superior a juta. A quantidade é infinita; a planta amadurece em quatro meses. Uma vez introduzida nos campos ela afasta toda a outra vegetação e é tão difícil de destruir que os fazendeiros a consideram como praga. Porém, apesar do seu rápido crescimento, rápida expansão, devido ao seu pequeno tamanho e aos ramos torcidos não pode tornar-se uma fibra de valor comercial. Se, porém, esta espécie fosse  plantada e cuidada é quase certo que ela ganharia em tamanho e perderia os torcidos.

Gravatá , (Ananas Sagenaria, Schult)
Da família das Bromeliaceas, Gravatá rede é o arbusto que produz o fruto conhecido pelo nome de ananaz.
É uma planta de aspecto de um octopus  de longas folhas espiraladas sahindo da base rebentos em todas as direções, alguns rentes ao chão, outros saindo do centro e outros ainda levantando-se numa haste que se quebra em ângulo depois de atingir uma altura de 5 pés. É uma planta de aparência doentia e anemica, e as folhas pálidas oferecem um decidido contraste com o verde vivo das vigorosas folhas de piteria que se encontraram em tufos e em pontas com todas as direções, mas quando estas duas plantas se encontram a piteria é invariavelmente exterminada. E assim é com todas as plantas que atravessam o caminho deste vegetal, terrorista, excetuando apenas o seu primo o gravatá de gancho, que é o flagelo dos flagelos.
Gravatá de rede encontra-se em todo o Brasil ao Sul de Pernambuco, onde tem o nome de coratá, e inclui todas as plantas conhecidas nestas varias localidades sob o nome de croá, caraguatá, caruatá, caravatá e gravatá do mato. Difere da piteria, pois que procura a sombra da floresta e raras vezes se encontra nas planícies onde os fortes ventos despedaçam as folhas, quebram as fibras e retardam o crescimento.
No tempo de frutificação as folhas atingem o seu completo crescimento. Tem em geral sete pés de comprimento e por cada planta regulam entre 20 e 30. Estas folhas fornecem fibras finas e lustrosas, maiores e mais fortes que quaisquer outras fibras em uso. A planta requer muito pouca atenção, além de rega, mas para entrar em competência com a juta, só se poderia usar plantas selecionadas, pois as folhas das plantas silvestres são cobertas de uma epiderme que torna a desfibração difícil. No momento presente os nativos do interior, que são avessos a pressa, utilizam esta fibra em fazer linhas de pesca. Não obstante o valor desta planta ela será uma das ultimas a receber a atenção do mundo comercial.

Bibliografia:
Almanak Agricola Brasileiro 1922 - Jos. L. Azon

domingo, 13 de novembro de 2011

A fibra têxtil da Guaxima Roxa

Urena Ilobata, L é a mais importante das aramina, tem uma história bastante espetacular. Foi pela primeira vez mencionada por José Henrique Ferreira numa comunicação feita à Real Academia de Ciências de Lisboa em 1789. Logo a seguir foram conhecidos mais detalhes, pois a planta se encontra em quase todos os países tropicais do mundo, sendo bastante comum  na Florida onde é conhecida por “Caesar Weed”. Experiências repetidas feitas na África, Índia e Brasil alentaram os botânicos deste último país a fazer uma intensa propaganda a favor do fabrico de sacos de café deste material resultando disso o estabelecimento de uma fábrica em São Paulo. Durante o primeiro ano de fabrica deu muito bons lucros e a notícia desse sucesso espalhou-se por todo o mundo. O sucesso, porém foi de tal maneira exagerado pela publicidade que chegou a predizer que a fibra iria revolucionar a indústria têxtil.
Não obstante a fabrica produzir 800mil sacos por ano e encontrar compradores começaram a surgir dificuldades que foram aumentando depois de alguns anos de laboração e a fabrica passou a fabricar só sacos de juta.
O fracasso não foi devido á pobre qualidade dos sacos, mas sim, à falta de entendimento entre os agricultores que não se importaram com a preparação das fibras e continuaram a insistir em preços exorbitantes. A aramina, infelizmente tem um grande número de companhias más e estas se encontram freqüentemente misturadas com as fibras genuínas.
A planta é de um tamanho médio atingindo uma altura máxima de 9 pés e no Brasil raras vezes excedendo a 6 pés.
Tem uma grande quantidade de pequenas folhas verdes; da flor duas vezes por ano e uns pequenos frutos em forma do botão que aderem ao vestuário quando este toca pelas plantas.
As flores aparecem em fevereiro e em julho e pouco depois o fruto amadurece. Nesse intervalo as folhas são cortadas e se o corte se demora as folhas tornam-se fracas e sem lustro. O tronco e os ramos são colocados em água quente para amolecer as fibras que depois de alguns dias se colocam em molhos para secar. A classificação delas é feita a maquina. Depois de preparada a fibra cerca de ¼ do seu peso total corresponde a fibras de 8 a 9 pés com maior poder de resistência do que o da juta. Algumas das antigas plantações estão produzindo fibras para cordas e a impressão geral é que a aramina “voltará”.
Bibliografia:
Alamanaque Agrícola Brasileiro 1922 -  J.L.Azon

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Faurcroya gigantea, Vent fibras têxteis do Brasil

A Piteria, Fourcroya gigantea, Vent, da família dos amaryllidaceas, O viajante que tiver ocasião de, penetrar pelos estreitos que conduzem a pitoresca baia de Victoria, notará, ao primeiro relance, montões de verdura de onde saem folhas em todas as direções. Um exame mais detido mostrará que estes montões de folhas estão agarrados em pedras por raízes especiais que as impedem de cair na água. Não se divisa um tronco comum que não existe de fato, sendo a massa de verdura uma coleção de folhas enormes de dez a doze pés de comprimento que saem independentes de uma só raiz.
Faurcroya gigantea
A piteria, prima da famosa Agave das Philipinas, que desfruta a distinção de ser a primeira planta fibrosa cultivada pelos Europeus no Brasil, onde os primeiros colonos portugueses encontram os índios usando as folhas no fabrico de sandálias. No século XVII os holandeses, que tinham ocupado Pernambuco e Ceará, cultivaram esta planta pela primeira vez e obtiveram tão bons resultados no fabrico de tecidos que a introduziram nas usas colônias e daí a levaram à África e a Ásia.
Não é planta indígena do Brasil, mas sim da América Central, ou melhor, das Antilhas.Onde é conhecida pelo nome de cabulla ou cabuya.
É uma planta estranha a Flora Brasileira, porém perfeitamente adaptada. Encontra-se por todo o país, crescendo nos solos de composição química diversa e com magnífico resultado quer nas regiões áridas quer na areia. A sombra é prejudicial a este pária do reino vegetal. Prospera melhor em terrenos áridos e queimados pelo sol tropical. Terrenos incapazes de fazer brotar a menor vegetação podem com tudo abrigar milhares de piterias por acre. Não requer estação especial do ano para a plantação e uma vez plantada não precisa mais nenhum cuidado. Ela cresce por si só.
As plantas necessitam de quatro a seis anos para amadurecer, mas vivem de 12 a 16 anos ao passo que o sisal vive de 10 a 12 anos. Obtêm com tudo melhor fibra se as plantas forem renovadas cinco a seis anos depois da primeira colheita.
As folhas amadurecem duas vezes por ano e devem ser cortadas quando começam a curvar-se. A única vigilância necessária na cultura desta planta é que as folhas devem ser cortadas antes delas amadurecerem, pois logo que adquire esta cor a fibra torna-se quebradiça. Uma planta em geral fornece 40 folhas por ano. Tem de 10 a 12 pés de comprimento e fornece 35 gramas de fibra a cada ano. Não obstante as folhas de o sisal ser duas vezes menor quje as folhas de piteria. Esta não fornece mais fibra por cada milhar de folhas.
As fibras são cortadas a mão, podendo um homem cortar de 2.000 a 2.500 folhas por dia e as máquinas hoje em uso descascam essas folhas em 10hs.
A fibra assim obtida é mais leve que o cânhamo da Índia e mais fina que o hennequen do Yucatan. Se fosse propriamente preparado sem usar água para imersão não haveria dificuldade em competir com a fibra de Mauricia ou manguey de Manila, pois só com dificuldade se poderia distinguir deste ultimo sendo o produto de Mauricia descendente da Piteria levada do Brasil.

Bibliografia:
Almanaque Agrícola Brasileiro 1922, pág 282 e 283

domingo, 30 de outubro de 2011

Piaçava é uma fibra têxtil brasileira

Colheita da Piaçava

Piaçava é uma espécie da família das nymeleaceas. É uma espécie de casca grossa como cabelo que se enrola no tronco de duas espécies de palmas, a Atinica funifera, Mart. E Leopoldina píassava, Will. A espécie Leopoldina só se encontra no Vale do Rio Negro, um tributário do Amazonas e não obstante ser superior a píaçava da Bahia (Attalea funifera) a sua exploração é muito mais limitada pela razão da comparativa inacessibilidade da região onde cresce e até que a energia do Vale do Amazonas  se acham completamente absorvidas pela indústria de borracha. Todos os anos encontra-se em Manaus no mercado pequena quantidade deste produto sob a forma de escovas, cordas e cabos. Nem a matéria prima nem os produtos fabricados são exportados desta região não chegando para as necessidades de Manaus.
A Attalea funifera, geralmente conhecida como piassaba da Bahia cresce em grande abundância na restinga do sul da Bahia e norte do Espirito santo, mas principalmente nos distritos de Santa Cruz, Belmonte e Porto Seguro, na Bahia, onde as palmeiras formam verdadeiras florestas.
No século passado as “restingas” formavam parte do fundo do mar, e essa fibra parece ter eu solo é extremamente pobre e arenoso. Apesar disso há piaçava por toda essa região e uma das empresas que explora essa fibra parece ter seis milhões de árvores nas suas propriedades ao norte da cidade da Bahia. Uma outra importante fonte de abastecimento é o Vale do Rio São Francisco no norte da Bahia.
A piaçava é uma riqueza puramente natural  não necessitando nehuma espécie de cultura ou tartamento. Duas vezes por ano a casca, que é uma espécie de cabelo enrolado em espiral em volta do tronco da palmeira é tirado por meio de pentes de mais primitiva forma feito de peças de pau tendo pregos por dentes. Cada árvore produz de cinco a dez libras de fibras por colheita e pode ser aumentada em 50% se a árvore for derrubada.
Depois de apanhada as fibras são metidas em água para destruir a polpa e os tecidos inúteis. Depois são secas por algum tempo debaixo de cobertura, são limpas, penteadas e separadas segundo os tamanhos. As fibras assim obtidas medem de 8 a 15 pés de comprimento as mais compridas são usadas para fazer cordas e as espécies mais pesadas cortadas em pequenos bucados para um grande número de usos, principalmente para o fabrico de escovas, chapéus e sandálias. Não é raro verem-se homens curvados com cargas de piaçava pelas ruas da antiga capital colonial da Bahia e todos os domingos pela manhã os “praeiros” das ilhas vizinhas e lagoas dirigem-se ao Porto da Barra com seus barcos carregados  de artigos de piassava para serem vendidos na praia sob o alcance dos canhões de Santa Thereza
Bibliografia:
Alamanaque Agrícola Brasileiro, 1922 pág 281, 282

domingo, 23 de outubro de 2011

Umbuzeiro "Árvore do Viajante"

Um dos produtos mais admiráveis da flora brasileira é o Umbuzeiro, Spodias tuberosa.
Esta árvore pode ser cultivada no litoral, mas seu habitat é o campo árido do sertão, onde escasseia freqüentemente a água, quando de todo não falta.
Umbuziero na colheita
A conformação do Umbuzeiro e a sua origem nas localidades secas, indicam o seu destino, podendo-se denominar  Árvore do Viajante.
Não se eleva muito, mas o que perde em altura recupera na largura.
Compõem-se, com efeito, de ramos longos, horizontais, formando grandes palmas, bastas, de uma folhagem miúda e cerrada.
Enormissíssimo chapéu de sol vegetal, em campos abrasados.
Há do umbuzeiro varias espécies: a do umbu miúdo, do graúdo e uma terceira, a cajarana, cujo fruto é de todo o maior.
Este é o mais acido e menos agradável; o miúdo passa por ser o melhor, o mais doce e apreciado.
O umbu, de uma cor amarela avermelhada ou recheada é alongado, regulando o tamanho da jabuticaba grande, muito apreciado com a ameixa fresca.
No fim de maio, finda a frutificação do umbuzeiro amarelecem e principiam a cair, de modo que, em junho e julho , está completamente despido.
Em agosto começa a revestir-se a preparar-se para oferecer ao homem ou aos animais, sob a copa larga, espessa  e sombria, protetor abrigo contra a sol inclemente.
Consideram o Umbu a melhor fruta do sertanejo, que seja dito sabe dar-lhe o devido apreço ao ponto de não se contentar com o prazer de degustá-la no PE. Aproveitam a polpa da fruta por três meses para o preparo da umbuzada, a sua iguaria predileta, saudável e nutriente em que o leite entra nas mais favoráveis condições de digestibilidade.
Fruto de Umbu
Para obter acidez não se escolhe o umbu maduro, em que o princípio ácido se acha, em parte, transformado em glicose; nem tampouco o fruto verde, quando é ainda incompleta a formação do ácido; colhe-o bem desenvolvido, ao entrar de vez ou ficar inchado.
Apanhados nesse estado, são os frutos cozidos e machucados com a mão, peneirados; separada a massa, é esta conservada em vasilhas apropriadas.
O Umbú é refrigerante e por isso muito apreciado e útil durante o verão.
O umbu serve também pra acidular o leite e torná-lo assim mais digerível.
Bibliografia:
Alamnaque Agrícola Brasileiro para 1923,Dr. Eduardo de Magalhães

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Botânico Alberto Löfgren


No dia 30 de agosto de 1918 os centro científicos brasileiros cobriram-se luto pela morte de Alberto Löfgren. Ele era chefe da seção de botânica e fisiologia vegetal do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Parque Estadual Alberto Löfgren 
Löfgren era um dos mais profundos conhecedores desse ramo da ciência natural na América do Sul, tendo-se especializado no estudo da flora brasileira, ao qual se dedi  cou com grande afinco e assiduidade durante mais de 40 anos de sua vida.
Nascido, em Estocolmo, em 11 de setembro de 1854, veiu para o Brasil logo depois de ter completado o curso de fisiologia e ciência s naturais na Universidade de Upsala.
Veio para o Brasil com o missão científica de André Regnell, o grande naturalista sueco-brasileiro, que ,te ndo organizado, em 1874, por conta da Academia das Ciências de Stocolmo, uma expedição científica para o Brasil, convidara Löfgren, como premio a sua dedicação, inteligência e competência, a tomar parte na mesma.
Terminados os trabalhos a que ser propunha na expedição, Löfgren não mais quis abandonar o nosso paiz, tal foi a atração nele exercida pela exuberância da flora brasiliera, na qual se embevecia, pois nela via vastíssimo campo para dedicar-se aos estudos de sua predileção.
Tais estudos, porém, numa época em que o interesse pelas ciências, entre nós, não estava nem mesmo em embrião, não lhe podiam proporcionar os meios de que necessitava para viver, por isso que foi obrigado a desviar a sua atividade para outra profissões que lhe garantissem a subsistência.
Entrou então para trabalhar como engenheiro da C. Paulista de Vias Férreas, ao lado de Rebouças de Francisco Lobo Leite Pereira, tendo residido por alguns meses na cidade de Pirassununga. Passando depois a morar em Campinas, ali dedicou-se ao ensino das ciências naturais. A esse tempo, como professor, lecionou particularmente e também no Clégio Morton.
Muitos, que fizeram depois brilhantes carreira e vieram a notabilizar-se no mesmo ramo de conhecimentos, devem as suas primeiras luzes ao professor.
Em 1878, casou-se com D. Emma Bremer, na cidade de Campinas.
Em 1886, tendo sido o eminente geólogo Orville A. Derby encarregado , pelo Governo de São Paulo, de organizar a Comissão Geográfica e Geológica do estado, foi Löfgren chamado para seu auxiliar, e ai encontrou campo para a sua rara e bem orientada atividade, trabalhando ao lado de Gonzaga campos, hoje chefe do Serviço Minerológico do Brasil, Paulo Oliveira, do Museu Nacional, Theodoro Sampáio, Hussack. Começou por organizar o serviço de Meteorologia no estado, praticando por si próprio e ensinando pessoalmente o seu corpo de observadores. Com a distribuição de instruções e com uma dedicação sem limites, conseguiu estabelecer esse serviço e publicar com assiduidade os boletins onde controlava e deduzia os resultados.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Entre a Seiva e o Sangue

Revista Chácaras e Quintais - Fev-1922  Gustavo Peckolt


A fisiologia vegetal, nos ensina que a seiva vegetal, representa o mesmo papel que o sangue no corpo animal no seu movimento contínuo através do coração, artérias e veias, constituindo assim a circulação e pois aquela seiva também, passando através dos tecidos da planta, constitue a sua circulação.
Extração da seiva de Jatobá.
Essa seiva vegetal, possuindo a mesma propriedade que o sangue animal, a de nutrir o organismo, acarretando aos tecidos os elementos indispesáveis a sua vitalidade, e outro tanto, a de separar, e preparar a eliminação das substâncias impróprias a sua nutrição, acumuladas ou prejudiciais ao organismo, do mesmo modo, essa seiva, por um ato fisiológico denominado secreção, goza a propriedade de selecionar as substâncias que pretam-se para a nutrição da planta, transportando a certas partes do vegetal, aquelas imprestáveis ou excedentes a sua nutrição, as quais são então, acumuladas, ou eliminadas, de seu organismo.
Estes princípios secretados variam bastante, quanto a sua natureza e propriedades, de acordo sempre, com a natureza do vegetal, dentre eles destacam-se: o suco leitoso ou látex; os óleos, óleos resina, óleos essenciais, ou sucos gomosos ou gomas, os sucos resinosos ou resinas , todos eles próprios ao vegetal, que, muitas vezes não podendo eliminá-los em tecidos apropriados que se encontram tanto na raiz, como no caule, nas folhas, etc, onde vamos encontrá-los armazenados sem vias de eliminação, ou simplesmente acumulados. Como exemplo, temos: o suco óleo-resinoso das Capaibeiras, impropriamente chamado de óleo de Copaíba; o suco vermelho tanifero das Bicuibeiras, denominado sangue de Bicuiba, fortemente adstringente, podendo substituir o kino da Índia, (Pterocarpus marsupium); o suco aquoso tânico das bananeiras, chamado de seiva da bananeira; o suco leitoso ou látex, sucos gomo-resinosos, de um grande numero de vegetais, fornecedores de cautchoue ou borrachas, produto de grande valor industrial com especialidade os dos vegetais do gênero Hevea, apelidados Seringueiras, o suco leitoso do mamoeiro, do Jaracatiá, etc. os quais possuem a propriedade digestiva, devido ao seu fermento digestivo Papayotina ou Pepsina vegetal; bem assim a seiva de muitos vegetais que contem princípios tóxicos, tais, o latez da papoula, etc.
Quando a seiva resinosa, suco, ou resina de Jatobá, quando solidificada, tgem o nome de resina de Jatahy, ou Copal brasileriro a qual, emana do tronco ou das raízes dessa gigantesca árvore, principalmente, sob a ação direta do calor do fogo, o qual provoca um aumento dessa seiva resinosa, que destila do vegetal, condensa-se no solo, ou emana de suas grossas raízes, numa profundidade, muitas vezes, de dois metros, como é comu encontrar-se em grande quantidade, nas escavações feitas em terrenos onde outrora se encontrava florestas desse precioso vegetal. Dahi concluir-se que a legitima seiva de Jatobá ou Jatahy é um suco resinoso ou resina, e nunca, um suco aquioso, amargo, mais ou menos fermetado, como é impropriamente chamado seiva de Jatobá. 

sábado, 1 de outubro de 2011

O Urucum


Almanaque Agrícola Brasileiro- 1920

O Urucum é uma substância tintorial obtida da semente de um arbusto oriundo do Brasil e Guyanas na América tropical e denominada botanicamente de Bixa Orellana, L.
Sinomia: Urukú, Açafroa na Bahia, Família das Bixaceas.
Variedades: No Amazonas existem duas variedades numa a semente tem a polpa roxa e noutra amarelada.
Floresce de Maio a Junho.
Sementes de urucum
O Urucuseiro é planta originária do Brasil e cultivada na África e Índias Orientais e no México.
Reprodução: A Bixa propaga-se por meio de estacas primeiramente retiradas das plantas em florescência.
As plantas produzidas por meio de sementes, geralmente florescem menos e não frutificam tão cedo como aquelas produzidas por estaca. A propagação por meio de estaca é recomendável se deseja-se cultivar e manter uma variedade especial da qual há  um grande número em cultivo.
A melhor terra apropriada ao urucuseiro é um solo rico de marga com muita humidade e em terrenos esgotados pelos cafeeiros.
As capsulas e sementes levam oito meses para chegarem a maturidade em cuja ocasião os frutos são colhidos, espalhados e exposots ao sol por vários dias até ficarem bem secos e abrirem-se.
São então batidos e debulhados, esmagando-se com varas para separar as sementes da placenta central do ouriço.
As capsulas e sementes são então separadas por meio de peneiras e ventoinhas.
Algumas vezes a matéria polposa é separada das sementes por maceração e lavada deixando-se frutificar depois.
Esta água é então despejada e a substância que fica tendo uma cor avermelhada é dessecada e comprimida em pães em cuja forma é exposta no comércio.
No começo o urucu foi usado para tingir a seda, mas é atualmente usado como corante para queijos, manteigas, leite, doces, sabões e vernises.Medicinalmente é empregado como laxativo, a massa do urucu é antifebril e refrigerante e as sementes são estomáquicas; a raiz é digestiva.

sábado, 24 de setembro de 2011

Thymus vulgaris, Linneu


Almanaque Agrícola Brasileiro 1920

Thymus vulgaris, Linneu
É uma planta de 15 a 25cm de altura, com folhas finíssimas, muito aromáticas e flores cor de rosa, claro ou forte, terminando em espigas. Há variedade de folhas regulares. Pertence esta planta a família das labiadas, cresce espontaneamente em toda a Europa temperada e em zona correspondente em nosso continente. Entre nós é conhecida a variedade cultivável, devendo as plantas ser renovadas cada três anos no mínimol.
O tomilho deve ser apanhado na florada e posto a secar a sombra. Uma vez seco coloca-se em depósito, dez quilogramas pelo menos, que vem a ser a porção suficiente para animal: boi, cabra, ovelha ou porco.
A cura da febre aftosa deve ser feita ao ar livre, fora do estábulo.
Para os dias atuais a cura da aftosa é com a vacina . 

domingo, 18 de setembro de 2011

Usos Medicinais do Coqueiro


Almanaque Agrícola Brasileiro -1920

Do coqueiro pode-se segurar que se usam todas as ruas partes e todos os seus produtos como medicamentos.
Cacho de Coco
Cada parte desta virtuosa palmeira, cada produto do seu precioso fruto, tem a sua utilidade em medicina doméstica.
São inúmeras em varias moléstias, as aplicações medicinais dos produtos do coqueiro, desde a raiz as folhas, desde aespata a amêndoa do fruto e o seu aminos.
Das espatas tenras empissadas se utiliza o suco com açúcar na sede dos bexigosos e nos enfisemas, o cozimento é considerado soberano para lavagens dos enfartes hemorroidários e para suspender o fluxo do sangue.
O sumo espremido da espádice, misturado com leite recente e assucar é muito recomendado como emoliente e, com óleo recente, nas dores locais.
A tenra plúmula durante as primeiras semanas de nascida é de um gosto sacarino agradável, sendo muito considerada como um artigo de dieta e como excelente comestível estando cozida e temperada.
As primeiras rodículas que começam a se formar na base da palmeira são um comestível apreciado.
O sumo dessas radículas extraído de uma palmeira tenra é um poderoso alexifarmaco contra mordedura de cobra.
As radículas tenras, moídas com água da segunda lavagem de arroz, dão uma bebida que adoçada é empregada com êxito na blenorragia. O sru cozimento com gengibre, sal marinho ou jagra é considerado como um remédio muito benéfico nas febres intermitentes e nas diarréias; misturado com um pouco de óleo recente serve para gargarejos.
As lacinias da palma ou surtas, muito tenras quando ainda brancas, são administradas com bom resultado nas ingestões agudas.
Pretende-se que o leite de côco convenha aos tuberculosos  o albúmen esmagado em água deixada assentar  e depois desnatada é preferível ao óleo expresso, na tosse e na doença pulmonar.
Quatro gramas de leite de côco recentemente espremido, sem mistura d’água usando-se por uns três dias faz desaparecer as hemorróidas.
É administrado em jejum para a cura das doenças sifilíticas e para limpar o estômago; prepara-se dessa emulsão com bananas e pó de cardamomo um remédio de cheiro e sabor agradáveis, bastante útil contra o aborto das mulheres sendo continuado na dose de ½ a ¾ de quartilho.

sábado, 10 de setembro de 2011

Guayule a Borracha do México


Parthenium argentatum A Gray

Foi na Exposição Internacional de Filadélfia em 1876, que sob o nome de “hule de Durango”, apareceu pela primeira vez à borracha extraída do Guayule (Pathenium argentatum A. Gray), planta da família das Compostas espontâneas em vasta extensão da alti-planice do México e em alguns pontos do Texas e do Arizona, estados norte-americanos.
Em verdade, sabia-se que os aborígenes, desde épocas remotas, obtinham do Guayle a matéria prima necessária ao fabrico das bolas de que usam em certos jogos, mas não se havia prestado a devida atenção a tal produto. Entretanto, a partir daquele certamem, a indústria extrativa da borracha de Guayule não cessou posto nos primeiros anos e excitantassem os sertanejos pelo mesmo fatigante e primitivo processo de mastigação usado pelos índios, aliás, então adotado também por um grande industrial de Torreon, mas que não deu resultado compensador, pois um homem precisa de dois dias para compor uma bola ou pão borracha com o peso médio de um quilograma.
Tendo-se comprovado que esta borracha, embora muito inferior a produzida pelas Hevea, possui qualidades aplicáveis, entre esta a de vulcanizar perfeitamente e a de associarem-se com extraordinária facilidade ás borrachas superiores, alguns norte-americanos importaram, em 1888, uns 45.000kg do novo produto. Aquele processo de mastigação ficava, porém, tão caro, as despesas de transporte, em regiões desprovidas de estradas de ferro e até mesmo de quaisquer outros meios de comunicação, eram tão elevadas, que se reconheceu a impossibilidade de fazer larga exportação enquanto não fosse descoberto um processo de extração mais expedito e mais econômico.
O Guayule estava longe, em regiões quase ou absolutamente desertas e sem água, em altitudes que chegavam a 3mil metros, embora normalmente oscilassem entre 600 e 1.900metros. A tenacidade e o dinheiro norte-americano venceram estas enormes dificuldades. Foram organizadas rapidamente diversas empresas, entre 1915 e 1912, todas dispondo de grandes capitais. Rapidamente desenvolveu-se um processo de extração rápido baseado na compressão da planta previamente socada. A extração é rápida e tão econômica que chega a dois dólares a tonelada, fornecendo uma pasta dura, sem traço de resina, que em muito se assemelha a do Pará. Há evidente exagero nesta afirmativa, mas é certo que o produto assim obtido chegou a ser pago cinco dólares os quatrocentos quilos.
Hoje se reputa ao processo Lawrence como superior a todos os outros processos mecânicos: é baseado na mastigação dos aborígenes.
Grande parte do território mexicano, exatamente a mais desprovida de meios de comunicação e a mais agreste, teve vida intensíssima, tal o ardor com que foram conduzidos os serviços de colheita e secagem da planta.
Uma rápida inspeção deste quadro mostra que mesmo partindo de 1903-1904, cujos correspondentes algarismos são muito baixos, o México produziu em 10 anos tanta borracha de Guayule quanto o Brasil produz num ano, incluindo todas as qualidades.
Bibliografia:
O Guayule - Almanaque Agrícola Brasileiro 1920- M. Pio Correa

domingo, 4 de setembro de 2011

Fabricando Perfumes


Alamanaque Agrícola Brasileiro-1915 – Paschoal de Maraes

Os perfumes, podendo ser qualquer, se distingue industrialmente: os perfumes naturais, os perfumes sintéticos, os perfumes orgânicos e os perfumes artificiais.
Os perfumes naturais se dividem em perfumes vegetais e perfumes animais.
As plantas de perfumes podem ser divididas em categorias segundo as partes utilizadas.
Os perfumes são extraídos das raízes, das cascas, da madeira, das folhas, dos botões e grãos, das resinas, gomas-resinas e bálsamos.
Violetas do campo
As operações que permitem aos cultivadores destas plantas de extraírem mesmo em suas módicas usinas, os princípios que depois podem expedir como, matéria prima, aos destiladores perfumistas dos países importadores são: por expressão, por embetição, absorção, maceração, por esgotamento, dissolução, por intermédio do vapor d’água, (destilação).
Os óleos essenciais, com raras exceções, existem já formados, nos vegetais aromáticos. Encontram-se aos diversos órgãos destas plantas, mas especialmente nas folhas, flores ou nos frutos que residem de preferência.
As plantas, em geral, dão o seu maximo, quando são tratadas frescas e por “enfleurage”. Algumas, com tudo, “produzem mais depois de secas”
O rendimento de uma mesma espécie pode variar por diversas causas.
O momento da colheita, e as condições atmosféricas em que esta for efetuada, a natureza do solo, a adubação química, a qualidade das plantas, e a sua exposição mais ou menos favorável exercem uma influencia sensível sobre a produção.
Para extrair o perfume das flores mais delicadas tais como o jasmim, a tuberosa e o junquilho, o sistema preferido é o da “enfleurage” a frio, que consiste em colocar as flores sobre uma camada de vaselina finíssima.
Todos os dias são depostas sobre essa vaselina novas flores frescas, até que ela se torne uma pomada em que a essência se apresente em estado de saturação. Dessa pomada é extraída a solução de perfume, mediante uma quantidade de álcool e obtêm a essência da flor.
Um método semelhante é o da maceração a quente. As flores são imersas e continuamente agitadas em certa quantidade de gordura a ferver. A gordura perfumada separa-se em seguida, das flores por meo de filtração e compressão. Desse modo são obtidas as quinta essências das rosas, das flores de laranjeiras, de acácia e das violetas. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Plantas e Essências Nacionais e Importadas


ALMANAQUE AGRÍCOLA BRASILEIRO 1915
Sassafrás albino
Entre os muitos vegetais do país aclimatados e importados para fazer essa indústria surgir entre nós podemos citar: como plantas riquíssimas de perfume em seus diferentes órgãos: o resedá, a murta, o jasmin, a rosa-chá, a baunilha, a esponjeira, a magnólia, a flor do café, diversos Hedychinus, a laranjeira, a fava tonka ou crumarú, o pau cravo, o rosmarinho, a lavanda, o cinamomo, diversas mirtáceas cheirosas e leguminosas varias, a glicínia, a kananga, a robinia pseudo acácia, o pelargonium, o Ylang-ylang, a hesperidia, o cravo da Índia e diversos cravos (Dianthus); as gardênias, a cardamoma, o cipó cheiroso, a pripirioca, o puchuly, o cumaru, o mais perfumado dos vegetais da Amazônia, riquíssimo em essências deliciosas; o vetiver, a cascarilha, a drymis, o pau de aloés, o sândalo, o cardo, o eucaliptus, a palma rosa, o patchouly, o anis,  a canforeira, o guaco, o olibano, a caneleira, o estoraque, a jurema, a umburana, o sassafrás o outras plantas.
Em 1888 Bauer tirou privilégio de um processo para fabricação artificial derivado de um corpo denominado, Toluene, extraído do alcatrão de hulha.
Durante todo o tempo do privilégio, foi este almíscar artificial vendido a razão de cerca de doze contos ao cambio atual por quilo; terminado porém o prazo da garantia, começou o processo a ser explorado por todos baixando o preço.
Em 1808 depois de perseverantes trabalhos conseguiram os Srs. Theman & Kruger obter um novo corpo o, Inone, composto que participa ao mesmo tempo do cheiro da, Iris, e da violeta e com o qual se fabricam hoje todos os perfumes baratos de Violeta que se vende em vidrinhos.
A química ainda conseguiu mais produzir outro corpo com composição estritamente igual à Baunilha e a Anilina, tão em moda na perfumaria.
A essência de cravo, Eugenia Aromática, fornece um composto procuradíssimo denominado Eugenol, oxigenando-se este composto com o auxílio de uma segunda reação consecutiva, produzem-se dois compostos importantes: o Eugenol e a Anilina, o primeiro dos quais de um cheiro agradável, e inebriante de cravo.
Extrai ainda a Anilina do guaiacol tirado az, essa preciosa do alcatrão da faia.
A essência de heliotropo artificial é obtida do safrol, extraída do óleo de cânfora e do sassafrás, essa preciosa essência também. 

domingo, 21 de agosto de 2011

O Segredo das Selvas 1


Pelo Dr. J.R. Monteiro da Silva da Sociedade Nacional de Agricultura-Almanaque Agrícola Brasileiro 1915

Sabonete de Tayuyá
A abobora d’Anta em xarope e em tintura faz prodígios nas ulceras, feridas e outras moléstias da pele.
Junto às rochas observamos o Tayuyá ou Tomba (Trianosperma Tayuyá, Mart) de raízes grossas como tubérculos, muito amargas de gosto nauseoso e quando fresca fortemente drástica.
É um poderoso depurativo, tendo a útil vantagem de despertar as funções gastrointestinais, estimulando a digestão e regularizando as evacuações. As moléstias da pele encontram no tayuyá um poderoso recurso terapêutico.
E combinado com o cipó suma, também cura as moléstias de garganta, da faringe, da boca, do ouvido, do nariz e dos olhos. Da mesma forma por que atua sobre a pele, age sobre as mucosas, curando as granulações e irritações.
E o carapiá que vegeta também pelas margens das estradas, nos pontos mais sombrios, tornando-se abundante por toda parte
Pertence a família das urticaceas (Dorstenia multiformis, Miq) o seu rizoma é a parte empregada, é um grande remédio para favorecer e regularizar a mestruação.
Atua também como um ativo expectorante e estimulante nas febres típicas, como sucedâneo da serpentaria da Virginia, um excelente diaforético a ponto de o povo dizer que “faz suar até os ossos”. A diamenorreia ou mestruação difícil e dolorosa tem na raiz do carapiá o seu remédio curativo, usando-se a sua infusão preparada com 20 partes do rizoma e 200 pates de água fervendo, que se toma as xícaras durante o dia.
A árvore Buranhem ou casca doce (Chrysóphylum buranhem, Riedel), cuja casca lisa, quebradiça, de gosto, adocicado e adstringente, constitue um poderoso remédio para tratamento das enteritesde qualquer natureza. O seu extrato seco conhecido por “monesia”, já gozou de merecida fama terapêutica das moléstias intestinais e tornou-se um artigo de exportação para a Europa.
A Brauna (Myranoxylon braúna, S.Clott), de lenho duro como o ferro, de casca negra e grelada que dá boa tinta, que Ra aproveitada pelos antigos fazendeiros para tingir as roupas dos escravos. Dentro do tronco dessa utilíssima árvore é comum encontrar-se uma seiva de cor negra, adstringente de mais conhecida por selva de Muyraúna, que é melhor remédio para desinterias e diarréias.
O pé de calunga (Simaba ferrugínea, St. Hill), tirando alguma casca do caule subterrâneo, de cor amarelada, que é um excelente estimulante de órgãos digestivos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os Segredos das Selvas


J.R. Monteiro da Silva da Sociedade Nacional de Agricultura-Almanak Agricola Brasileiro 1915

Repare aquela ervinha raquítica e rasteira, quase sempre em grupo, que parece um escárnio perante tanta pujança, a poaia, Urogoga ipecacuanha, Balil, de tanta ação medicamentosa em suas raízes, que milhões de vidas tem sido poupadas graças ao seu efeito como específico das disenterias e como vomitivo infalível. Tão esquiva e pujantes, que deixa distanciados os desta naquele meio férico, ela esconde na sua pequenez efeitos terapêuticos forte que deixa distanciados os próprios Jequitibás com toda sua disforme.
Cipó Suma
Mais adiante a árvore ciclópica, de casca fendida, por onde brotam lágrimas transparentes, como prantos prolongados de uma vida atribulada; é o Jequitibá, Hymenea coobaril, Lin.
Essa árvore de tanta utilidade, proporcionando uma bela resina transparente de tanto préstimo na indústria do verniz, sendo um excelente auxilia dos medicamentos expectorantes, ainda reserva no âmago de seu cerne uma sobra da seiva descendente, como se fora o próp´rio vinho doce em maceração natural com a resina medicinal, a matéria extrativa tânica e amarga e outros princípios salutares da preciosa madeira.
Essa seiva de Jatobá, tão conhecida e empregada como melhor tônico amargo  e exepectorante, serve, usado aos cálices ás refeições, para levantar o organismo depauperado, fortificar o débil, dar apetite ao dispéptico e auxiliar a digestão, constituindo uma bebida natural e para de muito valor medicinal.seiva de jatobá,
Em vez de tantos vinhos, elixires, licores, etc.. Que mais agravam as moléstias gástricas, irritando as mucosas, é preferível a seiva de jatobá, preparada na retorta da natureza, mais sincera do que a da química, que a ganância quase sempre perturba a sua pureza. Qual a jovem fraca e anêmica que não recupera o seu vigor e a cútis corada e bela com o uso constante desta seiva?
Depois vem a infusão das cascas como o mais apreciado remédio para o catarro da bexiga e a retenção urinária.
Se os médicos empregassem o chá de casca de jatobá, evitariam muitas operações, muita operações, muitas injeções vesicais e curariam com facilidade as moléstias da bexiga. Aquele cipó que sobe pelo tronco da catuaba é o cipó suma, Anchietea salutaris, St Hill, justamente do roxo que é a melhor qualidade. Qual é a moléstia da pele que resiste ao tratamento pelo cipó suma?
Os dartos, erupções os furúnculos, os eczemas, as diversas erupções populosas e vesiculosas e outras moléstias da pela, são perfeitamente curadas com o uso do xarope de Cipó suma que se toma de duas a três colheres de sopa por dia. O xarope é feito com cem gramas de casca de raiz para dois litros de água, que se deixa ferver até reduzirem-se a um litro; côa-se e jutam-se , para cada cem gramas do cozimento, cento e cinqüenta gramas de açúcar refinado. Engarraf-se e guarda-se em lugar seco, conservando-se por muito tempo sem se azedar.

domingo, 7 de agosto de 2011

Sobre as Plantas Afrodisíaca - Parte II

Revista Brasileira de Farmácia – Evaldo de Oliveira –junho de 1947

Café – O usadíssimo infuso e decoto de sementes torradas de Coffea arábica.

No que nos interessa, já em 1842, as preparações das sementes foram dadas como capazes de atuar nos órgãos sexuais despertando atividades manifesta com repecafe_coloridorcussão não só no amanhecer precoce da puberdade, como determinando uma impotência antecipada e influindo “na vida sexual pela intensidade desenvolvida”, chegando mesmo a alterar a moralidade”.

 

Calamo aromático – O Acorus calamus, L. Acoro verdadeiro está inscrito em nossa Frmacopéia, bem como em vinte e duas outras. É uma planta vivaz de rizoma anelado e horizontal.

A composição química revela um princípio amargo, acorina, a qual se decompõe fornecendo acorina; calamina; colina; tanino; resina; essência; etc.

Oswaldo Costa e Jaime Cruz dão entre outros usos terapêucos, como estimulantes e afrodisíacos.

Catuaba – Conhecida desde loga data pelos indígenas e difundida pelo povo que a usa como levantador do sistema nervoso e para impotência funcional dos órgãos genitais.

O rizoma notadamente “é afrodisíaco na impotência genital, podendo delas abusar-se pois é inofensiva”.

Rodolfo Albino escreve ser excitante geral, nas moléstias nervosas; é recomendada nas astenias gastrointestinais e circulatória, sem trazer, contudo nenhum prejuízo ao organismo, mesmo após uso prolongado.

Preconizam infuso, obtido com 50grs de pó para 1 litro de água, para tomar uma colher das de sobremesa 2 a 3 vezes por dia.

Damiana – A Damiana é a Turnera opifera M. da farm das Turneraceae. Tem como habitat Minas e São Paulo.

Pio Correa inscreve-a como “Afrodisica, alternante...” “exerce ação tónica e imediata sobre os órgãos genito-urinarios.

“Desde 1699, o missionário espanhol J. de Salvatierra tinha preconizado como afrodisíaco a Damiana, donde se prepara nos Estados Unidos em extrato.Gingibre

Gengibre – O gengibre está inscrito na Farmacopeia Brasileira, como Zingiber (Linné). A parte usada como droga é o rizoma que é um simpodo com as ramificações situadas em um único plano, medindo de 4 a 16cms. De comprimento, por 4 a 30 de largura.

A composição qumica revela, 2 a 3% de essência, que apresenta-se como líquido espesso, amarelo verdoento, de odor a gengibre, de sabor picante, sendo constituída de cineol, d-canfeno.

É droga conhecidíssima como afrodisíaco sendo ainda citada nos livros modernos como estomacal, estimulante, aromático,