sábado, 30 de maio de 2015

Os caminhos da Farmacognosia através da farmácia

Ainda no começo do século XIX, no alvorecer das ciências, as substâncias medicinais provinham dos três reinos da Natureza, mas, em breve, com o desenvolvimento da Química, isolaram-se deste conjunto os fármacos minerais; depois foram reduzidos os de origem animal, pouco a pouco, a um número escasso. Entretanto apareceram novas substâncias medicinais de origem biológica e preparadas por síntese química, simultaneamente surgiram novas atividades científicas que rapidamente se desenvolveram e do mesmo modo justificaram novas disciplinas nos quadros de ensino: os soros e vacinas, os fermentos, as vitaminas, os hormônios e os produtos opoterápicos, estudados em Bacteriologia.

Inicialmente a Farmacognosia era dedicada a todos os simples adequados à preparação de medicamentos, reduziram-na ao estudo das plantas medicinais e a um número escasso de animais e seus derivados (órgãos e produtos de secreção) que ainda alguns tratadistas teimaram em eliminar para justificar as designações de “Matéria Farmacêutica Vegetal”, “História Natural das Drogas Simples e Origem Vegetal”, “Farmacognosia Vegetal”, “ Matéria Médica e Matérias Primas de Origem Vegetal”, etc.
Circunscrito assim o seu âmbito, pode, enfim, desenvolver-se o conceito desta nossa ciência sem nos preocuparmos com o rigor de uma definição.
Etimologicamente, Farmacognosia é a ciência que tem por objetivo o conhecimento dos fármacos, limitados aos provenientes, como dissemos, dos dois reinos vivos da Natureza e em particular aos de origem vegetal. Quer dizer, pretende realizar o seu estudo nos diversos aspectos, da origem, cultura, colheita, preparação e conservação, identificação pelos seus caracteres macroscópicos e microscópicos, composição química, pesquisa de falsificações, atividade farmacológica relacionada com os métodos de aferição, usos diversos; por vezes, também sob alguns outros aspectos, o histórico, o econômico, etc; ainda, na separação dos seus constituintes ativos, isolamento de secreções ou grupos de princípios imediatos e estabelecimento das relações bioquímicas (corpos gordos, óleos essenciais, resinas, etc). Mas entre todos, interessa-lhe particularmente, os problemas relacionados com a identificação e a análise.
A Farmacognosia tem, pois, de aproveitar os ensinamentos de várias ciências para o estudo dos fármacos, nos diversos aspectos que tem de considerar, distinguindo-se a Botânica, a Química e a Farmacodinamia, reputadas fundamentais. Foi só depois de se apoiar nestas ciências, liberta do empirismo, que adquiriu um carácter científico.

Bibliografia: Ismael Astrada, Apuntes de Farmacognosia , 1927

San Martin Casamada Elemtnos de Farmacognosia Generale, Barcelona, 1949; Farmacognosia descritiva, Barcelona, 1957; Farmacognosia com Farmacodinamia, Barcelona 1957.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A História da Farmacognosia em suas origens

Sem pretender obedecer ao rigor de uma definição científica, mas apenas mostrando um pouco da história deste estudo falaremos aqui de farmacognosia como um conjunto de substâncias fisiologicamente ativas reunidas pelo farmacêutico sob forma estabelecida e que administrado ao doente pode curá-lo ou, pelo menos, minorar-lhe o sofrimento.
Estas substâncias ativas, naturais e produzidas pelas indústrias químicas e biológicas, designam-se por substâncias ou drogas medicinais e também por fármacos.

Antiguidade os médicos preparavam os medicamentos para os seus doentes; chegaram até nós os nomes de alguns, mas destaca-se só o de Dioscórides, eminente médico do sec. I da era cristã, autor de uma obra notável “de Matéria Médica” muito comentada e guia de ensaio até a época do Renascimento. Nela se referem também numerosas drogas provenientes exclusivamente, como até há pouco, dos três reinos da Natureza.
Esta expressão, Matéria Médica, hoje consagrada, utiliza-se algumas vezes como sinônimo de Farmacologia, a ciência dos medicamentos e da sua ação sobre o organismo sadio ou doente; geralmente, porém , designa só um dos seus capítulos, aquele que estuda todos os fármacos - qualquer que seja a sua origem, vegetal, animal, biológica ou química – quanto farmacologia, continuando o médico a estudar a atividade. – quanto à sua proveniência, característica e propriedades.
O desenvolvimento de novos ramos das ciências médicas determinou, também, a cisão da farmacologia, continuando o médico a estudar a atividade fisiológica de todas as substâncias medicamentosas sobre o organismo humano, nos diversos aspectos que interessam à Medicina, incluindo a forma de administração vias de eliminação, doses, etc. O emprego destas substâncias na prevenção e tratamento das doenças constitui o objetivo da Farmacoterapia.
Com o progresso registrado no estudo das substâncias naturais utilizadas na preparação de medicamentos – nos seus diversos aspectos relacionados com a origem, identificação, conservação e análise pelos métodos mais adequados – houve necessidade de denominar esta nova ciência, já autónoma, de uma forma conveniente.
No começo do século XIX, Guibourt, ilustre professor da antiga Escola de Farmácia da Universidade de Paris, publicou uma obra muito apreciada no seu tempo, o título: “História Natural das Drogas Simples”, e que serviu para designar uma disciplina do curso de Farmácia.
Na mesma época empregou-se, pela primeira vez, o termo Farmacognosia, rapidamente generalizado, derivado de Pharmakon, com o significado de substância medicinal e de Gnosis, conhecimento, com a terminação ia, que determina a acentuação grave.
Bibliografia: Ismael Astrada, Apuntes de Farmacognosia , 1927

San Martin Casamada Elemtnos de Farmacognosia Generale, Barcelona, 1949; Farmacognosia descritiva, Baarcelona, 1957; Farmacognosia com Farmacodinamia, Barcelona 1957.

domingo, 3 de maio de 2015

A árvore da vaca de leite

A árvore leiteira como é conhecida pelos botânicos de Brosimum galactodendron ou Galactodendron utile, que é nativa em uma faixa de terra entre a Venezuela na América Equatoria e Barcelona na Espanha a leste.
Os terrenos onde lea vegeta variam de 500 a 1000metros de altitude, achando-se ai isolada ou raras vezes em grupos de 6 até 10 exemplares e a natureza do solo e condições de clima pouco diferem da Serra de Friburgo, de Petrópolis no estado do Rio de Janeiro.
É uma árvore majestosa, de extraordinárias dimensões e admiráveis qualidades.
As de tronco corpulento produzem copioso suco, muito semelhante ao leite de vaca. Puro ou misturado com café, apresenta gosto e aspecto semelhante aos da mistura deste com o leite de vaca.
Leite de 
Os camponeses na Venezuela empregam-no como remédio eficaz contra moléstias intestinais e pulmonares.
O professor Henitz fez a analise deste suco leitoso e achou em 100gras de suco: albumina, 40grs, Cera A, 5,80grs, Cera B 31,40gs substancia gomosa e açúcar 4,70grs e sais 0,40grs.
Esta análise não explica claramente a saponificação ou a emulsão da cera liquida.
Em outra análise feita por Boussingault com 100grs deste suco leitoso encontrou: Princípio particular saponificável e cera 35,20grs ; substancia sacarina 2,80grs. Substancia albuminoides 1,70grs, sais 0,50grs, substâncias indeterminadas 1,80grs
A aparente analogia deste suco com o leite de vaca é razoável, apesar de medir grande distância um do outro; e a sua viscosidade é devida a muita cera que tem, parecendo esta última idêntica a cera fornecida pelas abelhas.
Pela composição deste suco vê-se que ele não é um produto verdadeiramente alimentício como de fato apregoam, servido somente para encher o estomago, possuindo pequena proporçãpo de princípios nutritivos.
Leite de Arvore da vaca de leite.
O Sr Benties diz que o leite dest árvore é, para maior parte dos homens, um estimulante que não poderá tomar sem risco e que é um remédio enérgico principalmente nas afecções do sistema urinário e pulmonar.
É certo que algumas árvores das nossas florestas extraem-se resinas e substancias mais ou menos semelhantes à cera das abelhas; mas delas esta é uma das que fornece quantidade por meio simples, econômico e fácil.
Feitas algumas incisões no tronco, recebe-se o suco que é exposto aos raios de sol em vasilhas de largas superfícies.
Este suco leitoso é perfeitamente miscível com água em todas as proporções, não se coagulando pela ebulição depois de misturado, nem também pelos ácidos, como dá-se com o leite de vaca.
Com o papel de tornesol dá ligeira reação acida.
O suco evaporado a banho maria dá um resíduo aromático, que pode servir de incenso nas igrejas.
Da mesma maneira que o leite, depois de fervido e algumas horas de repouso, separam-se em duas partes, uma mais líquida e outra mais densa.

Abandonado ao ar acidifica-se adquirindo um cheiro desagradável, que pode ser evitado pela ação prévia de algumas gotas de acido clorídrico

Bibliografia: Peckolt, Gustavo: Revista União Médica, Matéria Médica e Farmacológica. 1925