quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Os estudos e a vida de Gustavo Peckolt

Nasceu em 2 de junho de 1861 e faleceu aos 62 anos a 13 de outubro de 1949 na cidade do Rio de Janeiro o botânico e químico Gustavo Peckolt filho único de Theodoro Peckolt.
Como seu pai era extremamente dedicado ao estudo das plantas medicinais, alimentares e de gozo do Brasil. Desvendar os segredos da flora brasileira era seu desafio diário.  Era profundo conhecedor da natureza, não somente da química e da botânica, que para ele não tinha segredos, mas também da zoologia, a geologia e a mineralogia eram para Gustavo Peckolt objeto de estudo observações.

Estudou milhares de plantas brasileiras, das quais desvendou as propriedades, tendo encontrado muitíssima que por ele foram classificadas. Posteriormente, estudou os Criptogamos do Brasil, forneceu a ciência de espécies e gêneros, completamente novos e desconhecidos da ciência.
O Dr, Miranda Ribeiro, do Museu Nacional, designou com o seu nome mais uma espécie de peixe por Peckolt classificada. Dos fungos que enviou ao célebre especialista C. G. Lloyd, muitos trazem do nome de Gustavo Peckolt, como homenagem e reconhecimento ao seu trabalho.
Quanto a geologia e a mineralogia, sua grande cultura trouxe a lume métodos e análises, pesquisas e classificações que juntou a sua bela coleção de minerais do Brasil.
Como químico dos mais notáveis, fez e publicou milhares de análises, consideradas perfeitas quer aqui ou na Europa, tendo sido a maioria de seus trabalhos químicos publicados na Alemanha, onde era vultosa a sua reputação, como cientista notável, e donde recebeu com justo mérito o título de Doutor, em ciências físicas e naturais.
Era membro de diversas Academias estrangeiras e associação cientifica: sócio da Sociedade Nacional de Agricultura, fundador da Sociedade Entomológica Brasileira, de diversas sociedades beneficentes para os pobres, enfermos e mutilados de guerra, e benemérito das crianças órfãs de guerra, para as quais concorria com extraordinário prazer; consultor técnico da revista Chácaras e Quintais e redator do Almanaque Agrícola Brasileiro.
Extremoso pai e esposo, bom patrão, bom amigo, bom católico forte e rico de todas as virtudes.
Cursou a Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro, onde tirou os cursos de química e farmácia em 1882, fazendo o curso completo em tempo reduzido com notas distintas.
Em 1883, foi nomeado professor de química orgânica e analítica no Instituto Farmacêutico do Rio de Janeiro, e nesse mesmo ano, foi ainda eleito redator da Revista Pharmaceutica, desse instituto. Neste mesmo ano foi premiado na Exposição Internacional da Áustria com o diploma de honra pela apresentação de uma coleção de “Alcaloides e produtos químicos, extraídos de vegetais da flora brasileira”.
Estes são apenas alguns feitos do grande cientista brasileiro Gustavo Peckolt.


Bibliografia: Revista de Flora Medicinal 1949. – escrito por Oswaldo Peckolt.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Figuras ilustres do naturalismo brasileiro do começo do século XX falam sobre Theodoro Peckolt

Em 21 de setembro de 1912 faleceu no Rio de Janeiro o maior naturalista que o Brasil conheceu naqueles anos dourados para os estudos da Flora Brasileira. Para fazer o seu necrológico o botânico e naturalista H. Von Hering não economizou figuras ilustres da época para falar de Peckolt.

Fala H. C. Carpenter:” É sábio que os homens que possuem virtudes e dons excepcionais entregam-se e dedicam-se às suas vocações, pouco se importando muitas vezes do juízo que deles fazemos, antes querendo trabalhar no silêncio, com receio de serem perturbados nas árduas tarefas a que se entregam. Theodoro Peckolt, está incluído no número destes homens extraordinários que só tem em vista realizar a vocação extraordinária que o destino lhe traçou e ter como prazer e honra a satisfação do homem que cumpriu o seu dever. Pouco conhecido entre os grande público por excessiva modéstia que o caracterizava, deixa, não obstante, inúmeros amigos e discípulos”.
Segundo Von Hering os trabalhos de Peckolt foi totalmente dedicado à flora brasileira. “Poucos brasileiros podem avaliar o valor técnico deste trabalho, Theodoro gastou 65 anos de sua vida produtivas dedicando-se a procurar princípios ativos em nossa flora”.
Muitas centenas de especialidades farmacêuticas ele tornou conhecida nos centros científicos da Europa. Para ele “teve a honra de ser o primeiro a ter conhecimento de suas propriedades para que outros as explorassem em proveito de seus semelhantes”.
Segundo Von Hering, Peckolt analisou aproximadamente seis mil plantas qualitativa e quantitativamente, todas elas nativas. Desconhecidas, ou utilizada empiricamente, sem que suas propriedades físicas e químicas fossem conhecidas. Seu trabalho não era descoordenado, mas, como em todos os atos de sua vida, se desenvolveu com precisão do mais rigoroso método.
Theodoro Peckolt não descansava aos domingos: desde a manhã até altas horas da noite, dedicava-se á botânica, classificação de plantas e registro dos trabalhos científicos que havia executado durante a semana.
Nasceu aos 13 de julho de 1822 em Pechern (Niderlausitz), na Silésia, província alemã. Foram seus pais o Capitão lanceiros Carlos Peckolt, fazendeiros e dona Eleonora Alckermann Peckolt.
Filho de pais pobres teve rudes princípios e triunfou na vida só confiando em seu trabalho, que foi por ele honrado. Imortalizou seu nome através das conquistas alcançadas por meio de muito e metódico trabalho ao longo de sua vida.
Peckolt aportou no Brasil em novembro de 1874 e começou a exploração do país. Viveu aqui 65 anos viajava para colher material para análise no lombo de um cavalo que comprara com suas economias. Naquela época não havia estradas de ferro e os caminhos eram os mais primitivos ainda assim, esteve por todo o Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.
Em novembro de 1851 abriu uma farmácia na cidade de Cantagalo, próximo a Nova Friburgo no estado do Rio de Janeiro, onde residiu por 17 anos. Ganhou ai o profundo conhecimento de nossa flora que o distinguiu.
Esta é a nossa homenagem a quem dedicou sua vida a conhecer a Flora Brasileira.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1949 – H. Von Lhering


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Entre a botânica e a farmacognosia

O vocábulo droga é de origem um tanto obscura, e tem apresentado pequenas variantes em sua significação através dos tempos. É assim que parecendo pela primeira vez no século quatorze, para denominar certos produtos alimentares vindos do Oriente, principalmente as especiarias, mais tarde já no século quinze, era de uso corrente na Itália tendo então a significação atual, mas abrangendo também os produtos de origem mineral. A etimologia
alemã trecken – secar – dada a este vocábulo por alguns autores, parece um tanto estranha, levando mesmo o Profº Dezani a observar que sendo a Itália nesta época o centro do comércio de droga – Veneza o porto para onde elas fluíam do Oriente e donde eram depois distribuídas pelo resto da Europa – tenha recebido do alemão, uma palavra que ela deveria exportar juntamente com as mercadorias cujo nome significava. O Profº Pedro Pinto acredita com razão, ser antes a palavra de origem holandesa, povo navegador que nesta época mantinha intenso comércio marítimo com outras nações e certamente não era estranho ao trafego das drogas, produtos cuja conservação só era assegurada, quando perfeitamente secos.
Tem-se observado certa tendência para a substituição da palavra droga apesar do seu antigo uso para denominar as matérias primas, dos medicamentos, de certo, pela acepção pejorativa que possui na linguagem vulgar e também pela extensão que se tem dado ao seu emprego sendo usado no comércio farmacêutico até para designar preparados e substâncias químicas em geral. Os espanhóis tendo Gomes Pamo á frente empregam a expressão “materiales farmacêuticos”, para substituir o vacabulo droga e entre nós, o Profº Pedro Pinto propôs a palavra farmacogno. Os antigos denominavam as drogas de medicamentos simples ou apenas simples, assim que, vamos figurar esta palavra, no título de algumas obras clássicas, como por exemplo, o livro de Garcia d’Orta: Coloquios dos Simples e Drogas da Índia. Sob qualquer das denominações propostas, a droga pode ser definida como materiais vegetais ou animais que podem diretamente servir como medicamento, ou mais geralmente, após transformação em formas farmacêuticas ou ainda por meio de seus princípios imediatos isolados.
A parte da Farmacologia que opera a transformação da droga em medicamento é denominada Farmacomorfica. Dada a grande predominância das drogas de origem vegetal muitas pessoas tem confundido a botânica farmacêutica com a farmacognosia; são, entretanto, coisas bem diversas, considerando o objeto de estudo de cada uma e as suas finalidades. Uma, estuda a planta medicinal como entidade biológica, como um tipo botanicamente definido a outra, estuda apenas as partes do vegetal que são usadas na medicina, que as vezes pode coincidir ser toda a planta, mas  em geral, é apenas um de seus órgão, ou parte deste, ou ainda um produto da atividade fisiológica ou patológica do vegetal; neste último caso, só podendo ser identificada pelo farmacognosta, lançando este, mão de meios químicos, físicos e biológicos.
Muito tem contribuído para esta confusão as classificações botânicas, adotas por alguns farmacognostas para a sistematização das drogas, segundo as famílias naturais, classificação estas, que malgrado as criticas de Schleiden, “que chegou a conceituar este método de classificação como um verdadeiro atentado a autonomia da farmacognosia, tem adquirido modernamente grande importância, depois dos recentes trabalhos de farmacognosia comparada e de histologia sistêmica”.


Bibliografia: Revista da Associação Brasileira de Farmacêuticos – Abril 1936 – Profº Oswaldo A. Costa.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Campo de ação e os limites da Farmacognosia

No Brasil de 1936 os estudos de farmacognosia eram escassos e em geral feitos por farmacognostas, é de toda conveniência que as indicações terapêuticas não sejam omitidas, pois que assim, poderão estes trabalhos despertar o interesse dos médicos para os preciosos recursos terapêuticos encerrados em nossa flora. É bem verdade, que, muitas
Estudo dos vegetais
vezes, essas indicações são por demais empíricas, mas convém lembrar que quase todas as plantas hoje utilizadas, tiveram sua origem na medicina popular, cabendo, pois ao medico a verificação de tais indicações. Assim como ao farmacodinamista, não é possível em toda a sua existência repetir os ensaios feitos pelos demais experimentadores, para se capacitar da veracidade deles e para os reproduzir em seus escritos e o terapeuta de mesma forma se tem de curvar  nas observações de seus antecessores, ampliando-as, é verdade, em alguns setores, assim também não vemos motivos que impeçam ao farmacognosta buscar nas mesmas fontes que a falta de conhecimento especializados contingência do tempo não permitirem se estabelecer. Assim, podemos dizer que o campo de investigação da farmacognosia, não se acha ainda perfeitamente delimitado. Querem uns que ela se ocupe exclusivamente do estudo dos caracteres morfológicos, microscópicos e da composição química das drogas de origem vegetal e animal sem ter em vista a sua aplicação medicinal, visando unicamente a sua identificação e o reconhecimento das impurezas e falsificações. Julgando outros ser fim precípuo dessa disciplina o estudo das drogas medicinais, extendem seu domínio até a farmacodinâmica e a terapêutica.
Os primeiros, considerando a Farmacognosia como um capítulo da Merciologia, como a definiu Martius, (Theodor Wilhelm Christian Martius, professor de farmacognosia na Alemanha, Erlangen),adstringem-se ao conhecimento da droga, em si, justificando até certo ponto a sua maneira de ver pela etimologia grega da palavra, droga, e conhecimento. Este grupo tem a sua frente o vulto respeitável do eminente professor de Berna, e parece no momento atual reunir maior número de adeptos. Os outros que seguem a orientação da escola de Paris têm a chefiá-los o sábio professor Perrot. Não podemos deixar de fazer aqui uma referência especial aos trabalhos do Prof. Wasicky de Viena, e aos do professor Simon de Pacova, que se fitam a esta última escola. Tendo mesmo Waiscky denominado o seu tratado de Farmacognosia. De qualquer forma, insistimos mais uma vez o campo da Farmacognosia é vastíssimo e se acha situado entre o das ciências (físico-naturais) e o da química, são pois, estas ciências, uma fornecendo material de estudo e os seus métodos e s outras os processos analíticos de pesquisa, as suas maiores auxiliares. Além da botânica, da química e da física , a zoologia, a etnologia, a geografia, a história etc. podem ser consideradas como subsidiárias da Farmacognosia e foi mesmo baseado nelas que o Professor Tschrich estabeleceu as suas onze divisões da farmagnosia pura e geral. E na Farmacognosia especial, uma das duas divisões dessa disciplina, que se faz estudo monográfico das drogas, estudo este que segundo ainda aquele professor deve compreender sempre que possível os seguintes dados: Nome vulgar da droga, Sinonimia e etimologia. Classificação sistemática da planta produtora. Descrição da planta produtora. Origem e produção da mesma. Cultura da planta medicinal. Danificadores da cultura. Obtenção da droga. Colheita e tratamento. Mercados. Variedades comerciais. Embalagens. Descrição da droga. Impurezas falsificações e Sucedaneos. Animais danificadores da droga (eventual). Qualidade e avaliação do preço. Histórico. Empregos.


Bibliografia: Costa, Profº Oswaldo A. – Revista da Associação Brasileira de Farmacêuticos. Abril de 1936 – Botanica e Farmacognosia