terça-feira, 29 de outubro de 2013

Pfaffia paniculata, Martius

A Pfaffia paniculata, Martius (Kuntze) conhecida pelos nomes populares de: paratudo, carango, enche prato, ginsen brasileiro, etc. É um vegetal que pertence a família Aralicaceae. Sua raiz contém ácido pfaffico que é uma nova estrutura baseada no hexaciclico nortriterpeno. Em pessoas com câncer, mostrou resultado positivo.
Pfaffia paniculata, Matius
O ácido pfaffico tem alto poder de inibição sobre culturas vivas de cálulas tumorais, tais como melanoma B-16, Hela S-3 e sobre células de carcinoma de pulmão; na concentração de 4-6 ug/ml usado o método definido por Takgnoto et a1.

Utilizam-se as raízes processadas e aplicadas em pessoas com câncer, mostrou resultado positivo. A pfaffia também tem propriedades terapêutica tais como: combate a anemia, a bronquite, o colesterol, o diabetes, a fadiga, a calvice, a impotência sexual, doenças de pele, prisão de ventre, stress, tuberculose, diabetes, moléstias do aparelho digestivo, labirintites e tremores dos velhos etc.
A presença de alantoína nas raízes do vegetal pode estar relacionada com a ação cicatrizante e a atividade antiúlcera atribuída à planta. É empregado como cicatrizante. Admite-se que melhore a pele e a irrigação dos cabelos. O uso popular admite também ação terapêutica em: reumatismo, artrite, artrose e úlcera varicosa.
Para ser consumida ela passa por uma lavagem. Depois é cortada, desidratada, inspecionada e então fica pronta para se embalada. Pode ser consumida em pó, adicionada na água ou em suco ou em cápsulas.


Bibliografia: Fragmento do estudo realizado pelo Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Profº Fernando Oliveira, Gokithi Aksue e Maria Kubata Aksue

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Feijó e o Profº Dias da Rocha : dois séculos de fitoterapia no Ceará

5. Spigelia anthelmia L. (lombrigueira). Esta pequena erva anual dos terrenos úmidos é registrada pelo naturalista Feijó com os mesmos usos medicinal popular referido pelas comunidades atuais. E , portanto, um dos vermífugos mais antigos da medicina popular cearense.
6. Convolvulus michoacan ( batata de purga) Provavelmente esta espécie corresponde hoje a Operculina macrocarpa (L.). Farwell e sua congere O.alata (Meiss) Urban, cujo nome popular e usos são, ainda, os mesmos de hoje. Ambas são trepadeiras lenhosas, de raízes tuberosas grandes e piriformes. A primeira é bienal e apresenta flores alvas em demorada floração. A segunda é anual e suas flores são amarelas. Os tubérculos de ambas estão oficializados na Farmacopéia com o nome de jalapa brasileira e são largamente comercializados sob o nome de aparas de batata de purga.
Batata de purga - Convulvulus michoacan
7. Polygonum virginianum (pimenta d’água) corresponde, pela descrição, a Polygonum acre H.B.K conhecida vulgarmente, também, pelo nome de pimenta d’água ou, segundo a denominação sulina, erva de bicho. O registro de seu uso como anti-hemorroidal, hoje raro, no Nordeste, coincide com seu emprego atual feito através de produtos fitoterápicos industrializados.
Quase meio século depois do trabalho do naturalista Feijó aparece a primeira publicação específica sobre plantas medicinais cearenses versando sobre 67 espécies regionais e seu emprego medicinal. Esta publicação, de autoria dde Manoel Freire Alemão de Cisneiros (1834-1863), mais conhecido como Freire Alemão Sobrinho é referida como sendo o primeiro texto de matéria médica de Plantas Medicinais do Ceará. Foi divulgada em 1860, sob o título Lista dos Simplices da Matéria Médica Brasileira que se Encontram na Província do Ceará coincidindo com a publicação da “Flora Cearense”, de Francisco Freire Alemão (1790 -1874), elavorada durante os anos de 1859-1861, enquanto presidia a Comissão Científica que desenvolveu vários estudos no Ceará.
Meio século depois, no ano de 1919, vem à lume, a Botânica Médica Cearense do Professor Francisco Dias da Rocha (1869-1960), naturalista versado no exercício da fitoterapia, ocupando-se de 166 espécies de plantas nativas na região, e que, na palavra do próprio autor, tratava-se da primeira edição da terapêutica indígena cearense. Este trabalho foi ampliado reeditado pelo próprio autor em 1947.
Entretanto, a principal fonte de consulta, facilmente disponível, para a atual geração de botânicos, químicos, farmacologistas, e mesmo para os leigos interessados em plantas medicinais nordestinas, veio a ser o livro do Profº Raimundo Renato de Almeida Braga (1905-1968), Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará, editado em 1953.
Renato Braga, escritor e historiador por vocação e agrônomo, professor de zootecnia por profissão, reuniu em 1.416 verbetes de seu livro, um grande número de informações sobre a maioria das plantas da flora nordestina, incluindo muitos dados acerca de seus usos o que permite considerá-lo como uma verdadeira botânica econômica regional. Por causa de sua intensa procura, este livro foi reimpresso oito vezes, pela Editora Mossoroense, da Escola Superior de Agronomia de Mossoró (ESAM), em sucessivas edições, a partir da segunda edição tirada em 1960.
CONTINUA

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia, 72(1): 21-24, 1991 – F.J. de Abreu Matos-Supervisor do Horto de Plantas Medicinais. Universidade Federal do Ceará – Campus do Pici 60.750 – Fortaleza Ceará 

Continuação Plantas Medicinais do Norte de Minas – Pedra Azul

Mamona: Euphorbiaceae – Ricinus communis, Linn
O óleo fornecido pelas sementes tem propriedadess estomacais e purgativas. É ainda, usado contra febres.
Amostra de sementes de Mamona - Embrapa

Marianinha: Commelinaceae – Commelina nudiflora, Linn
O líquido existente entre as brácteas desta Commelinaceae é utilizado como colírio.

Marinheiro: Meliaceae – Trichilia oblonga, C.DC.
Vegetal muito frutífero de cuja raiz se extrai uma goma de ação drástica.

Mastruço: Chenopodiaceae – Chenopodium ambrosioides, Linn]
As sementes amassadas juntamente com óleo de rícino e rapadura ou açúcar produz um melado com o qual se combatem vermes intestinais. O sumo das folhas juntamente com leite é utilizado contra dores internas.

Maxixe de capeta: Solanaceae – Datura stramonium, Linn
As folhas secas desta planta são usadas, sob a forma de cigarros, para compater a asma.

Melão de São Caetano: Curcubitaceae – Mormodica charantia, Linn
As folhas machucadas e espremidas dão uma seiva tida como ótima nos casos de suspensão das regas.

Mentrasto: Compositae – Ageratum conzoides, Linn
Com esta planta, muito abundante na regi~]ao, fazem-se banhos para as perturientes, como desinfetante.

Mulungu do Brejo: Leguminosa Papilionatae – Erythrina reticulata, Presl.
As cinzas obtidas desta planta são empregadas no fabrico de sabão; o chá das folhas é utilizado localmente em casos de dores de dente; o cozimento das flores é tido como cardiotônico.

Pau de oveia: Leguminosa caesalpinoideae – Cassia sulcata, D.C.
As folhas tem propriedades anti-reumáticas

Pega Pinto: Nyctaginaceae – Boerhaavia hirsuta, Linn
O chá obtido da sua batatinha é indicado para combater dermatoses.

Pimentinha: Compositae – Spilanthes acmelia, Murr
O sumo das flores é usado localmente nas cáries dentárias quando há dor de dente. As inflorescências mastigadas deixam a boca dormente.

Suma amargosa: Trigoniaceae – Trigonia nívea, Cambess
O chá feito com esta planta é indicado no tratamento de doenças renais.

Umburana macha: Leguminosae Papilonateae – Torresea cearensis, Allam
A infusão da casca desta planta produz, para os locais um substituto do chá; é também usado no tratamento de picadas de cobras venenosas e escorpiões. Devido ao aroma da casca utiliza-se o pó desta para aromatizar fumo e rapé.

Velame do campo: Euphorbiaceae – Croton campestris , St. Hill
Planta aromática cujo látex é empregado contra o cancro mole, quando usado localmente.


Biliografia: Sellowia – Anais botânicos – 1954 – R.J.Siqueira Jaccoud – Instituto Oswaldo Cruz-

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Naturalista Feijó na fitoterapia do Ceará

As mais antigas referências sobre o uso de plantas medicinais, no Ceará, estão registradas como observações suplementares em alguns verbetes da “Coleção Descriptiva das Plantas da Capitania do Ceará”. Escrita entre os anos de 1803 e 1805 por João da Sylva Feijó (1760-1824), cognominado naturalista Feijó, foi divulgada apenas em 1818, depois ter sido considerada perdida durante vários anos. Recentemente, Geraldo Nobre reproduziu em edição comentada o trabalho de Feijó, facilitando o acesso a descrições de uma centena e meia de espécies e referência ao uso medicinal de, pelo vinte delas.
Destas espécies, as sete citadas a seguir, merecem destaque especial pela permanência quase imutável de suas indicações terapêuticas ao longo de quase dois séculos de uso na medicina fitoterápica popular regional.
1 – Baerhavia coccínea Will (pega pinto ou batata de porco). Esta planta e uma pequena erva anual de ramos pegajosos, longos, finos e graciosamente dispostos. Sua raiz tuberosa, fusiforme e amilácea têm sido usadas para preparação de um macerado aquoso, levemente fermentado, conhecido no Nordeste pelo nome de aluá, que é muito consumido, mesmo atualmente, como bebida refrescante dita diurética e desobstruente do fígado.
2 – Lippia citriodora, H.B.K (erva cidreira). Esta designação botânica corresponde a um tipo
Erva cidreira
de erva cidreira mais comum no sul do Brasil, descrita hoje sob a denominação de Aloysia triphyllat (L.Herit) Britt cuja presença no Ceará é duvidosa. No Nordeste são conhecidas, atualmente, pelo nome de erva-cidreira, duas outras espécies de Lippia, L. geminatta H.B.K e Lippia alba Browwn ET H.B.K. As três tem o mesmo aroma característico do citral, responsável por sua denominação popular. A propriedade antidispéptica, assinalada nesta planta pelo naturalista Feijó, é referida, também, nos relatos populares de hoje, sendo-lhe atribuída ainda a indicação de calmante, talvez por analogia com a erva-cidreira verdadeira que corresponde a Melissa officinalis L. e cujo aroma é semelhante.
3 – Comelina nudiflora, L. (= C. comunis Vell) (marianinha). Pequena erva cosmopolita tropical, citada desde então como planta diurética. Esta propriedade é atribuída também, a várias outras espécies da mesma família, inclusive a C.deficiens, Kunth, conhecida como erva mijona ou trapoeraba e C.virginica, Rit, de nome popular Maria mole ou trapoeraba azul.
4 – Scoparia dulcis, L. (vassourinha) referida por Feijó, com o mesmo nome científico e popular empregado atualmente . recebe ainda o sinônimo “tupiçaba”. O cozimento preparado com suas raízes tem sido recomendado, ao longo do tempo, no tratamento caseiro da tosse, embora, numerosas outras indicações terapêuticas desta planta sejam encontradas nos levantamentos etnobotânicos e etnofarmacológicos.
CONTINUA

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia, 72(1): 21-24, 1991 – F.J. de Abreu Matos-Supervisor do Horto de Plantas Medicinais. Universidade Federal do Ceará – Campus do Pici 60.750 – Fortaleza Ceará 

Toxicidade e atividade anti-inflamatória da Tabebuia Avellanedae

Sob a denominação vulgar de “Ipê” são conhecidas algumas variedades de plantas, todas pertencentes ao gênero Tabebuia ou Tecoma, da família Bignoniaceae.
Tabebuia avellanedae
Tido como dotadas de virtudes terapêuticas, os “ipês” são indiscriminadamente utilizados, sob as formas farmacêuticas mais diversas, tais como decocto, infuso, tintura e principalmente como preparados de aplicação local.
Freise, em 1933, em artigo sobre Plantas Medicinais Brasilieras, fez descrição de diversas espécies do gênero Tecoma, referindo sobre as inúmeras aplicações de infusos de suas cascas.
A atividade antimicrobiana foi verificada por Lima e col (1956, 1962), após estudo realizado com lenho de Tabebuia avellanedae.Seus princípios ativos foram logo identificados como lapachois, derivados de naftoquinonas, que também exibem discreta atividade anticoagulante, segundo pesquisas mais recentes.
Desde que o assunto foi colocado em foco a alguns anos, por Valter Accorsi, Professor de Botânica da “escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz”, de Piracicaba, S.P. despertou o interesse pela pesquisa. Seminários e palestras foram realizados por vários grupos de especialistas e o estado de São Paulo, através de sua Secretaria de Saúde, chegou a nomear uma comissão, para o estudo do assunto.
A tarefa, entretanto, é extremamente árdua, diante de sérios problemas relacionados à determinação exata das espécies e isolamento de seus princípios ativos.
O princípio ativo responsável pela atividade anti-inflamatória não foi esclarecido, O seu estudo é relativamente difícil diante da complexidade de sua composição química.
Após ensaios fotoquímicos realizados com a casca de Tabebuia avellanedae, ao Lado de outras variedades do mesmo gênero, relataram a presença de inúmeras substâncias, e entre as quais, as sapogeninas, provavelmente, do tipo esteroide. Esta informação motivou a execução do presente trabalho.
Conclusões: O extrato bruto de saponinas de Tabebuia avellanedae, injetado por via entra-parenteral, apresenta baixa toxicidade;
O extrato de sapogeninas da mesma origem, em suspensão aquosa, possui atividade anti-inflamatória;
O extrato de sapogeninas não exerce nenhuma atividade específica sobre os intestinos isolados de ratos e cobaios;
Nas doses de 0,5mg e 2,5mg, o extrato de sapogeninas não apresenta ação analgésica.


Bibliografia: Revista da fac de farmácia e bioquímica Vol7/ 1969 – Seizi Oga , Instrutor da Faculdade de Bioquímica da USP – Tomhiko Sekino – Estagiária da faculdade de Bioquímica da USP.

Continuação das Plantas do Norte de Minas – Pedra Azul.

Coirana: Solanaceae – Centrum laevigatum, Schlecht
O banho feito com esta planta é indicado em inflamações e reumatismos.

Cordão de frade: Labiatae – Leonotis nepetaefolia, R.Br
O chá feito com inflorescência tem as mesmas propriedades que a Carqueja.

Corona Crista: Leguminosa mimosoideae – Acacia farnesiana, Will
Hortelã do brejo
Ao cozimento da raiz atribuem-se as mesmas propriedades neutralizantes de peçonhas do Assa-peixe

Erva de rato: Asclepiadaceae – Asclepias eurassavica, Linn
Vegetal muito abundante na região cresce nos pastos e é tóxica para o gado. As folhas machucadas são usadas sobre as feridas para uma rápida cicatrização. O látex desta planta, colocado em uma isca, banana, por exemplo, é tido como violento tóxico para ratos.

Erva de Sangue: Euphorbiaceae – Euphorbia pilulifera, Linn
O cozimento feito com a planta total é utilizado no tratamento da desinteria sanguinolenta.

Erva de Santa Maria: Solanaceae – Solanum nigrum , Linn
O sumo desta planta é indicado na erisipela, refrescando e aliviando a dor. Os frutinhos são apreciados.

Fedegosão: Leguminoseae Caesalpinioideae – Cassi alata, Linn
Este vegetal é recomendado com certos cuidados devido a tocidez. O chá tem ação purgativa, bastando para isso três botões germinativos; em doses menores é usado como digestivo. Segundo um clínico da cidade esta planta é empregada, ainda pelo povo, como abortiva.

Fedegoso: Leguminosae Caesalpinioideae – Cassia occidentalis, Linn
O chá da raiz é usado como estomacal, quando ministrado juntamente com aguardente, alho e pimenta do reino são empregados na gripe e tosse. Na região, com o fito de economia, usa-se a semente desta planta, depois de torrada, para fazer café, pura ou misturada com o pó de café.

Feijão andu: Leguminosae Papilionatae – Cajanus indicus, Spreng
A farofa feita com as smentes desta planta é tida como ótimo alimento.

Fumo bravo: Compositae – Elephantopus scaber, Linn
O chá da raiz é tido como tendo propriedades expectorante; é, ainda esta planta utilizada para combater carrapatos nos animais.

Hortelã do Brejo: Pontederiaceae – Heteranthera reniformis Ruiz & Pav.
O sumo das folhas é empregado para supurar furúnculos. O cozimento de toda planta é usado para banhos em crianças.

Limão Bravo: Rubiaceae – Basanacantha spínosa, K
Usam o cozimento da raiz deste vegetal para combater casaco e falta de ar.

CONTINUA

Biliografia: Sellowia – Anais botânicos – 1954 – R.J.Siqueira Jaccoud – Instituto Oswaldo Cruz-

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Plantas Medicinais do Norte de Minas Gerais

Observação e coleta de informações realizadas entre 24 e 27 de julho de 1952 na cidade de Pedra Azul.
Algodoeiro: Malvacea Gossypium herbaceum , Linn
O líquido existente no botão é usado, localmente contra dores de ouvido.
Anil : Leguminosa-Papilionatae – Indigofera anill, Linn
Emprega-se o sumo das folhas contra as sarnas de cachorro eporcos.
Assa-Peixe: Composta – Vernonia scabra, Pers
Vegetal muito abundante na região e cuja principal utilidade está em fornecer cinzas com as quais se fabrica sabão. É tida como tóxica. Ao pó obtido da raiz atribuem-se propriedades neutralizante de peçonhas de cobras, quando são os animais doméstico   picados por estes ofídios.
Bucha do Xavier: Rubiaceae – Mitracarpum frigidus, Schumann
As folhas deste vegetal, quando verdes, são usadas localmente em casos de reumatismo; contra piolho, usam-na machucadas.
Caiçara: Solanacea – Solanum auriculatum, Ait
O chá feito com raiz desta planta, além de sert recomendado como estomacal, o é ainda contra febres e sífilis.
Camará: Verbenaceae – Solanum auriculatum, Ait
O chá ou xarope praparado com esta planta é recomendado contra tosse.
Capim Açu : Gramineae – Anthaenantia lanata, Benth
O sumo desta planta é usado nas inflamações.
Capim colonião: Graminea – Panicum maximum, Jack
O chá feito com a raiz é usado nos estados gripais.
Cardo Santo: Papaveraceae – Argemone mexicana, Linn
As sementes trituradas e ministradas juntamente com óleo de rícino são indicadas contra dores de um modo geral e febres; moídas com azeite ou puras são empregadas contra a malária. As folhas amassadas com óleo de rícino são tidas como eficazes nas dores de pneumonia.
O fruto desta planta dá bom xarope e é ainda empregado para combater a sarna
Carqueja : Compositae – Baccharis genistelloides, Pers
O chá feito com ramos deste vegetal é tido como estomacal.
Carrapicho: Compositae – Bidens pilosa, Linn
O chá feito com esta planta é tido como diurético; é usado, ainda, com bons resultados, na icterícia.
Cezarinha: Loganiaceae – Buddleia brasiliensis, Jacq
Das raízes desta planta faz-se um chá que é empregado no combate às febres elevadas.
Chá de Tropeiro: Labiatae – Laurus sibiricus, Linn
Com as mesmas propriedades da Carqueja.
Cipó de Catitu: Bignoniaceae – Bignonia venusta , Kergawl.
O chá feito com ramos ou raízes desta trepadeira é considerado eficaz no tratamento da blenorragia.
CONTINUA
Biliografia: Sellowia – Anais botânicos – 1954 – R.J.Siqueira Jaccoud – Instituto Oswaldo Cruz-

O que são os Ipês?

Ipês são diversas espécies de Bignoniáceas, do gênero Tecoma, comumente denominadas Ipês, por ex: Tecoma Umbelatta, Mart; Tecoma Imperdiginosa, Mart; Tecoma Pedicellata, Burn e Schm, que por causa da cor de sua madeira ou também de suas flores, devem ser
IPÊ BRANCO- FLORIDO
mencionadas. As árvores de porte médio ou grande, de casca rugosa, folhas digitadas, escuras em baixo e clara na face oposta, com inflorescência em panículos ou umbelas, axilares e terminais, as flores grandes e belas, frutos em forma de capsulas sptifragas com sementes lateralmente comprimidas, arredondadas, aladas, sem endosperma.
Fornecem a matéria médica da casca, de preferência a camada liberiana ou entre casca, cujo cozimento é empregado como adstringente, em gargarejos em casos de estomatites ou feridas da garganta, principalmente nas úlceras de fundo sifilítico. As virtudes terapêuticas residem no óleo essencial (0,25 a 0,4%) que se pode extrair da casca e que tem um peso específico (15º) de 0,8892. Um cheiro de linalool, e cor levemente amarelada, sendo solúvel em dois volumes de álcool a 70%.
Cuidados no uso de infusões, alcoolaturas e pós
Principalmente Ipê branco e Ipê amarelo: “O preparo da droga deve ser feito unicamente por meio de água, pois outros veículos mesmo o álcool em fraca concentração põem em liberdade componentes de elevada toxidez contidos na entre-casca; suspeita-se a existência de diversos alcaloides”. Dr. Frederico W. Freise
Devido ao fato de a casca (mais ainda a madeira) do Pau Amarelo conter resinas diversas e porcentagens variáveis de ácido lapachonico (C15 H14 O3), o pó obtido para cozimento é ofensivo a pele e a garganta, produzido naquela pústulas, intumescências e fenômenos de queimadura; nesta escoriações epiteliais e feridas sanguíneas. Por causa disto, a alcoolatura da droga deve ser evitada, pois, possue incorporada grande parte destas matérias.
O uso interno de infusões mais forte que 1 parte de casca para 10 partes de água é  seguido de dejeções dolorosas acompanhadas de sangue e detritos da mucosa intestinal. “A análise de Freise revela grande quantidade de Ácido Crisofânico que talvez seja responsável por este efeito que impõem cautela ao administrar a droga”.

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia – Maio/junho-1967 - Lauro P. Cavalcanti- Farmacêutico do Hospital Getúlio Vargas no Rio de Janeiro.

Frederico Sellow e as agruras de um botânico no século XIX

Frederico Sellow foi um dos maiores naturalistas do século XIX. Coletou minerais, animais e plantas, além de realizar levantamentos geográficos e fazer pesquisas geológicas. Escreveu no seu diário a seguinte nota sobre seu trabalho: “Para poder dar conta da procedência, porte, colorido das flores, o botânico é obrigado a colher o seu material pessoalmente. Por
isso, luta com maiores dificuldades do que o zoólogo. Nem sempre quando descobre uma planta interessante a encontra com flores e quando isso acontece ele constata, muitas vezes, que elas apenas também não bastam para resolver as dificuldades da classificação. Outras vezes, encontrando outra em frutificação, descobre também que com os frutos, ramos e folhas igualmente não têm elementos bastante para chegar a um resultado satisfatório”. Isto temos confirmado bastante vezes pela experiência pessoal quando, embrenhado nas florestas e nos campos, realizamos colheitas de espécimes. A experiência é de todos os botânicos que trabalham extramuros, mas muito maiores devem ser as dificuldades dos fitologistas que apenas lidam com espécimes secos dos herbários. Desconhecendo as matas e os campos naturais, eles passam, porém, a criticar e a censurar aos que coligiram os espécimes e que às pressas tiveram de etiquetá-los. Para este detalhe também o citado botânico tem no seu diário outro registro importante. Falando dos trabalhos do naturalista do campo e especialmente do botânico, ele escreveu: “E quando a colheita e o preparo do material têm de ser feitos numa época chuvosa, quando os dias de chuva se sucedem durante muito tempo, ou ainda quando se está acampado numa sombria e úmida floresta, onde tudo embolora e apodrece antes de poder ser guardado, então é que se leva a paciência e a resignação do botânico a mais dura prova”.
Nos conhecemos isto de experiência. Ainda agora de depois de passados quase 40 anos, chegamos a sonhar com os dias de semelhantes dificuldades que tivemos em Mato Grosso. As prensas cheias de material preciosos, com imenso empenho conseguidos nas viagens fluviais, nos pântanos pestíferos e nas sombrias matas, colocados num ângulo do toldo que se encolhe e forma brejos com água de chuva acumulada e o tão ansiosamente esperado raio de sol não aparece durante cinco ou dez dias seguidos. Secar o material ao calor do fogo torna-se inviável, devido carências de espaço sob o acanhado toldo. Finalmente, quando as nuvens desaparecem e o sol surge irradiante, abrindo-se as pressas, para mudar os papeis pelos que ao sol foram aquecidos, constata-se com tristeza que tudo está embolorado, podre e desarticulado.
Tornar a colher material é impossível, porque a tropa está pronta para receber as cangalhas para o prosseguimento do programa de viagem preestabelecido. Nas viagens fluviais, onde os acampamentos sempre têm de ser feito na sobra das matas ribeirinhas úmidas, o drama torna-se ainda mais impressionante, visto que se para apenas para pernoitar ou para almoçar, quando também se precisa fazer a colheita do que estiver florido ou frutificado nas proximidades.

Bibliografia: Relatório do Instituto de Botânica- F.C. Hoehne – Diretor do Inst. de Botânica de São Paulo - 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Considerações sobre a o óleo Chaulmúgrico.

Determinamos as constantes dos óleos obtidos da C. brasiliensis e a Caloncoba echinata, Gilg. Plantadas no Horto Florestal de São Paulo. Da C. Brasiliesis fizemos estudo anatômico do depisperma da semente, ilustrando-o com microfotografias dos cortes obtidos. A C. echinata Gilg, espécie africana, foi perfeitamente aclimatada no Brasil (Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo). Seus frutos são de pequeno diâmetro, coberto de espinhos comoo os da castanha, e o tamanho das sementes é quase igual ao de um grão de arroz, o que destituiria o interesse prático e comercial da cultura, si o óleo não encerrasse elevada percentagem em glicerides chaulmúgrico (74,9%) e glicérides górlicos (14,7%), dependendo de estudos posteriores, opinião cvonncludente e respeito.
Ressaltamos entre as espécies nacionais, a Mayna odorata Aubl, (Amazonas) e a Lindackeria mayenensis Benth (Amazonas e Guianas) as quais apesar do alto poder, rotatório conhecido (respectivamente + 50,4º e + 48,5º) não tiveram nenhuma experimentação clínica.
Cerca de 43 espécies já classificadas são hoje incorporadas a este gênero de tão transcedente importância, ao qual pertencem as primeiras espécies antilepróticas conhecidas (H.Kurzii, H. anthelmintica, H laurifólia).
Já em 1552-1578 existia uma gravura no “Pent-são-kang-um” um herbário Chinês sem dúvida a mais antiga a respeito, e pertencente indubitávelmente ao H. anthelmintica. Parece tratar evidentemente do mesmo Hydnocarpus a citação encontrada na Enciclopedia Nipochinesa “Wakan Sansai Zuve” (1713) quanto ao óleo “taifushi” indicado como remédio para o mal.
Um nome muito semelhante Ao do atual “chaulmugra” é “chawul-magri” ou “chaulmugri” mencionado no dicionário árabe de 1771 “Makhzan –al- Adwyia” (Tesouro da Medicina) composto por um médico persa Mohamed Husein. É um nome hunduatani, usado ainda hoje, com a forma “chaulmugra”, para designar o H. Kurzii em certas regiões da Índia.
No Ocidente o introdutor da medicação chaulmúgrica foi Mouat em 1854.
Os ésteres etílicos, os quais rapidamente suplantaram o óleo por oferecerem maior tolerância e maior pronta absorção.
No Brasil, esses ésteres são preparados em grande escala no “Centro Internacional de Leprologia”, no Rio de Janeiro e no “Serviço de Profilaxia da Lepra” em São Paulo, onde a diferentes formas medicamentosas são os mesmos associados.
Quanto aparte essencialmente química dos óleos chaulmúgricos, procuramos estendê-la, incluindo os estudos realizados desde Peckolt (1866) ATÉ Cole e Cardoso (1939), reunindo num grande quadro todos os ácidos chaulmúgricos conhecidos.
Longa série de estudos é descrita com algumas observações originais, abrangendo diversos pesquisadores e pormenorizando a composição química qualitativa e quantitativa dos diferentes óleos, reações coloridas e microcristalinas.
Concluímos que: As plantas da família das Flacourtiaceas, pelas suas sementes oleaginosas, aparecem como o recurso máximo da terapêutica antileprotica, em seu estado atual. Em terras exóticas viceja a imensa maioria das espécies e o Brasil abriga apenas número limitado delas. Pesadas importações de óleos de chaulmugra asiáticas oneram as serviços oficiais de assistência aos hansenianos. Dificuldades de toda ordem entravam a utilização das espécies indígenas ou aclimadas.


Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia – 1941 – Helena Possôlo- Chefe do laboratório de Química do Serviço de Profilaxia da Lepra do estado de São Paulo. Membro correspondente da Academia Nacional de Farmácia.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As Flacourtiaceas Antilepróticas

SAPUCAINHA
Os óleos das Flacourtiáceas  são há muitos milênios empregados em várias dermatoses, e especialmente na luta contra a lepra. Nas Índias, onde viceja o Hydnocarpus Kurzii, ainda hoje conhecido por chaulmugra, foi sempre um campo vasto, terrivelmente assolado por essa enfermidade, que parece daí ter-se espalhado pouco a pouco pelos países limítrofes, e mais tarde para o Oriente, assinalando sua passagem pelo universo inteiro com o estigma da dor e do sofrimento, sem distinção de latitudes, classes ou raças.
De terras longínquas e de eras remotas, vieram várias lendas alusivas à ação curativa da chaulmugra.
Os nativos da índia, Indochina, Malásia e África já se medicavam com o óleo extraído de várias sementes; a mesma medicação era empregada pelos antigos habitantes do Brasil, que encontravam no óleo das sementes de um vegetal da sua flora, alivio para o mal que os atacava. Todas essas plantas, provenientes de lugares diferentes e de continentes diversos eram, entretanto localizadas nos trópicos e pertencia a mesma família botânica.
Do estudo minucioso dessas plantas e emprego terapêutico cuidadoso de seus produtos, poderia resultar nova orientação ao problema da lepra, contribuindo talvez para incentivar, aprofundar e aperfeiçoar a chaulmugroterapia. Mas, infelizmente até hoje, ainda são desconhecidas as propriedades químicas e terapêuticas dos óleos fornecidos pela maioria das espécies, estendendo esta lacuna tanto as plantas encontradiças em nossa flora, como às exóticas.
Fazemos em nosso trabalho a descrição da família das Flacourtiáceas, sua sistemática segundo Engler, divisão em tribus, sub-tribus e Gêneros. Das tribus Oncobeae e Pangieae citamos todas as espécies de interesse e seus produtos oleosos, com o histórico, habitat, aclimatação, descrição botânica e pesquisas farmacológicas, juntando fotos originais e reprodução de árvores, flores, frutos e sementes.
Os gêneros Oncoba, Caloncoba, Lindacheria, Mayna e Carpotroches, pertencentes à tribu Oncobeae, são encontrados na África e América Tropicais, cpom inúmeros representantes na flora brasileira. Destes somente a Carpotroche brasiliensis Endl tem sido estudada e aplicada. O seu óleo vulgarmente conhecido por “óleo de sapucainha”, já fora em 1866 preconizado por Theodoro Peckolt como provável substituto da chaulmugra indiana, diante das propriedades antiparasitárias e dematósicas aclamados por indígenas e civilizados.
A Peckolt devemos o primeiro estudo químico do referido óleo pertencente à classe da chaulmugra, e realizado treze anos antes de Moss o fizesse numa chaulmugra indiana, então denominado “óleo ginocárdio”.


Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia – 1941 – Helena Possôlo- Chefe do laboratório de Química do Serviço de Profilaxia da Lepra do estado de São Paulo. Membro correspondente da Academia Nacional de Farmácia.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Chaulmugra e o “Canudo de pito”

Em 1924 veio de Cuba a solicitação, para uma revista especializada, de sementes de uma árvore brasileira, Carpotroche brasiliensis, Engl. Alegando como motivo do pedido a sua qualidade de fornecer um óleo igual e de efeitos aos da própria chaulmugra das Índias. A redação da revista que recebeu o pedido se sentiu honrada com a solicitação. Porém, tinha por dever esclarecer. Na verdade havia na época, 1924, uma grande confusão em relação ao nome das chaulmugras – Oncoba echinata ou Carpatroche brasiliensis. Por hora era secundário saber qual o nome exato da planta. O principal era identifica se no nosso Carpotroche brasiliensis, Engl havia ou não princípio ativo. Apelamos para médicos, químicos e farmacêuticos para que estudasse e analisassem o óleo do “canudo de pito”, Carpatroche brasiliensis, já alisado por Theodoro Peckolt que nele descobriu um princípio orgânico, a carpatrochina. 
Carpatroche brasiliensis - "Canudo de pito"
Através do neto de Theodoro Peckolt,  Waldemar Peckolt, médicpo conceituado no Rio de Janeiro, que colaborou com seu conhecimento. O autor explica que já pelo seu pai e avô, Dr. Gustavo Peckolt tinham sido feitos estudos completos, botânico, químico e farmacoterapeutico, de “canudo de pito”, publicados no “Hell und Nutzpflanzen Brasiliensis” em 1889 e no Analyses de Matéria Medica Brasileira em 1867. A leitura do artigo do Dr Waldemar Peckolt é indispensável a todos que se interessem pelo assunto e que por ventura tiverem o desejo de fazer novos estudos sobre a matéria.
A chaulmugra acha-se aqui classificada com os nomes de Taraktogenos Kurzii e Gynocardia odorata.
Segundo o Museu Botânico de Berlim o gênero Oncoba (Lundia Schum. Et Thonn) é africano com 5 espécies, de flores  grandes, bonitas, brancas e cheirosas e fruto grande, redondo,deiscente, cujo pericarpo é ligneo e cheio de uma polpa carnosa ou gelatinosa na qual se acham pequenas e numerosas sementes, e constituído por arbustos, árvores arbustivas ou árvores pequenas. Os frutos grandes de O. spinosa Forsk ( que supomos ser sinônimo de O. echinata servem na África do este, de caixa para rapé e pólvora, e no Kamerun, os dois lados unidos por um barbante de brinquedo.
A chaulmugra não é nenhuma espécie do gênero Oncoba.
O gênero Gynocardia R. Br. (Chaulmugra Roxb – Chilmoria Buch-Ham) é da Índia como única espécie, G. odorata R. Br. Com flores bem grandes, cheirosas, nas axilas e nas folhas ou no próprio tronco e o fruto é uma capsula grande com pericarpo grosso lenhoso e a polpa gelatinosa. As sementes são ovais de varias formas. É uma árvore que há pouco tempo ainda se acreditava fosse fornecedora do afamado óleo de chaulmugra.
Porém, novas pesquisas aniquilaram esta suposição. O óleo obtido das sementes desta planta é absolutamente diferente do verdadeiro sendo agora chamada chaulmugra falsa.
As sementes de Hydnocarpus Kurzii fornecem o legitimo e tão apreciado óleo de chaulmugra que nas Índias, mormente em Burma e também na China desde séculos tem sido aplicado em doenças cutâneas e especialmente como um eficaz antileproso. O óleo contem dois ácidos: chaulmugra e hydno cárpico. Os habitantes servem-se da polpa para atordoar peixe.
Sobre o canudo de pito, Carpatroche brasiliensis, Engl, a possível chaulmugra do Brasil, nada acrescentamos.


Bibliografia: Almanaque Agrícola Brasileiro, 1926 – Dr Gustavo Edwal.