domingo, 23 de abril de 2017

A Hanseníase e os benefícios do óleo de caju

Adam e seus colaboradores levaram a efeito o estudo da relação entre a constituição dos ácidos hidnocárpico e chaulmoogrico e sua atuação sobre o Bacillus leprae. Eles verificaram que a modificação no radial cíclico pouco influi e sim o radical alkil de carbono 16 para 18. Atualmente emprega-se, no Brasil, hidnocarpato de etila e chaulmograto de etila, de mistura (etilídios, no nosso conceito), preparando-lhes, em São Paulo, por Helena Possolo; no Rio, por Humberto Cardoso; no Ceará, por Osvaldo Rabelo.

A adição de um halogênio, iodo, poderia aumentar a atividade dos radicais desses referidos ácidos. O exacerbamento, de atividade, nessas condições, deve ser prejudicial aos doentes: bem ponderando, o iodo ligado ao radical do ácido chaulmoogrico entraria, dissimuladamente, no seio da matéria viva do leproso e encontrando-a já combalida por carência de elementos de defesa por causa da nocente ação do possível enzímio secretado pelo Mycobactéria (enzimio de alto poder oxidante), atuaria, é possível, sobre As globias, desagregando-lhes os bactérios; mas esse trabalho de desagregação não teria efeito desejado por isto que a ação oxidante do iodo, fatal, refletiria sobre as substâncias de defesa dos elementos figurados escorchando-os por oxidação a ponto de produzir até a floculação dos heteroproteinas, choques coloidoclásicos e, possivelmente, a morte somática. Por isto, segundo entendemos, devem-se ministrar preparações iodadas, aos leprosos, em dose oligodinâmica e associadas ao insaponificável do óleo de caju. O lipídio portador do iodo, em tais preparações, deve ser formado de esteres dos ácidos oleico e linoleico, respectivamente. Mesmo assim, faz-se necessário o ministrarem-se aos doentes, antes, durante e depois do tratamento, preparações ricas em ácido ascórbico (vitamina C), cloridrato de tiamina (vitamina B), glutatião e extrato hepático.
 O sábio leprólogo brasileiro Dr. Achiles Lisboa, belo talento e cultura das mais sólidas do Brasil contemporâneo, em entrevista concedida ao “Diário do Norte”, maranhão, em linguagem elegante, faz a respeito dos óleos iodados, o seguinte comentário: “Pareceu-nos que nos óleos iodificados estaria o elemento terapêutico, que pudesse levar à intimidade das globias tão poderoso agente medicamentoso.
Era de observação que toda vez que se aplica nos leprosos um produto iodado qualquer, há uma franca lise microbacterial, com visível granulação dos microbacterios, reação febril por um verdadeiro choque colidaclasico, em virtude do derrame na circulação da andotóxina deste agente patogênico, que assim se liberta pela dissolução das globias. A esta reação, sucede um melhoramento das lesões.”
Ao Dr Achiles Lisboa não passou despercebida a influencia do colesterol no sentido de atenuar as intoxicações devidas a introdução dissimulada do iodo no seio da matéria viva por isto que esse esterol ocorre normalmente nas células dos animais e pode, em casos como esses, atenuar a ação oxidante do iodo, fazendo-o transformar-se em substância que sobre serem imprescindíveis ao quimismo dos organismos dos animais superiores são capazes de impedir processo de hemólise, processos de desidratação e floculção.
As observações do Dr Moraes Filho, quando Diretor da Colônia Antonio Justa, Maracanaú, Ceará, confirmaram, em 20 doentes, as propriedades farmacêuticas dos principais componentes do óleo de caju, reveladas, em todos, por “aumento de força, maior disposição para o trabalho, maior resistência ao esforço físico, acentuada e benéfica influencia sobre os olhos; em outros, especialmente, na refazer das unhas, na ação sobre o mal perfurante e sobre a Keratose da pele, a volta da sensibilidade”.


Bibliografia: Furtado, Joaquim Juarez; Revista Brasileira de Farmácia – março de 1946. 

domingo, 16 de abril de 2017

Capim Limão é planta que dá o “lemon-grasses”.

No passado ao longo de estradas de ferro e de rodagem de nosso país, o viajante viam, em numerosos trechos, as viçosas touceiras de uma gramínea, ordenadas. Prendendo a terra desenvolvida trama radicular, ela protege o leito da estrada das erosões e desbarrancamentos. Quando se esmagam entre os dedos as suas lâminas, exala um penetrante aroma de limão. Daí o nome popular de “capim limão”, que lhe é dado, ao lado de outros, equivalentes.
Cymbopogon citratus, (D.C.) Stapf
Essa gramínea é, pois, um dos “lemon-grasses” que tão grande aplicação em perfumaria e farmácia têm, em todo o mundo. Entretanto, no Brasil, é rarissimamente para o fim da obtenção da essência e a sua aplicação reduz-se em relação à proteção das estradas, a obtenção de chás caseiros, empregados para tratamento de distúrbios gástricos ou nervosos.
O “capim-limão” é forte, porém, de valioso óleo essencial, de muita procura e relativa escassez no mercado nacional. Toma-se interessante proceder ao estudo sistemático da planta produtora, das condições de sua utilização como matéria prima para a extração de essência dela obtida. Visando sua incorporação ao arsenal fitoterápico, impõe-se também o seu estudo farmacognóstico.
Nomes vulgares; Capim limão, capim cidreira, capim cheiroso, Erva cidreira, Jacapé e jaçapé.
A designação de “jacapé, ou Jaçapé”, nitidamente indígena significa cáa, folha; apé, chato.
O nome botânico é Cymbopogon citratus, (D.C.) Stapf. O habitat é provavelmente a Índia e aclimatou-se nos trópicos de todo o mundo, mas é cultivada em países como Ceilão, Java, Formosa, Birmânia, Filipinas.
No Brasil é muito cultivada para sustentação de barrancos a beira das estradas de ferro e de rodagem.
É planta de grande resistência e versatilidade,
Grande variedade de solos e de climas. Parece claro que os solos úmidos e encharcados, assim como as zonas frias sujeitas a geadas, não lhe são favoráveis. Os terrenos argilosos e silico-argilosos fornecem ótimas condições de desenvolvimento. A plantação se faz, longe da época das chuvas por mudas enraizadas, arrancadas das touceiras. A não ser o aconchego de terra nos primeiros tempos, nenhum cuidado especial é requerido para o seu desenvolvimento. É boa prática a formação de um viveiro, onde as mudas, após atingir nove meses, são transplantadas para o local definitivo. O vegetal permite numerosos cortes por ano.
A principal característica deste vegetal e a alta presença de citral.

Bibliografia: Revista brasileira de Farmácia – Abril de 1945 – C.H. Liberalli, J.H. Helou, Ada A. França.


domingo, 9 de abril de 2017

O valor terapêutico do óleo de Sucupira

Sucupira é uma árvore da flora brasileira inscrita na primeira farmacopeia brasileira, cujo nome científico é Bowdichia virgilioides  da família das leguminosas.
Nas Matas do Amazonas ou Mata Atlântica esta leguminosa é abundante.
Pode mudar o porte da planta, suas maior ou menos ramagem porém e sempre o mesmo vegetal.
Folhas de Bowdichia virgilioides
A nossa farmacopeia incluiu a Sucupira em seu texto, descrevendo apenas a casca, como a parte utilizada na medicina, e para as representações farmacêuticas assinala o extrato fluído e a tintura de sucupira, não falando no óleo, nem nos tubérculos, que também possuem propriedades medicinais e curativas em determinadas enfermidades.
Assim, como centenas de milhares de exemplares de nossa flora, Sucupira, não falando no óleo, não tem estudo completo de sua individualidade botânica, há não ser notas esparsas, a descrição da casca que consta na farmacopeia, e ultimamente o professor Antenor Machado escreveu sobre o óleo, porém não nos foi possível obter tal escrito. Os nomes vulgares desta planta são: Sebipira, Sicupua, Sebupira-guassú, Curubaimirim, Sipipira.
Flores de Sucupira
Além do nome científico consignado na farmacopeia, há o atribuído por Martius: Bowdichia major. É um vegetal de porte majestoso de porte avantajado de 8 a 10 metros de altura e há exemplares mais robustos, principalmente no Amazonas, sendo seu diâmetro médio do caule de meio a um metro.
O caule apresenta em sua parte externa a casca, de cor escura parda, rugosa, com aspecto de verrugas de cor de ferrugem, rachas longitudinais profundas e algumas fendas transversais bastante espaçadas. Sabor amargo e adstringente. Esta descrição é da casca do caule. Retirada esta camada aparece à parte lenhosa, de cor diversa, amarelada, resistente tornando-se assim excelente madeira para carpintaria, para fabricação de móveis, esquadrias e portas.
Martius, menciona que assistiu no norte do Brasil um médico baiano empregar as sementes torradas, moídas, fazer depois um infuso, como se prepara o café, que tomamos diariamente, e usar tal bebida no tratamento do linfatismo, falta de energia, um café de sementes torradas e moídas, de Sucupira.
As sementes são empregadas, sob forma de tintura, no tratamento do reumatismo, nas formas articulares agudas ou crônicas e mesmo no denominado gotoso; também as sementes podem ser maceradas em vinho, ou sob forma de infuso. Como gastrointestinais e hepáticas tem encontrado nas sementes de Sucupira um benéfico medicamento de ação já comprovada.
O óleo de Sucupira é extraído das sementes pelo processo de expressão. É um óleo viscosa sendo a percentagem das sementes entre 10 e 14%; quando impuros este óleo é parecido com o de Copaiba.
A essência pode ser retirada destilando o óleo e se obtém um óleo essencial bastante claro, insípido e insolúvel em 10 volumes de álcool a 90º.
O caboclo é quem utiliza o óleo de sucupira no reumatismo, de inflamações e como remédio de feridas infecionadas. É bastante útil em fricções na pele, por não ser tóxico.


Bibliografia: Revista brasileira de Farmácia – Fevereiro 1948 – Professor Heitor Luz

sábado, 1 de abril de 2017

Catuaba um excitante natural

Com o nome vulgar de catuaba ou Catuiba é empregada, para os mesmos fins terapêuticos, no Brasil uma bignoniácea, a Anemopaegma mirandum (Chamisso) de Candolle.

O naturalista alemão Luiz C. A. Chamisso de Boncourt, de origem franceses, educado em Berlim e conhecido por Adalbert von Chamisso, classificou esta planta em 1839 com o nome de Bignonia Miranda. No mesmo gênero foi classificada pelo monge mineiro frei José Mariano da Conceição Velloso, com o nome de Bignonia arvensis, na sua Flora Fluminensis, começada em 1870 e só publicada em 1890, cuja estampa, como a minoria das demais desse obra, dá apenas uma vaga idéia da planta.
Von Martius verificou, entretanto, pertencer a Catuaba ao seu gênero Anemopaegma, onde a classificou com o nome de Anemopaegma essilifolim, Martius.
A Catuaba é um subarbusto ereto, campestre, ou melhor, uma erva perene, de base lenhosa, raramente subvoluvel na parte superior, de rizoma grosso, duro, atingindo até 1,5m de diâmetro, horizontal ou descendente, toruloso e de caule simples, ereto ou ascendente, de base lenhosa, quadrangular ou subcilíndrico, estriadas de 18 a 25 e raramente até 40cm de comprimento e cuja base mede em geral 2 e raramente até 4mm de diâmetro.
A Catuaba é usada como excitante geral, nas moléstias nervosas; é recomendada nas astenias gastrointestinais e circulatórias, na ataxia locomotora, nas nevralgias antigas, no reumatismo crônico, nas paralisias parciais e na desinteira.
Dizem ser um afrodisíaco de uma potencia extraordinária, sem trazer com tudo nenhum prejuízo ao organismo, mesmo após uso prolongado.
Modo de uso:
Internamente: Infuso, 50grs para 1 litro d’água, para tomar uma colher de sobremesa duas a três vezes ao dia.
Extrato fluido, de 1 a 4grs por dia, as refeições. Tintura, de 5 a 20grs diárias. Vinho, 1 cálice em cada refeição.
Externamente – O decocto, 100grs para 1 litro de água, em loções sobre as partes genitais.

Bibliografia:Silva, Rodolfo Albino Dias da  Revista Brasileira de Medicina e Pharmacia, nº 1-2 ano 1927.