domingo, 26 de outubro de 2014

Medicamentos famosos derivados de Plantas Medicinais

Quinino: Alcaloide obtido de Chichona officinalis, árvore da família das Rubiáceas. A História da utilização da casca de Quina inicia-se  em 1630  quando a esposa do conde de Chinchón adoeceu de malária e o corregedor real da cidade de Lojá, no Equador, sabedor da utilização pelos  nativos da casca desta árvore ofereceu a condessa, que ao utilizá-la restabeleceu-se. Quando do seu retorno a Europa a paciente levou uma determinada quantidade, que logo passou a ser conhecida como “pó da condessa”, sendo depois conhecido como “pó dos jesuítas”, devido a estes terem comercializado a córtex da árvore por toda a Europa. Ainda hoje, apesar da síntese de substâncias antimaláricas de certa eficiência, principalmente após a guerra do Vietnam, continua sendo o medicamento de eleição em casos graves de malária por Plasmodium falciparum.
 Com certeza o medicamento mais vendido em todo o mundo tem a história de sua origem iniciada no século XVIII. Pode-se dizer que é o melhor exemplo de estreita relação que existe entre as plantas medicinais e a farmacologia moderna. A aspirina teve sua origem na casca do Salgueiro, árvore do gênero Salix, que cresce a beira d’água para onde desenvolve as suas raízes. Segundo a teoria das assinaturas, isto era indício evidente que o Salgueiro apresentaria resistência a resfriados e gripes, sendo então utilizado para combater os mesmos. Interessante é descrever esta teoria que representa uma época de pré-conhecimento científico. Segundo a mesma, cada planta levaria um sinal indicando as suas propriedades; assim as plantas carnudas deveriam desenvolver a carne humana; o látex amarelado da Chelidônia indicaria a sua utilidade na icterícia. Parece-nos atualmente uma insensatez, mas muitas substâncias utilizadas na nossa atual terapêutica tiveram um “ancestral” descoberto tendo por base esta teoria, e a aspirina é um dos melhores exemplos. Aconteceu então que em 1829, o francês Leroux conseguiu extrair da casca do Salgueiro uma substância que denominou salicínia (do nome latino do gênero da árvore).Logo depois um farmacêutico suíço chamado Paigensttcher destilou flores e plantas, a rainha dos prado planta do gênero Spiraea, que também gostava de ter os “pés” molhados, obtendo uma substância muito semelhante a salicina, o salicinato de metilo. Finalizando na Alemanha onde foi sintetizado o ácido salicílico que produziu um derivado o ácido acetilsalicílico, que nada mais é que o nome da aspirina, cuja sílaba spir lembra sua origem vegetal de rainha dos prados.
Reserpina: Alcalóide da Rauwolfia serpentina, além de ser universalmente utilizada como anti-hipertensivo, produziu por derivação diversas substâncias tranquilizantes, constituindo-se num fármaco da maior importância para a farmacologia moderna.

Digital: No século XIX as curandeiras mineiras utilizavam para a barriga d’água o chá de Dedaleira, isto era então motivo de chacota dos médicos da época, hoje sabemos que a quantidade de digitoxicos naquela planta justificava plenamente aquela prática da medicina tradicional, exemplificando a necessidade relevante de não desprezarmos a memória popular, injustamente relegada a um plano inferior, pela excessiva arrogância da ciência moderna, esquecida de suas origens humildes. Sabemos suficientemente o que significa uma civilização desprezar o seu passado, a história é pródiga de exemplos iguais de decadência.


Bibliografia: Anais do Congresso Nacional sobre Essências Nativas – Edison S. Neves- setembro de 1982

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