Os holandeses,
apesar das recentes restrições contra o transplante de quina para outras
terras. Mandaram ao Peru um botânico de valor, Justus Hasskarl, cuja atuação
foi agitada. Teve de atravessar os Andes sob incógnito; subornou funcionários;
e organizou encontros secretos na fronteira da Bolívia, onde os sacos de
sementes juntadas pelos índios eram trocados por ouro.
Após dois
anos de trabalheira conseguiu Hasskarl chegar ás Índias Holandesa com centenas
de mudas e sementes. As mudas não resistiram a demorada travessia, só as
sementes se salvaram.
Jardim Botânico de Londres |
O governo
holandês mostrou-se grato ao valente explorador e o deixou coordenando as
plantações de quina em Java. Também o condecorou.
Mas ocorreu
um engano trágico, ou era ainda o feitiço? As sementens produziram lindas
plantinhas, com as quais se formaram vastos quintais, mas Hasskarl havia
trazido às sementes erradas. A casca daquela chinchona não revelou a presença
do alcaloide....
Os governos
sul americanos souberam dessas tentativas para lhes roubar um monopólio natural
e disseram: “Deus nos deu grandes florestas de chinchona e não podemos permitir
que nos roubem o monopólio. Havemos de defende-lo.
Foram
decretadas rigorosas leis reguladoras da exportação da casca perviana, não só
no Peru como na Bolívia, no Equador e na Colombia, onde também existia a
preciosa árvore.
Cascas podiam
sair desses países, mas não sementes ou mudas, nada que pudesse criar a cultura
da chinchona fora daquelas zonas. Enquanto isso, milhões de maláricos pelo
mundo inteiro imploravam quina e viam o seu preço subir sempre.
Numa
repartição publica da Inglaterra estava um jovem funcionário inglês lendo
correspondência oficial sobre a Chinchona. Chamava-se Clements Markham, 24
anos, filho dum sacerdote, mas desinclinado a seguir a carreira do pai.
Por quatro
anos já tinha servido na marinha britânica, e visitara a América do Sul, o
México, a California, as Ilhas Sandwick; também tomara parte na mal sucedida
procura de Sir John Franklin, que desaparecera numa caçada lá pela Northwest
Passage. Em sua estada no Para estudara a história dos antigos incas.
Mais tarde
passou seis horríveis semanas numa repartição do governo a copiar carunchosos testamentos.
Um mês antes de fazer 24 anos foi tirado de tão desalentadora tarefa e removido
para outro setor, onde lhe incumbia lidar com os negócios entre o governo
inglês e a Companhia das Índias.
Foi quando
desenterrou um velho relatório oficial com a historia secreta da chinchona
No Peru havia
Markham visto florestas de chinchona, mas só agora apreendia o imenso valor.
Soube pelo relatório que a malária afetava um terço da população do globo e
contra ela só tinha poder a quinina. Soube também que a malária fazia um milhão
de vitimas por ano.
O relatório
igualmente informava que na Índia e na Ilha de Ceilão as regiões montanhosas
eram do mesmo clima da zona quinifera dos Andes, e mencionava as leis
restritivas em vigor nas republicas sul americanas.
Durante cinco
anos Markham estudou a chinchona e a América do Sul. Conversou a respeito com
Sir William Hooker, diretor do jardim botânico de Kew, e com John Eliot Howard,
o maior manufaturador de quinina da Inglaterra. Consultou botânicos e químicos e
funcionários das Índias Office, informou-se de tudo quanto sabia sobre a
chinchona, o Peru ou a Índia. E por fim, em 1859, apresentou um plano ao
Revenue Comitter, do Índia Office.
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943.
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