O Brasil conhece a Noz de Kola desde os tempos coloniais
quando os africanos trouxeram as primeiras sementes. Foram os escravos os
principais divulgadores das virtudes desta planta no mercado popular.
Na última década do século XIX na Europa a planta se
tornou moda e a propaganda de suas virtudes estimulante se tornou lançamento em
vários mercados de preparados variados. Os botânicos não se cansavam de fazer
monografias de sua espécie. Na América
do Sul começou a importação dos preparados de Kola. Na literatura brasileira
esta planta não foi apontada como cultivada em nossas matas e pomares.
Noz de Kola |
Em 1921 na Bahia entrava no serviço do estado, muito
divulgado pelo Coronel Manoel Duarte Oliveira, naquele tempo secretário da
Fazenda do Estado da Bahia, as nozes de obi e orobô. Um velho escravo lhe aconselhou o uso
constante das sementes. Para ele, esta era a razão da sua saúde e vitalidade.
Por causa de suas boas virtudes o coronel resolveu importar da África as
sementes da tal árvore.
Para saber se havia algumas árvores desta espécie no
Brasil conversamos com o Dr Pirajá da Silva, medico naturalista na Bahia. O
médico informou que havia vários pés nas praças públicas, nos quintais por todo
estado e que no tempo da guerra entre 1914-1918 um fazendeiro comprou no leilão
na alfandega, entre outras mercadorias não retiradas pelos destinatários, umas
sementes que ninguém conhecia e que ele Pirajá suspeitava ser nozes de
kola e por isso recomendou plantar.
Foram plantados vários pés em Camamú, as amêndoas usadas, não definiam
exatamente a espécie da planta.
Em 1922 o Dr Gregorio Bondar, chefe do Departamento
Técnico Agrícola do Instituto do Cacao da Bahia, e diretora geral da Estação
Geral de Experimentação de Água Preta resolveu examinar os pés de Noz de Kola
da capital baiana. Através de exames verificou-se que estas árvores eram
realmente pertencente a família das Sterculiaceas, a espécie Sterculea faetida, sem valor algum
econômico.
No mês de novembro daquele mesmo ano os experimentadores
foram para o município da Camamú na fazenda de João José de Oliveira.
Segundo o senhor Oliveira as sementes foram importadas
por ele em 1914, quando importou, de uma possessão inglesa na África, 500 nozes
da planta, vulgarmente conhecidas pelos africanos como obi ou abajá.
Algumas das nozes tornaram-se árvores produtivas depois
de cinco anos. Cerca de 30 kg no primeiro ano e foram presenteadas ao Instituto
Pasteur da Bahia, que dela tirou extratos e fez exames de seus princípios ativos.
Tendo em vista o sucesso das sementes Oliveira vendeu 300
kg ao mesmo instituto em 1921 e resolveu com o dinheiro importar vinte mil
nozes para que fossem cultivadas em sua fazenda.
Nos pés existentes na fazendo pode-se distinguir duas
espécies de plantas.
A plantação tem 38 pés de kola; deles o maior tem 6
metros de altura, com o diâmetro do tronco de 12cm. O resto é raquítico, e
atinge no máximo um metro e meio a dois metros. A formiga saúva é a grande
inimiga do desenvolvimento desta planta na fazenda.
A noz de kola é apreciada pelos seus princípios
estimulantes; cafeína e teobromina.
A planta requer terreno argiloso, rico em húmus para se
desenvolver.
Bibliografia:
Bondar, Gregorio – Revista da Flora Medicinal – 1937 pág de 123 a 145.
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