sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Cipó Mil Homens

Aristolochia cymbifera, Mart.

As raízes de varias Aristolochias fornecem umirritante muito mais enérgico, e são conhecidas no Brasil sob os nomes de raízes de mil homens e jarrinha e gozam de frequente uso. Originam-se da Aristolochia cymbifera , Mart. Aristolochia Trilobata Jasq, pois que segundo observações recentes efetuadas a forma e extensão da flor variam nestas plantas singularmente por algumas polegadas.
A raiz é na zona de transição nodosa intumescida e com protuberância dividida inferiormente em varias ramificações de, às vezes, alguns pés de comprimento, e se compõe de um córtex esponjoso e grosso, que externamente é castanho-escuro ou quase preto, internamente esbranquiçado e mais ou menos vascularizado em acinzentado, e de um lenho amarelado, longitudinalmente fibroso. Também são empregadas da mesma forma, que a raiz, as partes inferiores dos ramos, que na maioria das vezes são torcidos longitudinalmente fibrosos e providos de lenho amargo, que no entanto, é mais delgado.
Ambas as partes tem sabor amargo, nauseabundo, idêntico ao da arruda e valeriana, e picante por fim. O odor é muito penetrante e mais ativo que o da valeriana, com o qual poderá ser comparado. A raiz de mil homens já foi analisada quimicamente em Portugal por Thomé Rodriguez Sobral; os resultados no entanto são insuficientes, dado o atual estado da química vegetal. O autor dá como componente um principio aromático sui generis, que é solúvel especialmente em álcool, provavelmente pode-se encontrar ai , em análises mais acuradas, um alcaloide;  além disto mucilagem, matéria extrativa, tanino em parte; um principio óleo-resinoso; um amargo análogo ao da quassia, genciana, etc., cal, álcali, ferro, fibras lenhosas.
Estas raízes de Aristolochia fazem parte, no Brasil, dos remédios comuns e caseiros contra mordedura de ofídios. Os “curadores” frequentemente aplicam o decocto e, externamente compressas, com a raiz pulverisada ou também com a herva fresca, recentemente contusa. Em geral o uso continua acarreta vômitos intensos ou evacuações abundantes para visível alívio do doente. Certa vez tive ocasião de vê-la alternadamente, ser dada, em vinho, com o chifre pulverizado que o pássaro Inhuma, tem na testa, e foi com sucesso. Gomes cita particularmente também o uso contra feridas de mai caráter, das pernas, contra queimaduras e febres intermitentes. Quero crer que ela no tifo e na febre adinamica, mereceria a preferência em relação à valeriana e serpentaria, ou pelo menos deveria ser igualada a estas drogas excelentes. A dose é um escropulo do pó, 6-8 vezes; em infuso meia onça para 8 de veículo diariamente.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal, 1936 – Sobre Algumas Drogas Brasileiras, segundo Von Martius, Traduzido por Oswaldo Riedel

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