O Instituto
de Química Agrícola tem enviado incessantes pesquisas no setor da química
vegetal, hoje mais do que nunca, de uma utilidade imediata no recesso de suas
florestas deslumbrantes, possui riquezas dignas de atrair a atenção do mundo.
Ninguém
ignora que a indústria farmacêutica, aqui como alhures, luta com sérias
dificuldades criadas pela guerra. Inúmeras plantas medicinais de ação heroica,
como a digitalis, o estrofanto e outras que na Europa, eram objeto de culturas
delicadas, vão aos poucos desaparecendo do mercado e dia virá, si a situação
mundial continuar conflagrada por mais alguns anos, em que a medicina se verá
privada de recursos para atender a casos de emergência.
E essa
concepção, resultante de uma eventualidade cujas derivativas seriam de
consequências imensamente graves para o Brasil e por certo para o continente
sul americano, que o Instituto de Química Agrícola se vem dedicando ao estudo
de nossa flora, para o que tem contado com a colaboração eficiente do Serviço
Florestal do Brasil, por intermédio do Dr. G. Kahlmann, naturalista, Chefe da
Seção desse Serviço.
Esse botânico
patrício, em uma de suas excursões ao Parque Nacional da Fóz do iguassu, ali
colheu espécies de Rutaceas, Malpighiaceas e de Violarineas, que nos pos a
disposição para o devido estudo
científico.
Coube-nos
verificar em uma delas ocorrência de principio de alto valor terapêutico, a
emetina, alcaloide de nossas ipecas, rutáceas de colheita difícil, porquanto
predominam nos sertões de Mato Grosso, e, por isso, de elevado custo.
Csntatamos a
emetina em uma violarinea, a Ionidum Alba, que se desenvolve exuberantemente
exuberantemente nos Estados do Paraná e Santa Catarina.
Dada a sua
abundância, acreditamos que sua exploração seja de grande alcance, podendo
fazer uma concorrência manifesta à Ipeca.
Damos abaixo
o processo usado em nossas pesquisas:
A raiz do
Ionidium foi dessecada em brande temperatura, e, depois reduzida a pós; este
foi esgotado pelo éter etílico, a fim de ser privado de matéria gorda; feito
isso, foi o mesmo embebido em amônia e novamente tratado pelo éter no aparelho
de Soxhlet; o líquido obtido foi tratado por corantes de ácido bromídrico
dando-se no caso, um precipitado que, recolhido em cadinho poroso e dessecado,
foi logo após dissolvido em água e tratado por soluto diluído de soda. O
precipitado devidamente dessecado em vácuo forneceu pela análise o seguinte
resultado:
Raiz de Ipecacunhanha |
Ponto de
fusão – 67 a 68C (ponto de fusão de emetina).
Reação de
Frohde – Coloração esveerdeada
Peso
Molecolar – (calculado pelo precipitado obtido com ácido cloroplatinico) –
495,83 (peso molecular de emetina).
A pocorrência
da emetina no Ionidium Alba, violarinea comum em nosso país, representa mais
uma nova fonte de riqueza e, por isso, não podemos deixar de levar os nossos
aplausos do Dr. G. Kuhlman com entusiasmo, tem beneficiado o pais, em suas
pesquisas de botânica plicada.
Como
trabalhamos com a raiz integral, não nos foi dado precisar o teor exato de
emetina na planta em estudo, o que faremos tão logo possa o Serviço Florestal
fornece-nos novas amostras da mesma.
Bibliografia:
Revista Brasileira de Farmácia- Fevereiro de 1944 - Antenor Alves de Souza Machado – Quimico de
Industria de Quimica Agrícola.
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