segunda-feira, 5 de maio de 2014

Uma nova fonte e Emetina no Brasil

O Instituto de Química Agrícola tem enviado incessantes pesquisas no setor da química vegetal, hoje mais do que nunca, de uma utilidade imediata no recesso de suas florestas deslumbrantes, possui riquezas dignas de atrair a atenção do mundo.
Ninguém ignora que a indústria farmacêutica, aqui como alhures, luta com sérias dificuldades criadas pela guerra. Inúmeras plantas medicinais de ação heroica, como a digitalis, o estrofanto e outras que na Europa, eram objeto de culturas delicadas, vão aos poucos desaparecendo do mercado e dia virá, si a situação mundial continuar conflagrada por mais alguns anos, em que a medicina se verá privada de recursos para atender a casos de emergência.
E essa concepção, resultante de uma eventualidade cujas derivativas seriam de consequências imensamente graves para o Brasil e por certo para o continente sul americano, que o Instituto de Química Agrícola se vem dedicando ao estudo de nossa flora, para o que tem contado com a colaboração eficiente do Serviço Florestal do Brasil, por intermédio do Dr. G. Kahlmann, naturalista, Chefe da Seção desse Serviço.
Esse botânico patrício, em uma de suas excursões ao Parque Nacional da Fóz do iguassu, ali colheu espécies de Rutaceas, Malpighiaceas e de Violarineas, que nos pos a disposição para o devido  estudo científico.
Coube-nos verificar em uma delas ocorrência de principio de alto valor terapêutico, a emetina, alcaloide de nossas ipecas, rutáceas de colheita difícil, porquanto predominam nos sertões de Mato Grosso, e, por isso, de elevado custo.
Csntatamos a emetina em uma violarinea, a Ionidum Alba, que se desenvolve exuberantemente exuberantemente nos Estados do Paraná e Santa Catarina.
Dada a sua abundância, acreditamos que sua exploração seja de grande alcance, podendo fazer uma concorrência manifesta à Ipeca.
Damos abaixo o processo usado em nossas pesquisas:
A raiz do Ionidium foi dessecada em brande temperatura, e, depois reduzida a pós; este foi esgotado pelo éter etílico, a fim de ser privado de matéria gorda; feito isso, foi o mesmo embebido em amônia e novamente tratado pelo éter no aparelho de Soxhlet; o líquido obtido foi tratado por corantes de ácido bromídrico dando-se no caso, um precipitado que, recolhido em cadinho poroso e dessecado, foi logo após dissolvido em água e tratado por soluto diluído de soda. O precipitado devidamente dessecado em vácuo forneceu pela análise o seguinte resultado:
Raiz de Ipecacunhanha
Ponto de fusão – 67 a 68C (ponto de fusão de emetina).
Reação de Frohde – Coloração esveerdeada
Peso Molecolar – (calculado pelo precipitado obtido com ácido cloroplatinico) – 495,83 (peso molecular de emetina).
A pocorrência da emetina no Ionidium Alba, violarinea comum em nosso país, representa mais uma nova fonte de riqueza e, por isso, não podemos deixar de levar os nossos aplausos do Dr. G. Kuhlman com entusiasmo, tem beneficiado o pais, em suas pesquisas de botânica plicada.
Como trabalhamos com a raiz integral, não nos foi dado precisar o teor exato de emetina na planta em estudo, o que faremos tão logo possa o Serviço Florestal fornece-nos novas amostras da mesma.


Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia- Fevereiro de 1944 -  Antenor Alves de Souza Machado – Quimico de Industria de Quimica Agrícola.

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