Ainda no começo do século XIX, no alvorecer das ciências,
as substâncias medicinais provinham dos três reinos da Natureza, mas, em breve,
com o desenvolvimento da Química, isolaram-se deste conjunto os fármacos minerais;
depois foram reduzidos os de origem animal, pouco a pouco, a um número escasso.
Entretanto apareceram novas substâncias medicinais de origem biológica e
preparadas por síntese química, simultaneamente surgiram novas atividades
científicas que rapidamente se desenvolveram e do mesmo modo justificaram novas
disciplinas nos quadros de ensino: os soros e vacinas, os fermentos, as
vitaminas, os hormônios e os produtos opoterápicos, estudados em Bacteriologia.
Inicialmente a Farmacognosia era dedicada a todos os
simples adequados à preparação de medicamentos, reduziram-na ao estudo das
plantas medicinais e a um número escasso de animais e seus derivados (órgãos e
produtos de secreção) que ainda alguns tratadistas teimaram em eliminar para
justificar as designações de “Matéria Farmacêutica Vegetal”, “História Natural
das Drogas Simples e Origem Vegetal”, “Farmacognosia Vegetal”, “ Matéria Médica
e Matérias Primas de Origem Vegetal”, etc.
Circunscrito assim o seu âmbito, pode, enfim,
desenvolver-se o conceito desta nossa ciência sem nos preocuparmos com o rigor
de uma definição.
Etimologicamente, Farmacognosia é a ciência que tem por
objetivo o conhecimento dos fármacos, limitados aos provenientes, como
dissemos, dos dois reinos vivos da Natureza e em particular aos de origem
vegetal. Quer dizer, pretende realizar o seu estudo nos diversos aspectos, da
origem, cultura, colheita, preparação e conservação, identificação pelos seus
caracteres macroscópicos e microscópicos, composição química, pesquisa de
falsificações, atividade farmacológica relacionada com os métodos de aferição,
usos diversos; por vezes, também sob alguns outros aspectos, o histórico, o econômico,
etc; ainda, na separação dos seus constituintes ativos, isolamento de secreções
ou grupos de princípios imediatos e estabelecimento das relações bioquímicas (corpos
gordos, óleos essenciais, resinas, etc). Mas entre todos, interessa-lhe
particularmente, os problemas relacionados com a identificação e a análise.
A Farmacognosia tem, pois, de aproveitar os ensinamentos
de várias ciências para o estudo dos fármacos, nos diversos aspectos que tem de
considerar, distinguindo-se a Botânica, a Química e a Farmacodinamia, reputadas
fundamentais. Foi só depois de se apoiar nestas ciências, liberta do empirismo,
que adquiriu um carácter científico.
Bibliografia: Ismael Astrada,
Apuntes de Farmacognosia , 1927
San
Martin Casamada Elemtnos de Farmacognosia Generale, Barcelona, 1949;
Farmacognosia descritiva, Barcelona, 1957; Farmacognosia com Farmacodinamia,
Barcelona 1957.
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