O Jornal Shopping News noticiava em maio de 1887: Suas
propriedades são conhecidas no interior de São Paulo, na Amazônia e no Paraná,
há tempos. Mas foi recentemente que o “para tudo”, uma raiz usada popularmente
nestes estados como tonificante, afrodisíaco e contra uma infinidade de males
foi redescoberta. Chamada então erroneamente de ginseg brasileiro (pelo formato
humanoide, e pela semelhança ao produto
oriental), a planta tem verificado aumento de consumo por quantidades
empiricamente observadas que vão desde a cura da anemia à problemas estomacais,
passando pelo diabetes e tuberculose.
Raiz de Pfaffia paniculata |
“Trata-se de uma impropriedade identificar a Pfaffia
paniculata, nome científico do “para tudo”, como ginseng” adverte o professor
Gokithi Akisue, que estuda raiz na
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. “Na verdade, são duas espécies de
famílias, que possuem características morfológicas e histológicas totalmente
diferentes”. Isto significa que, apresentado ou não poder curativo, o vegetal
contem outro conjunto de substâncias que não as do ginseng chamado cientificamente
pelo radical panax.
Na USP, a pesquisa sobre o “para tudo” começou quando,
por curiosidade, algumas pessoas entregaram no Departamento de Farmácia este
material julgado como tonificante da musculatura e atuante contra o stress. A
raiz despertou a curiosidade de Gokithi que, depois de analisa-la, decidiu
junto com os farmacêuticos Fernando de Oliveira e Maria Kubota Akisue e Sixi
Oga, aprofundar os estudos visando obter a sua composição química e chegar as
propriedades farmacológicas.
Dos primeiros trabalhos concluiu-se que há pelo menos
duas espécies de pfaffia, a paniculata (Martius Kuntze) e a irwsinóide de uma
mesma família amarantáceas, sendo utilizadas e conhecidas como “para tudo”.
Publicados na resvista científica “Anais de Farmácia e Química”, da Faculdade
de Farmácia, os resultados chamaram a atenção dos pesquisadores Nobushige Nishimoto
e Tsunematsu Takemoto, da Faculdade de Tocuxima, na província do mesmo nome no
Japão, que pediram a Gokithi material, iniciando, em seguida , sondagens
semelhantes as brasileiras. O isolamento de determinadas substâncias verificado
simultaneamente nos dois países demonstra que as observações populares não são
improcedentes, devendo ser investigadas.
Segundo Gokithi, até o momento foram identificados na
pfaffia o ácido pfáffico e a presença estigmasterol, sitosterol e glicosídeos pfafósidos
derivados, além da alontoina (de propriedade cicatrizante existente também no
confrei) e em outros elementos desconhecidos. Pesquisando a atividade do ácido
pfáfico, e dos pfáfósidos, os japoneses constataram a sua ação contra o
crescimento de certas células tumorais cultivadas, o que faria pressupor uma
atuação anticancerígena. “Os resultados farmacológicos são promissores para estabelecer uma analogia
entre o uso popular e as suas possíveis indicações terapêuticas reais”, avalia.
Por essas, ele próprio não hesita em sugerir o uso para pessoas conhecidas com
algum problema sem solução pela medicina convencional.
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