terça-feira, 16 de junho de 2015

Os estudos Pfaffia paniculata de Gokithi Akisue

O Jornal Shopping News noticiava em maio de 1887: Suas propriedades são conhecidas no interior de São Paulo, na Amazônia e no Paraná, há tempos. Mas foi recentemente que o “para tudo”, uma raiz usada popularmente nestes estados como tonificante, afrodisíaco e contra uma infinidade de males foi redescoberta. Chamada então erroneamente de ginseg brasileiro (pelo formato humanoide, e pela semelhança  ao produto oriental), a planta tem verificado aumento de consumo por quantidades empiricamente observadas que vão desde a cura da anemia à problemas estomacais, passando pelo diabetes e tuberculose.
Raiz de Pfaffia paniculata
“Trata-se de uma impropriedade identificar a Pfaffia paniculata, nome científico do “para tudo”, como ginseng” adverte o professor Gokithi Akisue, que estuda  raiz na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. “Na verdade, são duas espécies de famílias, que possuem características morfológicas e histológicas totalmente diferentes”. Isto significa que, apresentado ou não poder curativo, o vegetal contem outro conjunto de substâncias que não as do ginseng chamado cientificamente pelo radical panax.
Na USP, a pesquisa sobre o “para tudo” começou quando, por curiosidade, algumas pessoas entregaram no Departamento de Farmácia este material julgado como tonificante da musculatura e atuante contra o stress. A raiz despertou a curiosidade de Gokithi que, depois de analisa-la, decidiu junto com os farmacêuticos Fernando de Oliveira e Maria Kubota Akisue e Sixi Oga, aprofundar os estudos visando obter a sua composição química e chegar as propriedades farmacológicas.
Dos primeiros trabalhos concluiu-se que há pelo menos duas espécies de pfaffia, a paniculata (Martius Kuntze) e a irwsinóide de uma mesma família amarantáceas, sendo utilizadas e conhecidas como “para tudo”. Publicados na resvista científica “Anais de Farmácia e Química”, da Faculdade de Farmácia, os resultados chamaram a atenção dos pesquisadores Nobushige Nishimoto e Tsunematsu Takemoto, da Faculdade de Tocuxima, na província do mesmo nome no Japão, que pediram a Gokithi material, iniciando, em seguida , sondagens semelhantes as brasileiras. O isolamento de determinadas substâncias verificado simultaneamente nos dois países demonstra que as observações populares não são improcedentes, devendo ser investigadas.
Segundo Gokithi, até o momento foram identificados na pfaffia o ácido pfáffico e a presença estigmasterol, sitosterol e glicosídeos pfafósidos derivados, além da alontoina (de propriedade cicatrizante existente também no confrei) e em outros elementos desconhecidos. Pesquisando a atividade do ácido pfáfico, e dos pfáfósidos, os japoneses constataram a sua ação contra o crescimento de certas células tumorais cultivadas, o que faria pressupor uma atuação anticancerígena. “Os resultados farmacológicos  são promissores para estabelecer uma analogia entre o uso popular e as suas possíveis indicações terapêuticas reais”, avalia. Por essas, ele próprio não hesita em sugerir o uso para pessoas conhecidas com algum problema sem solução pela medicina convencional.


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