Adam e seus colaboradores levaram a efeito o estudo da
relação entre a constituição dos ácidos hidnocárpico e chaulmoogrico e sua
atuação sobre o Bacillus leprae. Eles verificaram que a modificação no
radial cíclico pouco influi e sim o radical alkil de carbono 16 para 18.
Atualmente emprega-se, no Brasil, hidnocarpato de etila e chaulmograto de
etila, de mistura (etilídios, no nosso conceito), preparando-lhes, em São
Paulo, por Helena Possolo; no Rio, por Humberto Cardoso; no Ceará, por Osvaldo
Rabelo.
A adição de um halogênio, iodo, poderia aumentar a
atividade dos radicais desses referidos ácidos. O exacerbamento, de atividade,
nessas condições, deve ser prejudicial aos doentes: bem ponderando, o iodo
ligado ao radical do ácido chaulmoogrico entraria, dissimuladamente, no seio da
matéria viva do leproso e encontrando-a já combalida por carência de elementos
de defesa por causa da nocente ação do possível enzímio secretado pelo
Mycobactéria (enzimio de alto poder oxidante), atuaria, é possível, sobre As globias,
desagregando-lhes os bactérios; mas esse trabalho de desagregação não teria
efeito desejado por isto que a ação oxidante do iodo, fatal, refletiria sobre
as substâncias de defesa dos elementos figurados escorchando-os por oxidação a
ponto de produzir até a floculação dos heteroproteinas, choques coloidoclásicos
e, possivelmente, a morte somática. Por isto, segundo entendemos, devem-se
ministrar preparações iodadas, aos leprosos, em dose oligodinâmica e associadas
ao insaponificável do óleo de caju. O lipídio portador do iodo, em tais
preparações, deve ser formado de esteres dos ácidos oleico e linoleico,
respectivamente. Mesmo assim, faz-se necessário o ministrarem-se aos doentes,
antes, durante e depois do tratamento, preparações ricas em ácido ascórbico
(vitamina C), cloridrato de tiamina (vitamina B), glutatião e extrato hepático.
O sábio leprólogo
brasileiro Dr. Achiles Lisboa, belo talento e cultura das mais sólidas do
Brasil contemporâneo, em entrevista concedida ao “Diário do Norte”, maranhão,
em linguagem elegante, faz a respeito dos óleos iodados, o seguinte comentário:
“Pareceu-nos que nos óleos iodificados estaria o elemento terapêutico, que
pudesse levar à intimidade das globias tão poderoso agente medicamentoso.
Era de observação que toda vez que se aplica nos leprosos
um produto iodado qualquer, há uma franca lise microbacterial, com visível
granulação dos microbacterios, reação febril por um verdadeiro choque
colidaclasico, em virtude do derrame na circulação da andotóxina deste agente
patogênico, que assim se liberta pela dissolução das globias. A esta reação,
sucede um melhoramento das lesões.”
Ao Dr Achiles Lisboa não passou despercebida a influencia
do colesterol no sentido de atenuar as intoxicações devidas a introdução
dissimulada do iodo no seio da matéria viva por isto que esse esterol ocorre
normalmente nas células dos animais e pode, em casos como esses, atenuar a ação
oxidante do iodo, fazendo-o transformar-se em substância que sobre serem
imprescindíveis ao quimismo dos organismos dos animais superiores são capazes
de impedir processo de hemólise, processos de desidratação e floculção.
As observações do Dr Moraes Filho, quando Diretor da
Colônia Antonio Justa, Maracanaú, Ceará, confirmaram, em 20 doentes, as
propriedades farmacêuticas dos principais componentes do óleo de caju,
reveladas, em todos, por “aumento de força, maior disposição para o trabalho,
maior resistência ao esforço físico, acentuada e benéfica influencia sobre os
olhos; em outros, especialmente, na refazer das unhas, na ação sobre o mal
perfurante e sobre a Keratose da pele, a volta da sensibilidade”.
Bibliografia: Furtado,
Joaquim Juarez; Revista Brasileira de Farmácia – março de 1946.
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