O proprietário da primeira indústria farmacêutica do
brasil, foi também o patrono da cadeira de nº 20 da Academia nacional de
Farmácia e chamava-se Luis Felipe Freire de Aguiar.
Luis Felipe nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 23 de
agosto, filho de Luis Francisco Freire de Aguiar e Dona Francisca de Paula
Fonseca de Aguiar.
Iniciou seu curso de farmácia em 1869 na Faculdade
Nacional de Medicina no Rio de Janeiro, onde logo manifestou decidida vocação e
se formou em 1871.
Serviu durante o curso no Hospital da Marinha como
auxiliar de laboratório, passando depois a ocupar o lugar de segundo
farmacêutico. Deixou o posto em 1874, para ter a sua farmácia no antigo Largo
de Santa Rita. Associou-se a Farmácia Episcopal, a mais antiga das farmácias do
Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar em prol da farmácia brasileira. Em
1877 tonou-se proprietário da Farmácia Episcopal.
Em 1876 casou-se com Dona Rita Lessa Godoi, filha do
Desembargador Antônio Thomáz Godoi e neta do Barão de Diamantina. Deste
casamento nasceram Tindaro Godoi Freire de Aguiar, Abelardo Freire de Aguiar,
(farmacêutico), Astrogildo Freire de Aguiar e Luiza Freire de Aguiar.
Devido a vontade de se dedicar exclusivamente a
manipulação de alguns preparados especiais de sua composição, que começavam a
ganhar confiança, Luis Felipe Freire de Aguiar, vendeu a Farmácia Episcopal
para montar um laboratório para produzir remédios e perfumaria.
Este é um tempo em que a grande maioria dos remédios consumidos
pela população brasileira era importado da Europa. Também não era grande o
número de profissionais que se formavam em farmácia, 20 alunos por ano era o
total de formandos da Faculdade nacional de Medicina do Rio de Janeiro na
última década do século passado.
O grande inimigo do aproveitamento das plantas medicinais
brasileiras eram os remédios importados e o preconceito dos governantes e da
população quanto a sua qualidade e a eficiência. Como ainda hoje, “o que é
importado é melhor”.
No começo, o farmacêutico freire de Aguiar, teve de
sustentar uma disputa judicial com uma fábrica de produtos medicinais,
estrangeira, pois manipulava um produto de formula conhecida, e com o nome
comercial de “Água Inglesa”. No Brasil a distribuição deste remédio era feito
pela poderosa “Sociedade União dos Fabricantes Franceses”.
A Água Inglesa ou da Inglaterra, era um vinho de quina,
muito usada como tônico e antiespasmódico. Até 1888 este produto no Brasil era considerado
um segredo da família de André Lopes Castro, português, porém sua fórmula já
fora escrita na Farmacopéia Tubalense, editada em 1760.
Freire de Aguiar estudou vários vegetais da nossa flora,
e conseguiu elaborar uma fórmula mais
honesta e cientificamente perfeita e obteve a aprovação da sua Água Inglesa
modificada. Para que o farmacêutico brasileiro conseguisse comercializar o seu produto
precisa de uma autorização da inspetoria de Higiene, responsável pela
qualidade dos medicamentos comercializados no país. Em 20 de outubro de 1888 a
Inspetoria Geral de Higiene, expediu uma circular aos seus inspetores de
higiene provinciais e aos droguistas declarando: “Que a Água Inglesa julgada
por esta Inspetoria como a mais adequada a índole dos formulários brasileiros,
é a do farmacêutico Freire de Aguiar”. Foi o que bastou para que a
distribuidora francesa reagisse.
A Sociedade União de Fabricantes Franceses julgou-se
prejudicada em seus interesses no Brasil, e entrou com processo judicial no
foro de Ouro Preto contra Freire de Aguiar. Freire de Aguiar, sem nenhum
auxilio, teve que arcar com todas as despesas dos processos, conseguindo
triunfar, sempre até em última instância. Teve muito dissabores, por não querer
ceder um só milímetro de seu direito, tal era a convicção que tinha do serviço
que prestava a sua profissão.
Depois de vencer todas as batalhas pela sua “Água Inglesa
modificada”, voltou ao Rio de Janeiro e fundou outro laboratório na rua General
Câmara, mais tarde mudou seu estabelecimento para a rua Conde de Bomfim. Neste
novo estabelecimento cedeu ao insistente convite do seu colega e amigo
farmacêutico Paulo Barreto e organizou, em 1890 a “Companhia Química Industrial
da Flora Brasileira”, da qual ficou apenas com o cargo técnico.
Em pouco tempo, dois anos, Freire de Aguiar viu o seu bem
montado estabelecimento pedir falência. Nesta época sua indústria já tinha cem
produtos, sendo muitos da flora nacional e outros de matéria prima estrangeira.
Bibliografia
:
Revista Brasileira de Farmácia 1944/45
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