domingo, 13 de maio de 2012

Os muitos nomes de uma mesma planta


Malva do Campo

O crescente incremento que vai tomando a exploração das plantas brasileiras torna inadiável a elaboração de um dicionário, de um dicionário, de um livro prático capaz de orientar com segurança os que se dedicam às ciências aplicadas, na pesquisa das designações científicas das plantas que estudam ou exploram.
A nomenclatura comum pela qual as plantas úteis são conhecidas pelo povo, não pode absolutamente servir de ponto de reparo da sua determinação pois um mesmo nome é dado em geral a plantas diversas ao mesmo tempo que por nomes diversos, segundo as zonas, se designam as mesmas plantas.
A importância de uma determinação rigorosa como base de qualquer estudo sobre os vegetais não precisa mais de ser posta em evidencia; é por demais sabido que todo o trabalho fitológico não  precedido por essa determinação, nenhum valor tem pois ninguém há que possa saber com segurança a que plantas se refere o estudo feito.
Os trabalhos de determinação apresentam, porém, dificuldades que só podem ser vencidas pelo que a eles se dedicam exclusivamente, pode-se assim dizer; nos mais adiantados países do mundo esses trabalhos são ainda parcelados em especialidades de que absolutamente não se afastam os que a elas se subordinam.
Formam-se  assim os especialistas que se ocupam em geral com uma ou algumas famílias de plantas.
Considerando-se que, segundo os sistemas atuais de classificação, o número de famílias dos vegetais passa de 400, e que dentro de cada família tem sempre o botânico classificador de se haver com formas caprichosas nas quais a Natureza se esmera em armazenar tropeços á segura determinação, a ninguém é dado, máxime no que concerne a uma riquíssima flora qual a brasileira, cogitar a um tempo de sistemática e de botânica aplicada a não ser que queira consciente e voluntariamente, consumir tempo excessivo na pesquisa da determinação científica, sujeitando-se ainda a erro de identificação.
A Sistemática, no dizer de Houssay, é a redução estática da Natureza; encarando os vegetais, considera-os em equilíbrio, em repouso e os projeta por ordem de suas afinidades naturais no estreito âmbito de múltiplas sinopses de suja contemplação é dado ao homem cercear algum tanto o enigma da criação.
Este é o valor intrínseco da sistemática ou metodologia; para os que a essa parte da ciência das plantas recorrem de quando em quando como a um repositório de designações científicas, o sistemático vale principalmente como um catalogo que como tal careceria fosse de mais fácil consultar.
Para satisfazer esse fim prático é mister que se elaborem trabalhos especiais que filiados à sistemática, dela se afastem em seus fundamentos, isto é, facilitem a determinação das plantas sem cogitar absolutamente da dificílima questão das afinidades ou do parentes mesmas.
Nessas condições deve de estar o Dicionário ilustrado das plantas úteis do Brasil, cujas normas procuraremos esboçar, com intuito de inquirir dos numerosos leitores do Almanaque Agrícola brasileiro se tal livro merecerá a sua simpatia e o seu auxílio, se poderá de fato ser levado a efeito tão difícil, demorado, dispendioso quão útil empreendimento.

Bibliografia: Alamanak Agrícola Brasileiro – 1912 - A.J. de Sampaio – Botânico do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Pág 65

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