Malva do Campo |
O crescente incremento que vai tomando a exploração das
plantas brasileiras torna inadiável a elaboração de um dicionário, de um
dicionário, de um livro prático capaz de orientar com segurança os que se
dedicam às ciências aplicadas, na pesquisa das designações científicas das
plantas que estudam ou exploram.
A nomenclatura comum pela qual as plantas úteis são
conhecidas pelo povo, não pode absolutamente servir de ponto de reparo da sua
determinação pois um mesmo nome é dado em geral a plantas diversas ao mesmo
tempo que por nomes diversos, segundo as zonas, se designam as mesmas plantas.
A importância de uma determinação rigorosa como base de
qualquer estudo sobre os vegetais não precisa mais de ser posta em evidencia; é
por demais sabido que todo o trabalho fitológico não precedido por essa determinação, nenhum valor
tem pois ninguém há que possa saber com segurança a que plantas se refere o
estudo feito.
Os trabalhos de determinação apresentam, porém,
dificuldades que só podem ser vencidas pelo que a eles se dedicam
exclusivamente, pode-se assim dizer; nos mais adiantados países do mundo esses
trabalhos são ainda parcelados em especialidades de que absolutamente não se
afastam os que a elas se subordinam.
Formam-se assim os
especialistas que se ocupam em geral com uma ou algumas famílias de plantas.
Considerando-se que, segundo os sistemas atuais de
classificação, o número de famílias dos vegetais passa de 400, e que dentro de
cada família tem sempre o botânico classificador de se haver com formas
caprichosas nas quais a Natureza se esmera em armazenar tropeços á segura
determinação, a ninguém é dado, máxime no que concerne a uma riquíssima flora
qual a brasileira, cogitar a um tempo de sistemática e de botânica aplicada a
não ser que queira consciente e voluntariamente, consumir tempo excessivo na
pesquisa da determinação científica, sujeitando-se ainda a erro de
identificação.
A Sistemática, no dizer de Houssay, é a redução estática
da Natureza; encarando os vegetais, considera-os em equilíbrio, em repouso e os
projeta por ordem de suas afinidades naturais no estreito âmbito de múltiplas
sinopses de suja contemplação é dado ao homem cercear algum tanto o enigma da
criação.
Este é o valor intrínseco da sistemática ou metodologia;
para os que a essa parte da ciência das plantas recorrem de quando em quando
como a um repositório de designações científicas, o sistemático vale
principalmente como um catalogo que como tal careceria fosse de mais fácil
consultar.
Para satisfazer esse fim prático é mister que se elaborem
trabalhos especiais que filiados à sistemática, dela se afastem em seus
fundamentos, isto é, facilitem a determinação das plantas sem cogitar
absolutamente da dificílima questão das afinidades ou do parentes mesmas.
Nessas condições deve de estar o Dicionário ilustrado das
plantas úteis do Brasil, cujas normas procuraremos esboçar, com intuito de
inquirir dos numerosos leitores do Almanaque Agrícola brasileiro se tal livro
merecerá a sua simpatia e o seu auxílio, se poderá de fato ser levado a efeito
tão difícil, demorado, dispendioso quão útil empreendimento.
Bibliografia:
Alamanak Agrícola Brasileiro – 1912 - A.J. de Sampaio – Botânico do Museu
Nacional do Rio de Janeiro. Pág 65
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