domingo, 22 de julho de 2012

Quina Brasileiras segundo Von Martius


Portlandia

Nenhuma das qualidades de quina peruanas genuínas tem coloração escura idêntica, e a C. rubra que apresenta, em alguns indivíduos maior analogia na coloração se distingue à primeira vista pela estrutura fibrosalongitudinal, de fratura espetada, pois que a quina do Rio de Janeiro apresenta uma superfície compacta e finamente granulosa. O sabor da casca tem grande semelhança com o da Coutarea regia e da Huanuco, porém é mais amarga e resinosa. Em virtude do maior teor em resina e de maior dureza a casca estala mais entre os dentes, e se aglutina um pouco.
No terceiro volume de Memórias da Academia de Lisboa, encontra-se a analise química desta casca e sua comparação com três outras espécies peruanas, cujo resultado induz Bernardino Antônio Gomes a considerá-la pertencente as verdadeiras quinas, porque também contém cinchonina. “Este princípio fora desenvolvido na casca após a ação do calor em certo grau, enquanto que nas espécies peruanas já existe em liberdade, e por este motivo seria a quina do Rio de Janeiro, especificamente ativa em decocto e menos em infusum frigide paratu; isto também comprovei na prática, onde o emprego da casca brasileira in substancia não fornece os resultados eficientes esperados, enquanto que o decocto nada deixou a desejar”.
As restantes qualidades de quina, que até agora são conhecidas no Brasil, são as seguintes: 1- Quina do Piauí, divulgada em primeiro lugar pelo Dom Diogo de Souza. Origina-se de uma espécie ainda não descrita de Exostema, que denominei E. Souza.
2-Quina da Serra ou do Campo; Quina de Remijo, Cinchona ferruginea, Vellozzii e Remijana , Sit. Hil, de Minas Gerais.
3 – Quina do mato, nas selvas da serra do Mar entre o Rio de Janeiro e a Bahia, talvez a Exostema cuspidatum, e próxima a ela a casca da E. australe do mesmo autor.
É difícil estabelecer, que resultados tiveram as diversas experiências clínicas, feitas em hospitais portugueses com as espécies de quina brasileiras, e o aque deve ser atribuído a mencionada quina do Rio de Janeiro ou das outras aqui citadas, pois as descrições das cascas são, nas próprias divulgações do Jornal de Coimbra, onde aqueles resultados clínicos são anotados em vários lugares, de tal modo incertas, a ponto de se não poder reconhecer as espécies.
As experiências feitas por Comparetti, com uma casca de quina brasileiras, e que Ferreira da Siva traduziu para o português no ano de 1801, também deixam duvidas, quando se referem a nossa quina do Rio de Janeiro. Não devo aqui esquecer que as observações que Brera divulgou sobre uma quina bicolorata Del Brasil, assim  por ele denominada não de vem ser atribuídas a uma quina verdadeira e sim a outra Rubiacea (Portlandia Hexandria), que aparece ultimamente no mercado com o nome de Cortex Pitayo.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal- Sobre algumas drogas brasileiras – Dr. Von Martius. 

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