segunda-feira, 9 de julho de 2012

Carás IV


Cará Barbado os nossos indígenas cultivavam este cará que é uma das espécies mais difundidas. A forma é variável arredondada ou alongada, com ou sem tubérculos, mas o que é característico são as pequenas raízes que recobrem o cará como uma espessa barba- de onde lhe vem o nome. De tamanho variado, o seu peso é de 250grs a 1 1/2kg. O interior é branco pouco viscoso como os tubérculos aéreos da espécie precedente. Bem preparado, é de sabor delicado, muito agradável.
Cará Barbado
Não requer terra boa, apenas é preciso que seja seca e fofa; assim não dá nas baixadas e estraga facilmente com as chuvas prolongadas. Por isso é conveniente escolher terra da encosta dos morros, onde a água não permanece.
Planta-se como todas as outras qualidades de cará nos meses de Agosto a Outubro e colhe-se em maio, junho e julho. Depois de capinado, fazem-se montículos de 50 a 70 cm de diâmetro e de regular altura; aí se plantam 3 a 4 olhos. Por espírito de economia mal entendida, generalizou-se o uso de reservar para o plantio justamente os carás menores que dão menos lucros no mercado. Mas estes tubérculos mal desenvolvidos também não podem produzir plantas tão viçosas como os carás grandes, de maior vitalidade. Uma experiência foi realizada neste sentido pelo Dr Peckolt juntamente com um cultivador de Catagallo. Em uma roça plantaram carás miúdos segundo o uso dos cultivadores: o resultado foi não se colher senão carás pequenos, os maiores dos quais pesavam 280grs. Em outro talhão plantaram tubérculos escolhidos de 1.400 a 1.500 grs; aí colheram carás quase todos com 1/2kg e 1 1/2kg de peso e alguns exemplares atingiram mesmo 1.800grs. A proporção da colheita foi de 1 para 10 com tubérculos pequenos e de 1 para com carás escolhidos.
O cará barbado guarda-se bem por muito tempo; depois de deixar se carà sombra, colocam-se os carás em lugar seco e arejado, tendo o cuidado de revistar de vez em quando para separar os tubérculos grelados, os quais contaminam os outros; assim guardam-se bem durante nove meses.
Carátinga (branco) Espécie indígena das nossas matas que dá bem no clima do café; em regiões mais frias ele é substituído pelo cará tinga bravo (Dr. Sinuata).
É forma dioica, sendo que a planta feminina produz tubérculos muito maiores que a masculina. Espécimes de 16 cm de comprimento por oito cm de diâmetro pesam 560grs. A casca é amarelada com pequenos tubérculos e pouca barba.
O interior é branco muito viscoso.
Gosta de terra seca, fofa com um pouco de sombra; por isto planta-se ao pé de árvores pelas quais possa subir a ramagem. Em setembro colocam-se os gomos grelados nos montículos e quando a semente ainda está mais ou menos verde em junho, quando a florada foi em janeiro o cará está maduro e em tempo de ser desenterrado. Guardando os tubérculos como já foi dito para as outras espécies, eles se conservam durante o espaço de um ano; pode-se ainda passá-los por um fogo brando ou só pela fumaça, o que além de conservar melhor ainda torna o sabor mais delicado


Bibliografia: Almanaque Agrícola Brasileiro para 1923

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