sexta-feira, 15 de março de 2013

As quinas brasileiras

Remijiana ferriginea

Nenhuma das qualidades peruanas genuínas tem coloração escura idêntica, e a Chincona rubra que apresenta em alguns indivíduos maior analogia na coloração se distingue á primeira vista pela estrutura fibrosa longitudinal, de fratura espetada, pois que a quina do Rio de Janeiro apresenta uma superfície compacta e finamente granulosa. O sabor da casca tem grande semelhança com o da C. regia e da Huanuco, porém é mais amarga e resinosa. Em virtude do maior teor em resina e de maior dureza a casca estala mais entre os dentes, e se aglutina um pouco.
No terceiro volumes das Memórias da Academia de Lisboa, encontra-se a analise química desta casca e sua comparação com três outras espécies peruanas, cujo resultado induz Bernandino Antônio Gomes a considera pertencente às verdadeiras quinas, porque também contem cinchonina. Este princípio fora desenvolvido na casca após a ação do calor em certo grau, enquanto que nas espécies peruanas já existe em liberdade e por este motivo seria a quina do Rio de Janeiro especificamente ativa em decocto e menos em infuso; isto também comprovei na prática, onde o emprego da casca brasileira in substantia não fornece os resultados eficientes esperados, enquanto que o decocto nada deixou a desejar.
As restantes qualidades de quina, que até agora são conhecidas no Brasil, são as seguintes: Quina do Piaui, divulgada em primeiro lugar pelo governador da província do Piaui, Don Diogo de Souza. Origina-se de uma espécie ainda não descrita de Exostema, que denominei E. souzanun
Quina da serra ou do campo; Quina de Remijo, Cinchona ferruginea, Vellozzi e Remijiana, St Hil, de Minas Gerais
Quina do mato, nas selvas da serra do mar entre o Ripo de Janeiro e a Bahia, talvez a Exostema cuspidatum, e próxima a ela a casca da E. australe do mesmo autor.
É difícil estabelecer, que resultados tiveram as diversas experiências clínicas, feitas em hospitais portugueses com as espécies de quinas brasileiras, e o que deve ser atribuído à mencionada quina do Rio de Janeiro ou das outras aqui citadas, pois que as descrições das cascas são, nas próprias divulgações do Jornal de Coimbra de tal modo incertas, a ponto de se não poder reconhecer as espécies.

Bibliografia: MARTIUS, Von – Sobre Algumas Drogas Brasileiras – Revista da Flora Medicinal – 1936 – Tradução do farmacêutico Oswaldo Riedel

Nenhum comentário:

Postar um comentário