sábado, 23 de março de 2013

As quinas verdadeiras


As espécies de quina verdadeira pertencem a algumas que encontrei no interior da província de Rio Negro, Amazonas, nos limites do domínio na mesma latitude onde são encontradas as melhores quinas peruanas, devendo por isto, em parte, serem de excelente efeito. Já comuniquei ao Sr Heinrich Von Bergen, que a fará aparecer ilustrada na comunicação de seu notável trabalho sobre as espécies de quina, e a divulgará, com as descrições feitas pelo Sr Alexandre Braun.
 Menciono estas três espécies: Cinchona lambertiana. Bergenioana e Macrocnemia. A Chinchona lambertiana é a que mais se assemelha, externamente, as Quina de Loxa: sua epiderme é da mesma coloração cinzenta, porém provida de sulcos longitudinais e não transversais; o corpo cortical propriamente é mais vermelho do que o da Loxa vera. Também no sabor Ella se assemelha a Loxa, porém possui menos pronunciadamente aquele ressaibo próprio às espécies de quina, e nauseabundo a certas pessoas.
A Cinchona Bergeniana é a mais fraca das três novas espécies; possuo, da mesma, somente alguns pedaços descascados e finos, assemelhando-se externamente aos da Loxa lisa ou Jaen, sendo internamente de coloração menos rubra. A Cinchona macroenema se distingue de todas as qualidades até agora conhecidas por mim, pela coloração da casca, que de castanha passa ao vileta, onde Ella se destaca da epiderme, o que em meus fragmentos facilmente ocorre. Elas são consideravelmente ricas em resinas, porém não destituídas de aroma, e possuem amargor que só mais tarde vai agir, nitidamente, sobre a língua. Não quero por em dúvida que em todas estas espécies não existam os alcaloides e ácidos específicos, que asseguram a eficiência da Cortex peruvianus.
As regiões onde foram colhidas, no alto Japurá entre as quedas de Cupati e Araracoara, distinguem-se, na vegetação toda, das matas mais baixas no Solimões e Rio Amazonas, e dão assim, lugar a hipótese, que as plantas que aqui espontaneamente surgem, tem mais afinidade, em sua natureza, ás dolimitrofe Perú, do que as da região do rio, onde os portugueses, não obstante todos os esforços, não puderam descobrir nenhuma quina.
Assim teria o Brasil, de acordo com estes dados 10-12 espécies de Rubiaceas da tribo das Cinchonaceas, que representam mais ou menos as espécies peruanas. São mencionáveis como falsas, se bem que excelentes quanto a ação antifebril: Strychnos pseudoquina, St. Hil. Usada em Minas Gerais como quina, Solanum pseudoquina St. Hil, nas províncias sulinas, a quina do Piaui da Quinografia de Veloso, que também é um Solanum, e a Coutinia ilustris do mesmo autor, uma apocinácea, da qual se origina a quina de Camamú no distrito de Ilhéus da província da Bahia. Também a genuína Quassia amara  é designada, em algumas regiões do Brasil, pelo nome de Quina.

Bibliografia: MARTIUS, Von – Sobre Algumas Drogas Brasileiras – Revista da Flora Medicinal – 1936 – Tradução do farmacêutico Oswaldo Riedel

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