As espécies de quina verdadeira pertencem a algumas que
encontrei no interior da província de Rio Negro, Amazonas, nos limites do
domínio na mesma latitude onde são encontradas as melhores quinas peruanas,
devendo por isto, em parte, serem de excelente efeito. Já comuniquei ao Sr
Heinrich Von Bergen, que a fará aparecer ilustrada na comunicação de seu
notável trabalho sobre as espécies de quina, e a divulgará, com as descrições
feitas pelo Sr Alexandre Braun.
Menciono estas
três espécies: Cinchona lambertiana. Bergenioana e Macrocnemia. A Chinchona lambertiana
é a que mais se assemelha, externamente, as Quina
de Loxa: sua epiderme é da mesma coloração cinzenta, porém provida de
sulcos longitudinais e não transversais; o corpo cortical propriamente é mais
vermelho do que o da Loxa vera. Também
no sabor Ella se assemelha a Loxa, porém possui menos pronunciadamente aquele ressaibo
próprio às espécies de quina, e nauseabundo a certas pessoas.
A Cinchona
Bergeniana é a mais fraca das três novas espécies; possuo, da mesma,
somente alguns pedaços descascados e finos, assemelhando-se externamente aos da
Loxa lisa ou Jaen, sendo internamente
de coloração menos rubra. A Cinchona
macroenema se distingue de todas as qualidades até agora conhecidas por
mim, pela coloração da casca, que de castanha passa ao vileta, onde Ella se
destaca da epiderme, o que em meus fragmentos facilmente ocorre. Elas são
consideravelmente ricas em resinas, porém não destituídas de aroma, e possuem
amargor que só mais tarde vai agir, nitidamente, sobre a língua. Não quero por
em dúvida que em todas estas espécies não existam os alcaloides e ácidos
específicos, que asseguram a eficiência da Cortex
peruvianus.
As regiões onde foram colhidas, no alto Japurá entre as
quedas de Cupati e Araracoara, distinguem-se, na vegetação toda, das matas mais
baixas no Solimões e Rio Amazonas, e dão assim, lugar a hipótese, que as
plantas que aqui espontaneamente surgem, tem mais afinidade, em sua natureza,
ás dolimitrofe Perú, do que as da região do rio, onde os portugueses, não
obstante todos os esforços, não puderam descobrir nenhuma quina.
Assim teria o Brasil, de acordo com estes dados 10-12 espécies
de Rubiaceas da tribo das Cinchonaceas,
que representam mais ou menos as espécies peruanas. São mencionáveis como
falsas, se bem que excelentes quanto a ação antifebril: Strychnos pseudoquina, St. Hil. Usada em Minas Gerais como quina,
Solanum pseudoquina St. Hil, nas províncias sulinas, a quina do Piaui da Quinografia
de Veloso, que também é um Solanum, e
a Coutinia ilustris do mesmo autor,
uma apocinácea, da qual se origina a quina de Camamú no distrito de Ilhéus da província da Bahia. Também a genuína
Quassia amara é designada, em algumas
regiões do Brasil, pelo nome de Quina.
Bibliografia:
MARTIUS, Von – Sobre Algumas Drogas Brasileiras – Revista da Flora Medicinal –
1936 – Tradução do farmacêutico Oswaldo Riedel
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