domingo, 10 de março de 2013

Myristica sebifera


Há muitos anos está em uso no Pará a Myristica sebifera, uma espécie de noz moscada, afim de preparar uma espécie de cera das sementes cozidas e expremidas,, particularmente porém do ariloque as envolve, e que conhecemos, da noz moscada genuína pelo nome de macis. Seria de se desejar que fossem quimicamente determinadas as relações existentes entre a cerina e a miricina, nesta substancia. É utilizada com proveito em velas, e como os frutos pertencem a uma árvore grande e que não é rara, é fácil a obtenção de considerável quantidade desta substância. Obtive pelo Sr. Schadelook substancia parecida, conservada em tubos ocos e obtida por maneira análoga de uma espécie de Myristica a Bicuiba ou Uicuiba, que denomino M. Officinalis, e que nasce nas matas de Ilheus, um município da Bahia. Os índios e os colonos civilizados daquela região utilizam esta substancia, que é de cor amarela e mais fluida, de sabro irritante em virtude de não pequeno teor de resina e óleo essencial, frequentemente em fricções contra dores reumáticas, artríticas e hemorroidárias, e ainda contra cólicas. Pode ser, de algum modo considerada Balsamo Nucistae natural, e emprega como o mesmo. A preparação pelo indígena é evidenciada pelo modo grosseiro de acondicionamento, em cilindros ocos de gramíneas arboríferas.
A Radix Contrayerva aqui apresentada é a mais frequente espécie da Bahia. Origina-se da Dorstenia brasiliensis e daquela planta, que vulgarisei sob o nome de Dorstenia opifera. As raízes da ultima são mais feculentas, porém menos aromáticas que as da D. Brasiliensis e são, de resto, empregadas do mesmo modo que aquelas.
O Brasil não pode se ufanar, com efeito de possuir uma casca de quina que possa cotejar com as melhores espécies peruans, no entanto pertencem aos excelentes febrífugos varias drogas, que conhecemos como casca de quina brasileira. Esta, que tenho a honra de aqui em primeiro lugar apresentar, é a genuína “quina do Rio de Janeiro”, atribuída erroneamente pelo médico e literato de mérito Manoel Joaquim Henriquez de Paiva na Bahia, e por outros médicos brasileiros, à Coutarea speciosa, Aubl porém identificada como Buena hexandra recentemente pelo meu sábio amigo Dr. Pohl em Viena. Esta árvore cresce, frequentemente, nas selvas ao longo da cordilheira, litoral entre Rio de Janeiro e a Bahia, e de preferência em certa altitude de mil a 1200 pés acima do nível do mar. Sua casca nos vem em pedaços grandes, grossos e enrolados, tem considerável específico e se distingue das epécies peruanas de quina, exteriormente pela grossura, pela superfície desigual e fendida, provida de epiderme acinzentada ou branca amarelada, e ainda interiormente pela coloração castanha mais escura.

Bibliografia: MARTIUS, Von – Sobre Algumas Drogas Brasileiras – Revista da Flora Medicinal – 1936 – Tradução do farmacêutico Oswaldo Riedel

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