O vocábulo
droga é de origem um tanto obscura, e tem apresentado pequenas variantes em sua
significação através dos tempos. É assim que parecendo pela primeira vez no
século quatorze, para denominar certos produtos alimentares vindos do Oriente,
principalmente as especiarias, mais tarde já no século quinze, era de uso
corrente na Itália tendo então a significação atual, mas abrangendo também os
produtos de origem mineral. A etimologia
alemã trecken – secar – dada a este
vocábulo por alguns autores, parece um tanto estranha, levando mesmo o Profº
Dezani a observar que sendo a Itália nesta época o centro do comércio de droga –
Veneza o porto para onde elas fluíam do Oriente e donde eram depois
distribuídas pelo resto da Europa – tenha recebido do alemão, uma palavra que
ela deveria exportar juntamente com as mercadorias cujo nome significava. O
Profº Pedro Pinto acredita com razão, ser antes a palavra de origem holandesa,
povo navegador que nesta época mantinha intenso comércio marítimo com outras
nações e certamente não era estranho ao trafego das drogas, produtos cuja
conservação só era assegurada, quando perfeitamente secos.
Tem-se
observado certa tendência para a substituição da palavra droga apesar do seu
antigo uso para denominar as matérias primas, dos medicamentos, de certo, pela
acepção pejorativa que possui na linguagem vulgar e também pela extensão que se
tem dado ao seu emprego sendo usado no comércio farmacêutico até para designar
preparados e substâncias químicas em geral. Os espanhóis tendo Gomes Pamo á
frente empregam a expressão “materiales farmacêuticos”, para substituir o
vacabulo droga e entre nós, o Profº Pedro Pinto propôs a palavra farmacogno. Os
antigos denominavam as drogas de medicamentos simples ou apenas simples, assim
que, vamos figurar esta palavra, no título de algumas obras clássicas, como por
exemplo, o livro de Garcia d’Orta: Coloquios dos Simples e Drogas da Índia. Sob
qualquer das denominações propostas, a droga pode ser definida como materiais
vegetais ou animais que podem diretamente servir como medicamento, ou mais
geralmente, após transformação em formas farmacêuticas ou ainda por meio de
seus princípios imediatos isolados.
A parte da
Farmacologia que opera a transformação da droga em medicamento é denominada
Farmacomorfica. Dada a grande predominância das drogas de origem vegetal muitas
pessoas tem confundido a botânica farmacêutica com a farmacognosia; são,
entretanto, coisas bem diversas, considerando o objeto de estudo de cada uma e
as suas finalidades. Uma, estuda a planta medicinal como entidade biológica,
como um tipo botanicamente definido a outra, estuda apenas as partes do vegetal
que são usadas na medicina, que as vezes pode coincidir ser toda a planta,
mas em geral, é apenas um de seus órgão,
ou parte deste, ou ainda um produto da atividade fisiológica ou patológica do
vegetal; neste último caso, só podendo ser identificada pelo farmacognosta,
lançando este, mão de meios químicos, físicos e biológicos.
Muito tem
contribuído para esta confusão as classificações botânicas, adotas por alguns
farmacognostas para a sistematização das drogas, segundo as famílias naturais,
classificação estas, que malgrado as criticas de Schleiden, “que chegou a
conceituar este método de classificação como um verdadeiro atentado a autonomia
da farmacognosia, tem adquirido modernamente grande importância, depois dos
recentes trabalhos de farmacognosia comparada e de histologia sistêmica”.
Bibliografia:
Revista da Associação Brasileira de Farmacêuticos – Abril 1936 – Profº Oswaldo
A. Costa.
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