Natureza em
Boiões medicinas e boticários no Brasil setecentista
Capa do livro |
O universo
dos saberes e das praticas medicinais no período colonial vem sendo tema de
importantes trabalhos. Como este de Vera Regina Marques, publicado pela editora
Unicamp e que se encontra esgotado.
O que hora transcrevemos deste livro é uma resenha escrita pelo professor
Carlos Eduardo Calaça publicado na História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio
de Janeiro vol 9 (1) 221-26.
Natureza em
Boiões apresenta uma questão fundamental: a diversidade das raízes culturais
das populações aqui residentes, mais do que a falta de médicos, teria sido crucial
para a persistência de práticas de curas plurais nos trópicos. Em última instância,
parte dos medicamentos receitados pelos doutos coimbrãos seria constituída por
fórmulas resultantes da aproximação das culturas presentes no Brasil. Mesmo vulgarizados,
muitos desses saberes provinham da instituição e do uso secular daqueles
curandeiros e pajés conhecedores das matas, em caminhos nunca dantes
palmilhados pelos colonizadores. Saberes muitas vezes relegados no plano do
discurso por parte dos colonizadores, na prática, teriam sido fundamentais para
a constituição da ciência farmacêutica moderna do Ocidente.
Contudo, se a
princípio, supõe-se que os protagonistas da trama sejam integrantes do grupo de
colonizadores – no caso, os boticários, que inclusive fazem parte do subtítulo
do livro, -, ou mesmo dos colonizados, percebe-se, no decorrer da obra, que
tanto os primeiros quanto os segundos são “atores coadjuvantes”, pois o foco de
atenção da autora está nas plantas consideradas medicinais, originárias da
natureza brasílica e que, aos poucos, vão sendo intuídas, utilizadas, ‘lidas’ ,
dadas a ver, decifradas, classificadas (de acordo com critérios diferenciados
no tempo), encaixotadas, exportadas para a metrópole para, por fim, serem para
cá remetidas como medicamentos oficiais, credenciados pelas autoridades
médico-científicas portuguesas.
Vera Marques
segue os passos dos ‘atores coadjuvantes’, em suas leituras, seus pareceres e
nas apropriações que fazem da natureza, fazendo dela uso lícito ou ilícito.
Composto por quatro capítulos, Natureza em Boiões apresenta os caminhos e
descaminhos dos saberes sobre as plantas medicinais brasílicas: “saiam daqui
como saberes incivilizados, voltando, como o mais genuíno e elaborado
conhecimento científico português”. (p.283)
Para saber
mais leia o texto da resenha na internet.
http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v9n1/a12v9n1
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