quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A formação da farmácia no Brasil

Natureza em Boiões medicinas e boticários no Brasil setecentista
Capa do livro
O universo dos saberes e das praticas medicinais no período colonial vem sendo tema de importantes trabalhos. Como este de Vera Regina Marques, publicado pela editora Unicamp e que se encontra esgotado. O que hora transcrevemos deste livro é uma resenha escrita pelo professor Carlos Eduardo Calaça publicado na História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro vol 9 (1) 221-26.
Natureza em Boiões apresenta uma questão fundamental: a diversidade das raízes culturais das populações aqui residentes, mais do que a falta de médicos, teria sido crucial para a persistência de práticas de curas plurais nos trópicos. Em última instância, parte dos medicamentos receitados pelos doutos coimbrãos seria constituída por fórmulas resultantes da aproximação das culturas presentes no Brasil. Mesmo vulgarizados, muitos desses saberes provinham da instituição e do uso secular daqueles curandeiros e pajés conhecedores das matas, em caminhos nunca dantes palmilhados pelos colonizadores. Saberes muitas vezes relegados no plano do discurso por parte dos colonizadores, na prática, teriam sido fundamentais para a constituição da ciência farmacêutica moderna do Ocidente.
Contudo, se a princípio, supõe-se que os protagonistas da trama sejam integrantes do grupo de colonizadores – no caso, os boticários, que inclusive fazem parte do subtítulo do livro, -, ou mesmo dos colonizados, percebe-se, no decorrer da obra, que tanto os primeiros quanto os segundos são “atores coadjuvantes”, pois o foco de atenção da autora está nas plantas consideradas medicinais, originárias da natureza brasílica e que, aos poucos, vão sendo intuídas, utilizadas, ‘lidas’ , dadas a ver, decifradas, classificadas (de acordo com critérios diferenciados no tempo), encaixotadas, exportadas para a metrópole para, por fim, serem para cá remetidas como medicamentos oficiais, credenciados pelas autoridades médico-científicas portuguesas.
Vera Marques segue os passos dos ‘atores coadjuvantes’, em suas leituras, seus pareceres e nas apropriações que fazem da natureza, fazendo dela uso lícito ou ilícito. Composto por quatro capítulos, Natureza em Boiões apresenta os caminhos e descaminhos dos saberes sobre as plantas medicinais brasílicas: “saiam daqui como saberes incivilizados, voltando, como o mais genuíno e elaborado conhecimento científico português”. (p.283)


Para saber mais leia o texto da resenha na internet.  http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v9n1/a12v9n1

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