domingo, 30 de março de 2014

Cultivo da Quina brasileira durante a 2º Guerra Mundial

O Conselho de Comércio Exterior, após inquérito realizado nos meios técnicos nacionais propôs as nossas autoridades administrativas, a importação anual de 300 toneladas de cascas de elevado teor de quinina. Pelos dados conseguidos por este conselho à conclusão de que tal cifra seria suficiente para satisfazer nossas necessidades de quina em natura, bem como a de seus alcaloides; estes seriam fabricados em nosso país daquelas cascas. Todavia, até este momento não tivemos notícia da chegada de qualquer partida de tão útil mercadoria.
Chinchona Ledgeriana, Moens
Obter esta droga de quineiras aqui vegetando, é impossível; porém, em quantidades de certo vulto com teor compensador em alcaloides é ainda duvidoso.
Existem referências à presença destes vegetais nos contrafortes da Serra dos Parecis, no Mato Grosso; entretanto, sua existência em números econômicos, precisa ser confirmada. Tudo nos leva a crer, que no Território do Acre, nas encostas ao sul de Xapurí, devam existir quineiras selvagens de boas espécies: próximo situa-se a região boliviana de Crupolican onde Manoel Incra Mamani, a serviço de Charles Ledger, colheu os exemplares da mais valiosa espécie de Chinchona, a Chinchona ledgeriana, Moens.
O aproveitamento dos exemplares impróprios, remanescentes das culturas de Henrique José Dias e os crescidos subespontaneamente existentes atualmente na Barreirado Soberbo, em Teresópolis, estado do Rio de Janeiro, deverá no momento ser feita; contudo, só para os casos em que houver extrema necessidade da droga in natura, e assim mesmo, como medida transitória, à vista de seu baixo teor em alcaloides.
Já em 1936, nesta cidade, tivemos a oportunidade de comentar as causas do fracasso destas plantações. Entre estas sobressai como principal, a ,má qualidade da espécie lá plantada, a Chinchona carabayensis, Weddell, inadequada para fins comerciais conforme havia afirmado seu coletor e classificador (Weddell). Contudo, até fins do ano próximo passado não tivemos a satisfação de ver aceita esta nossa opinião, em escritos técnicos brasileiros apreciados posteriormente.
As plantações do Instituto Agronômico de Campinas, único estabelecimento nacional que ora cuida deste assunto, ainda não devem se achar desenvolvidas a ponto de poderem fornecer quantidades comercializáveis.
Passando a cuidar da obtenção dos alcaloides e derivados, entre os quais destaca-se a quinina e seus sais, poderemos também focalizá-los em dois aspectos: importados e fabricados no país.
Sua importação poderá ser feita dos Estados Unidos da América, da Bolívia e de outros países. A Norte América, atualmente nosso único fornecedor, pouco poderá nos suprir destes compostos, além da quota fixada; a Bolivia, embora tendo toda a sua produção já vendida aos Estados Unidos, poderá sob injunções deplomáticas ceder-nos algum a quantidade de sua produção. Sua fábrica oficial deste alcaloide, produz  cerca de dois mil quilos mensais, sendo capaz, em um só mês, de nos desafogar  por um bom tempo.


Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia – Outubro de 1944 – pág 511 a 516 – Oswaldo Lazzarini Peckolt – Farmacêutico.

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