Quina Peruana, árvore símbolo do Peru |
A história da
descoberta das propriedades medicinais da quina é muito obscura. Contam os
historiadores que La Comine, botânico e geômetra na sua viagem de estudos à
América do Sul, viagem essa que durou 10 anos, sofreu varias peripécias. A mais
importante foi o temporal violento que se desencadeou quando ele regressava à
Europa, pois do barco que o transportava desapareceram muitas de suas plantas e
dentre estas a quina. Contudo, foi La Condamine o primeiro botânico que
descreveu a “Chinchona”. Dizem que foi nos arrabaldes da cidade de Malacatos,
ao sul de Loxa, que esta árvore preciosa foi pela primeira vez encontrada,
depois a reconheceram também no Peru, na Bolívia e na Colômbia. As suas
propriedades medicamentosas, propriedades que lhe deram logo um lugar de
destaque na terapêutica empírica não se sabe ao certo como foram descobertas.
Segundo Jussein, um índio, ardendo em febre e atormentado pela sede, bebeu água
de um lago onde estavam mergulhados alguns ramos de quina e ficou curado.
Outros dizem que outro índio curou de uma febre intermitente um espanhol com o
pó feito da casca de quina. Humboldt, entretanto, que residiu por muito tempo,
na terra da quina, assegura que os índios não conheciam as propriedades medicamentosas
de tais plantas e, não as conhecendo, não podiam Tê-las preconizado aos
europeus. Sendo, porém o meado do século XVII a época em que se começou a
conhecer as virtudes medicinais da quina, podemos dar crédito à versão que
corre sobre o carregador de Loxa. Este magistrado, em 1640, curou, com o pó da
casca de quina, de uma febre rebelde, a esposa do vice-rei do Peru a condessa d’El-Cichon
que, voltando à Espanha, levou o pó de quina e distribuiu por outros médicos,
contando-lhes o que com ela se havia dado.
Em breve se
divulgou, a notícia da ação anti-palúdica da planta e o antigo pó da “casca do
Peru” passou a chamar-se “Pó da Condessa”, nome pelo qual por muito tempo foi
conhecido o pó de quina na França, na Alemanha e na Itália. Os Jesuítas de Lima
observaram diversas curas produzidas por este famoso pó e por isso enviaram-no
ao Cardeal Lugo, em Roma como “um divino remédio para febres”. A popularidade
da quina tomou vulto e o pó foi chamado ainda Pó dos Jesuítas ou Pó do Cardeal.
Foi o grande Sydenham o primeiro médico que empregou a quina na Inglaterra. A
França foi ela levada pelo inglês Talbor que a empregou como vinho no
tratamento de uma febre palustre do rei Luiz XIV. O soberano curou-se e a
fórmula foi comprada pelo próprio monarca que a mandou publicar em 1682. Já era,
portanto, conhecida a quina na Europa quando os alquimistas fizeram as
primeiras tentativas para tirar da casca da quina a “quinta essência” e
extrair-lhe o principio ativo. Sendo muito rara a droga foram poucos os
experimentadores que a obtiveram para estudo. Isto fez com que a história das
propriedades medicinais de tão preciosa planta ficasse por muito tempo em plena
obscuridade. Embora sabendo na Europa das virtudes medicinais da quina não se
conhecia ainda os caracteres desta grande Rubiacea.
Só depois dos
trabalhos de La Condamine é que a “Cinchona” começou a tomar uma feição
científica. O primeiro extrato seco de quina deve-se ao conde Claude de La
Garaye, aliás um extrato medíocre. Em 1770 aparece um “sal essencial febrífugo”
obtido por Buquet, de um outro extrato seco de quina por ele preparado.
Esseextrato, segundo Deschamps, que identificou o sal, era já um pouco melhor
que o de La Garaye.
Bibliografia: Revista
Brasileira de Farmácia- julho de 1943 – pág 324 a 327 – Durval Torres.
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