Em 1882
Armand Séguin, escrevendo o resultado de suas investigações dizia que as quinas
davam precipitado como tanino. Mas Seguin parou por ai. Se tivesse continuado
os seus estudos teria talvez descoberto a quinina.
As
dificuldades que surgem em uma época de guerra fazem muitas vezes, principalmente
em uma guerra marítima, onde os meios de tansporte são escassos. Rarear o material
que os cientistas precisam para as suas investigações. Foi o que aconteceu com
Séguin. O próprio Vauquelin, químico notável, ao isolar uma “substância
resinoide” da quina, não prosseguiu na análise. Também Reuss não deu muita
importância ao fato de ter isolafo o “amargo químico,” substância que por suas
propriedades organoléticas, representava todos os alcaloides da quina.
Molécula de Quina |
Mas não foram
só as dificuldades surgidas com a guerra de então, que fizeram os pesquisadores
abandonarem seus intentos. Teorias em voga não admitiam que no reino vegetal se
pudesse produzir um composto de reação alcalina. Foi justamente nessa época que
o Dr. Bernardino Gomes, ilustre médico português, descobriu o “Cinchonino”
princípio amargo isolado da quina. Essa descoberta foi o ponto de partida para
o grande problema da quinina. Daí por diante as investigações tomaram novos
impulsos orientadas pela obra do grande sábio lusitano. Lubert transformou o
cinchonino do Dr. Gomes em cinchonina depois de sucessivas cristalizações e
Houton reconheceu-lhe as propriedades básicas. Dois grandes sábios Pelletier e
Caventon farmacêuticos franceses, que já haviam descoberto a brucina e a
estricnina, tendo conhecimento de todos esses estudos, isolaram completamente a
quinina e a cinchonina dos respectivos sulfatos. Isto se passou em 1820 e as discussões em torno das bases extraídas
dos vegetais já se achavam em franco declínio entre os químicos. Desse finalizar
de discussões químicas surgiram as discussões médicas. As opiniões dividiram-se
e os trabalhos de Pelletier e Caventou passram ao domínio público e as
primeiras experiências terapêuticas foram feitas. A luta entre os defensores e
os detratores da quinina foi longa e violenta. Destacaram-se nessa tremenda
divergência de opiniões dos afamados médicos (Bazires e Broussais).
Bazires tinha
uma fé ilimitada nas virtudes curativas do alcaloide e Brossais pretendendo resolver tudo com a
sangria era adversário cruel da quinina até nos casos de paludismo. Mas ambos
foram infelizes no calor de suas convicções: o primeiro, apaixonado, chegou ao exagero
de empregar em si próprio quando uma vez foi atacado de febre intermitente,
60,0 de sulfato de quinina num pequeno espaço de tempo; veiu-lhe a surdez, a
cegueira e por fim a morte. Conta-nos isto o Dr. Reveillon, chamado à última
hora para socorrê-lo. O segundo tão notável em suas polêmicas viu cair por
terra o predomínio de sua autoridade quando no hospital de Bône foi substituída
a sangria pela quina.
Não pararam
ai as discussões entre os partidários e os adversários dos alcaloides da
quinina: elas continuaram ainda por muito tempo alimentando opiniões varias. Mesmo
“agora em nosso século podemos encontrar no “tratado terapêutico” de Audhoui,
de 1902 o seguinte: “O sulfato de quinino, em mãos pouco hábeis é um veneno.
Por isso dizer-se que faz tantos ou mais danos do que a malaria”. Há cerca de
40 espécies de quina e cada autor conta a sua história a seu arbítrio.
Constitui, mesmo um ponto vastíssimo em matéria médica devido as suas
variedades. O Código farmacêutico
brasileiro determina em suas páginas a quina amarela, suas variedades e
híbridos. A Quina amarela ou Quina calisaya Cinchona Calisaka “Wedell-Quina
vermelha ou quina rubra “Cinchona succiruba” Pavon. Quina do campo, Quina de
cerrado ou Quina do Mato Grosso, “Strychnos
pseudo-quina” Saint Hilaire. Quina mineira, Quina de Remigio, Quina da Serra, “Remigia
ferruginea” Saint Hilaire.
Bibliografia:
Revista Brasileira de Farmácia- julho de 1943 – pág 324 a 326 – Durval Torres.
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