A angina de peito é caracterizada por uma horrível dor no
coração que depois e espalha pelo ombro esquerdo. Os médicos, atordoados
mistificados e sem esperanças, lhe deram este nome.
Estamos em certa manhã do inverno de 1866. Na enfermaria
real de Ediburgo uma pobre lâmpada tremeluzente luta das às noites, ha um heroísmo
contra as trevas glaciais. Junto a um leito dois médicos e uma enfermeira observavam
imóveis o doente.
Súbito um dos médicos tirita e fala:
- Frio Horrível!!! Que hora são?
O outro, moço ainda, saca o relógio de ouro:
-Quase duas. Mais um minuto ou dois, e a coisa vem.
Fixaram de novo os olhos no paciente, ali a suar,
horrivelmente apavorado, com todas as suplicas nos olhos. O jovem doutor
Brunton (23 anos apenas) falou de novo, informativamente.
- T odas as noites, há três semanas, tem tido o ataque. E
sempre entre duas e quatro da madrugada. Prolonga-se por uma hora ou mais.
- Sei disso, disse o velho doutor Bennett . Já tenho
visto a angina – mas nenhuma como esta.
- Foi por isso que provoquei esta nova experiência,
continuou Bruton. Já experimentamos tudo que era aconselhável - digitális, acônito,
lobélio, aguardente, clorofórmio. Nada fez bem.
- Sim, estamos experimentando isto agora – mas donde lhe
veio a idéia?
- Não tenho certeza de nada, senhor, mas palpita-me que a
angina pectoris tem algo que ver com a pressão cardíaca, isto é, com súbitos ataques
de alta pressão. Só isso pode explicar que por que este senhor MacCollum sentiu
alivio quando o sangramos em pleno ataque. Que poderia fazer a sangria senão
aliviar a pressão do sangue?
- E acha que a sua droga opera efeito igual ao da
sangria? Acha que diminue a pressão?
Brunton estava inquieto.
- Não sei senhor. Ainda não fiz experiência em criatura
humana – só em um cachorro, mas neste com resultado ótimo.
- Hum! Rosnpou Bennett. Em cachorro...Eh, eh...
O rosto do doente começava a mostrar pânico. De molhado
em suor e vermelho que estava, passou a seco e lívido. Verdadeiramente
paralisado pelo horror!
- Oh, meu deus! Murmuravam
seus lábios. Vem vindo...vindo...vem vindo! E desta vez me mata, estou certo.
Sei que me mata. Não posso aguentar...
O Doutor Bennett levou a mão ao ombro do doente.
- Sossegue, McCollum.
Não vai haver nada.
E voltando para o jovem Brunton:
- A dor vem vindo. Veja...
O doente fez um rictus de agonia como se garras de ferro
lhe estivessem constringindo o coração – mas não conseguiu gritar. Bennett
enxugou-lhes a testa e chamou:
-Brunton!
- Senhor?
- Mr MacCollum é seu cliente. Faça o que disse – e depressa...
-Obrigado, senhor, foi a resposta de Brunton – e sacou do
bolso um vidrinho com um liquido amarelo pálido. “Enfermeira passe-me esse pano”.
Num pedaço de gaze Brunton pingou dez gotas do liquido,
cheirou-o rapidamente e pôs diante das narinas de MacCollum, dizendo:
-Respire Mr MacCollum! Aspire profundamente.
O doente com aquilo diante das ventas não teve alternativa,
senão obedecer, e inalou duas, três vezes.
Os dois médicos estavam de respiração suspensa e foi
assim que viram o rosto do doente passar do lívido ao corado e seus músculos tão
tensos se relaxarem; os sinais da dor lhe
desapareceram do rosto. Por fim MacCollum afastou a gaze do nariz e
sorriu levemente:
- Obrigado, doutor. A dor foi-se. O senhor fe-la parar.
Bunnett murmurava consigo mesmo:
- Parou sim... Parou em segundos! Prodígio... Brunton,
meu rapaz, como vai se chamar isso que usou?
- Nitrito de amila. Operou em Mr MacCollum tal qual no
cachorro.
Desta forma que o Dr Lauder Brunton, de Edimburgo,
descobriu o remédio para a angina pectoris.
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