Albert Niemann 1831-1917 |
A coca mata a fome. A coca mata a sede. A coca suprime o
cansaço. A coca dá euforia. A prolongada repetição destes milagres fez com
que o jovem Dr Angelo Mariani encampasse a ideia: “Se a coca faz tudo isso no
Peru, por que não fará o mesmo na França? Podemos usá-la como tônico supressor
da fome, do frio e do cansaço. E talvez essa amável coca cresça bem em Paris, e
até em meu próprio jardim”. A coca não prosperou no clima de Paris, mas as
folhas começaram a ser importadas da América em quantidade crescente. Surgiu o “Vinho
Mariani”, o “Chá Mariani”, o “Elixir Mariani”, os “lozangos Mariani” e as “Pílulas
Mariani”. O jovem médico esfregava as mãos de contente e expedia as drogas para
os recantos do mundo, quanto mais os clínicos as experimentava, mais se
entusiasmavam.
O Dr Charles Fauvel, de Paris, usava-as nas suas dores de
garganta e deu atestado: “Graças ao Vinho Mariani pude restaurar a voz de
muitos artistas líricos que sem esse enérgico agente não poderiam realizar seus
espetáculos”.
Marius Odin (médico, professor, cavaleiro da Legião de
Honra, etc.) atestou: “Esta moça sofria de fraqueza e atonia geral, dor de
cabeça, tontura, vertigem, tendência para a lipotimia causada por desgostos, insônia
e suores noturnos; Prescrevi o Vinho Mariani. Com um mês de tratamento o seu
estado se tornou muito satisfatório”.
Um decidido padre francês, o Abbé Pullez, declarou: “Tenho
prazer em chamar a atenção do público para o maravilhoso efeito da coca na
fraqueza da voz; cada vez que tenho de pregar um longo sermão, tomo coca dois
dias antes e sinto a melhora da suavidade e do volume da minha voz”.
Novas testemunhas chegaram, dum medico do exército
francês; de Boston (“dissipa os “blues”, acalma o espírito”); de Londres (“um
valioso estimulante”); de New York (“excelente tônico geral”); de Colombus, no
Ohio (“um tônico para a dispepsia e a depressão nervosa”);
Aparentemente a coca curava tudo, dor do estomago, de
cabeça e garganta, tontura, fraqueza, palidez, anemia, exaustão nervosa,
diabetes, mal de Brigth, gota, reumatismo, malária, papo, convulsões,
tuberculose, sífilis e outras.
A maioria dos médicos considerava como honestos os anúncios
de Mariani, sobretudo porque neles vinha o “Cuidado com as imitações!” Mas
havia outros perigos piores que as imitações, e deles Mariani não falava.
Havia uma boa razão para que aqueles produtos fossem tão
efetivos. Era a existência em todos eles de um alcaloide cocaína, que em 1860 Albert Niemann extraíra das folhas da coca, na
Alemanha.
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943
Nenhum comentário:
Postar um comentário