sábado, 19 de novembro de 2016

A descoberta da antipirina abre a fábricação de medicamentos sintéticos

Em 1883 Ludwig Knorr, com 24 anos e então na Universidade de Wurzburg, estava empenhado em descobrir qual a molécula de quinina que atuava como febrífugo. Outros cientistas procuravam a mesma coisa por um método diferente; desdobrando a quinina e estudando as partes, Knorr fez o contrario – tomava elementos químicos, ligava-os e testava o produto.

Planejou no papel sintetizar alguma coisa equivalente a quinina por meio da mistura de metil-fenil-hidrazina com algum etil-aceto-acetato. O produto pratico dessa formula apareceu sob forma de cristais brancos lamelares,solúveis em água e álcool. “Bem” pensou Knor “tenho aqui o meu febrífugo sintético. E agora? Que fazer com ele?”endia de febre e febrífugos.
S, estudante na universidade de Erlangen, o qual entendia de febre e febrífugos. E escreveu-lhe: “Caro Dr. Filehne – recordo-me que anos atrás o senhor fazia experiências com febrífugos com a quinina. Saiba que sintetizei em meu laboratório um novo composto que, fora de duvida, é uma espécie de quinina. Pode ter a bondade de testar isso e beneficiar-me com a sua experiência e profundo conhecimento”?
A cinquenta milhas dali, em Erlangen, o bom Dr. Filehne, sorriu ao ler aquilo, e pôs-se a experimentar a droga de Knorr, como já havia testado tantas, todas muito promissoras, mas... “mais uma agora! Bem. Se me sobrar algumas horas na semana entrante...”
Dias depois o Dr Filehne já não sorria. Aquilo lá do jovem Knorr não era uma droga nova – era quase a própria quinina em pessoa! Não curava a malária, mas em todas as outras febres – na da pneumonia, da tuberculose, da erisipela, na tifoide e na tisica a droga de Knorr parecia miraculosa. E sem perigo nenhum...
“Meu caro amigo”, escreveu-lhe Filehne, “não sei o que o seu produto é, não conheço a formula; mas trata-se dum febrífugo dos mais notáveis que tenho visto. Se ainda não lhe deu nome, sugiro um antipirina, do grego pyretos, febre”.
O novo remédio não era tão maravilhoso como Filehne queria. Não valia a quinina já qu não curava a malária, e também não curava os casos comuns de febre. Mas era uma excelente droga, merecedora de entusiasmo provocado.
Com a lembrança ainda fresca do caso do acido salicílico no reumatismo, os médicos muito naturalmente testaram a antipirina no tratamento dessa Verificaram-lhe o efeito nas dores das juntas, nas dores de cabeça, nas dores das costas e na nevralgia.
Só depois do acumulo de toda essa massa de informação é que Knorr subitamente descobriu o seu erro. Havia empreendido produzir um derivado sintético da quinina que fosse febrífugo (e só por essa razão é que mandou a droga era efetiva nas febres e em muitas outras coisas mais – mas não era um derivado da quinina. Tinha tanto a ver com a quinina como a serragem de madeira.
A antipirina era algo novo, um produto químico absolutamente inédito.
Cuidadosas experiências de laboratório provaram que a reação teórica entre a metil-fenil-hidrazina e o etil-aceto-acetato não se confirmava na pratica. Em vez de dar o que fora previsto, dava coisa inteiramente nova.
A antipirina foi a primeira grande droga produzida sinteticamente. Sua descoberta veio marcar o inicio dum negocio novo – a grande indústria das drogas sintéticas.

Bibliografia: Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman – tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943



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