Em 1883 Ludwig Knorr, com 24 anos e então na Universidade
de Wurzburg, estava empenhado em descobrir qual a molécula de quinina que
atuava como febrífugo. Outros cientistas procuravam a mesma coisa por um método
diferente; desdobrando a quinina e estudando as partes, Knorr fez o contrario –
tomava elementos químicos, ligava-os e testava o produto.
Planejou no papel sintetizar alguma coisa equivalente a
quinina por meio da mistura de metil-fenil-hidrazina com algum
etil-aceto-acetato. O produto pratico dessa formula apareceu sob forma de
cristais brancos lamelares,solúveis em água e álcool. “Bem” pensou Knor “tenho
aqui o meu febrífugo sintético. E agora? Que fazer com ele?”endia de febre e febrífugos.
S, estudante na universidade de Erlangen, o qual entendia
de febre e febrífugos. E escreveu-lhe: “Caro Dr. Filehne – recordo-me que anos
atrás o senhor fazia experiências com febrífugos com a quinina. Saiba que
sintetizei em meu laboratório um novo composto que, fora de duvida, é uma espécie
de quinina. Pode ter a bondade de testar isso e beneficiar-me com a sua
experiência e profundo conhecimento”?
A cinquenta milhas dali, em Erlangen, o bom Dr. Filehne,
sorriu ao ler aquilo, e pôs-se a experimentar a droga de Knorr, como já havia
testado tantas, todas muito promissoras, mas... “mais uma agora! Bem. Se me
sobrar algumas horas na semana entrante...”
Dias depois o Dr Filehne já não sorria. Aquilo lá do
jovem Knorr não era uma droga nova – era quase a própria quinina em pessoa! Não
curava a malária, mas em todas as outras febres – na da pneumonia, da
tuberculose, da erisipela, na tifoide e na tisica a droga de Knorr parecia
miraculosa. E sem perigo nenhum...
“Meu caro amigo”, escreveu-lhe Filehne, “não sei o que o
seu produto é, não conheço a formula; mas trata-se dum febrífugo dos mais notáveis
que tenho visto. Se ainda não lhe deu nome, sugiro um antipirina, do grego pyretos,
febre”.
O novo remédio não era tão maravilhoso como Filehne
queria. Não valia a quinina já qu não curava a malária, e também não curava os
casos comuns de febre. Mas era uma excelente droga, merecedora de entusiasmo
provocado.
Com a lembrança ainda fresca do caso do acido salicílico no
reumatismo, os médicos muito naturalmente testaram a antipirina no tratamento dessa
Verificaram-lhe o efeito nas dores das juntas, nas dores de cabeça, nas dores
das costas e na nevralgia.
Só depois do acumulo de toda essa massa de informação é
que Knorr subitamente descobriu o seu erro. Havia empreendido produzir um
derivado sintético da quinina que fosse febrífugo (e só por essa razão é que
mandou a droga era efetiva nas febres e em muitas outras coisas mais – mas não
era um derivado da quinina. Tinha tanto a ver com a quinina como a serragem de
madeira.
A antipirina era algo novo, um produto químico absolutamente
inédito.
Cuidadosas experiências de laboratório provaram que a
reação teórica entre a metil-fenil-hidrazina e o etil-aceto-acetato não se
confirmava na pratica. Em vez de dar o que fora previsto, dava coisa
inteiramente nova.
A antipirina foi a primeira grande droga produzida
sinteticamente. Sua descoberta veio marcar o inicio dum negocio novo – a grande
indústria das drogas sintéticas.
Bibliografia:
Mágica em Garrafas, A história dos Grandes Medicamentos – Milton Silverman –
tradução de Monteiro Lobato – Cia Editora Nacional 1943
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