domingo, 6 de maio de 2018

Bicuiba é remédio do caule a semente.


Myristica becuhyba, Schott. Popularmente conhecida como Bicuiba de folha miúda, Bicuiba caa-mirim, Becuiba, Moscadeira do Brasil.

É árvore que cresce em abundancia na Mata Atlântica. Na Mata virgem, alcança de 15 a 25 metros de altura com caule de 1 a 1 ½ de diâmetro, com ramos lisos. Folhas alternas, destrinchadas, a face superior glabra e na inferior pelugionosa, inflorescência axilar em racimos pequenos o fruto é uma baga drupácea lustosa, do tamanho de uma jaboticada, com o pericarpo de cor verde alaranjado na face externa e na interna, cor de laranja, quando madura; fendendo-se em dois seguimentos e encerrando uma semente revestida, de um arilo delgado, multipartido, çluzido e de cor carmesim; a semente é de cor amarela esbranquiçada, cheia de veias pardas e finíssimas.
Do caule exsuda por incisão uma grande quantidade de um suco cor de sangue vivo que o povo chama de Sangue de bicuiba, de consistência xaroposa, de reação ácida.
Este liquido é inodoro, de sabor fortemente adstringente, miscível com água em todas as proporções e deixando em deposito depois de algum tempo de repouso certa quantidade de uma substancia resinosa; pela adição de álcool, separa-se deste suco muita substancia gomosa.
A seiva seca no tronco forma laminas, filamentos e perolas transparentes, de cor de rubi, assemelhando-se a goma kino.
A entrecasca é muito fibrosa e de cor vermelha clara; sem aroma e tem sabor adstringente áspero e um tanto nauseoso.
A semente isolada do arilo acha-se protegida por uma casca fian, coriácea e de cor cinzenta escura, tendo a amêndoa branca e exteriormente compacta, apresentando internamente uma massa oleosa de cor amarela escura, mesclada de pontos brancos e partículas, inodora, de sabor levemente amargo muito adstringente.
O povo extrai destas sementes, por expressão ou fervura, uma substância gordurosa de consistência da banha, denominada óleo de bicuiba, manteiga ou unguento de Bicuiba, de cor amarela escura ou pardacenta, que é usado para vários fins medicinais e usos domésticos.
É usado em fricções nas cólicas, nas dores reumáticas, nas moléstias da pele, nas boubas, nas feridas produzidas pelo bicho de pé, no cancro, na erisipela, nas cólicas internas, na obstrução do baço, nas dores nevrálgicas e em pomada nas hemorroidas.
A casca da árvore é usada interna e externamente como adstringente na dose de 60grs para 1 l de coadura que dá-se aos cálices, para combater as diarreias e as disenterias, nas hemoptises; em injecções nas leucorréias e nas blenorragias.
O extrato aquoso é empregado nas quebraduras, sendo renovado de 5 em 5 dias.
A casca, reduzida a pós, é usada para tratamento de umbigo ulcerado das crianças.
O cozimento de quatro sementes em meia garrafa de água é usada na dose de um cálice em cada refeição, como estomacal.
Para combater as cólicas os sertanejos empregam o cozimento de três sementes torradas e contusas em um copo de água, para ser tomado quente.
O povo considera as sementes de bicuiba como bom para tirar mau hálito, para o que é suficiente mascar uma semente. Dizem que por mascar diariamente metade de uma semente a memoria se fortifica, mas quem mastiga algumas de uma só vez se intoxica.
Nas mordeduras de cobra de usa o macerato de três sementes contusas em uma xicara de aguardente misturada com outro tanto de água, que é tomado de 15 em 15 min até completar a cura, aplicando-se ao mesmo tempo o bagaço das sementes contusas sobre a ferida produzida pelo réptil.

Bibliografia: Peckolt – Theodoro e Gustavo - História das Plantas Medicinais e Úteis do Brasil (1888-1914).

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