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Hermann von Ihring |
Formou-se em filosofia natural por vocação e em medicina porque seu pai queria que o filho tivesse um diploma capaz de render mais do que o misero subsídio como qual se tem de contentar os filósofos. Seus primeiros estudos fizeram-no antropólogo, por influência do seu querido mestre Virchow, e por isso seu pequeno gabinete na casa paterna foi enchendo de crânios e tíbias humanas. O material que não tinha mais interesse ia para o lixo, mas foi um escândalo publico na pequena cidade de Giessen quando a polícia com seu faro aguçado descobriu que da casa do notável advogado, pai do naturalista, saiam esqueletos humanos indícios de quiçá quantos crimes. Foi difícil repor os Sherloks na pista verdadeira. O Dr. Hermann passou a ser professor, mas satisfeita esta pequena vaidade, não achou muita graça na cátedra e preferiu ser estudante a vida inteira, aprendendo nos livros abertos da natureza. Foi atraído pelos trópicos, o Brasil de onde Fritz Muller relatava maravilhas zoológicas. Casou-se e embarcou. No Rio de Janeiro grassava a febre amarela, mas o Dr. Hering precisava demorar-se na corte, a fim de legalizar seu diploma de médico estrangeiro.Hospedou-se no hotel da Tijuca onde não havia mosquitos; logo no primeiro passeio encontrou um belo caramujo, raríssimo nas coleções de Berlim e Paris. Para poder observá-lo detidamente, antes de matar, guardou-o sob um copo do lavatório e foi ao beija-mão do imperador, não sem antes recomendar à esposa que vigiasse o precioso molúsculo. Mas D. Clara distríu-se, um momento e logo depois não havia mais caramujo debaixo do copo.
Como reclamá-lo da arrumadeira do hotel, se o idioma do país ainda lhe era tão difícil. Em fim, rebuscando o dicionário, surgiu a frase salvadora, repetida com ênfase a negra perplexa: “Meu, marido é, um caramujo!”
Bibliografia: Almanak Agrícola Brasileiro 1920 pág 131
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