sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Hermann von Ihering no Rio Grande do Sul

O casal seguiu para o Rio Grande do Sul, onde o médico e filósofo contava dividir seu tempo entre clientes e assuntos zoológicos. Viajou pela campanha era o que mais lhe convinha e assim conheceu todas as regiões da então província; coletava toda sorte de animais e plantas e relatava os resultados das suas pesquisas em numerosas revistas européias; estudou as minas de carvão, verificou as condições favoráveis  do meio a imigração alemã e por isso escreveu um livro em que expôs as vantagens que a terra gaucha oferecia aos seus compatriotas.
Avolumando-se as suas coleções, foi obrigado a escolher residência definitiva e assim optou por uma ilha na foz do rio Camaquã onde construiu confortável residência.
A esposa, encantada com essa vida de campo, encarregava-se da administração das plantações e da criação, enquanto o Dr Ihering acudia aos doentes e elaborava monografias, já então nomeado naturalista do Museu Nacional com sede no Rio Grande do Sul.
O antigo dono da ilha cuidava ai da criação de cavalos em larga escala e se não fosse a grande diferença de preço entre o que valia cada animal e o que o proprietário original cobrava e o naturalista teria comprado toda a manada de éguas. Longos anos a família residiu nesta propriedade que ficou até com o nome de ilha do doutor.
Os clientes eram poucos apesar de não haver outro médico em quilômetros de distância. Os doentes não tinham como pagar o doutor por isso o medico aceitava animais como pagamento por seus serviços e remédios que era obrigado a fornecer. Um caso leve pagava-se com um frango, casos mais difíceis eram pagos com uma manta de charque e os mais caros com uma canoa de lenha. Em breve todos os vizinhos, algumas léguas rio acima ou lá na lagoa dos Patos eram amigos e compadres.
As excursões médicas combinavam com as zoológicas e assim, certa vez, tendo de visitar um doente, pôs a caminho com a intenção de apanhar alguns molúsculos no brejo que deveria atravessar. Quando chegou junto ao leito do enfermo, estava com o calçado molhado e as meias no bolso. Em suas atividades médicas até ferramentas de dentista carregava, pois por vezes era obrigado a agir com tal.
Com a proclamação da república os jacobinos entenderam que toda a ciência feita pelos naturalistas estrangeiros do Museu nacional não contrabalançava uma demonstração de sentimentos patrióticos. Assim, em uma canetada só todos os estrangeiros que prestavam serviços ao Museu Nacional foram demitidos e com isso sua única remuneção em dinheiro foi cortada. Apesar do corte continuou com afinco a trabalhar na zoologia, a serviço de museus europeus.

Bibliografia:
Almanak Agrícola Brasileiro, 1920 pág 132

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