sexta-feira, 26 de julho de 2013

O nascimento da indústria farmacêutica.

Em 1889, em Paris durante a exposição do Centenário da Revolução Francesa, a Ciba (Suiça) e a Bayer (alemã) se apresentam através das suas divisões farmacêuticas com os seus primeiros medicamentos. Um deles – a Aspirina, da Bayer- viria a ser talvez o mais bem sucedido produto farmacêutico de todos os tempos.
Alecxander Fleming
Já no fim do século passado, portanto, a conexão entre a pesquisa, o lançamento, a produção e o marketing de novas drogas pelas grandes companhias estava estabelecida e os dias da velha botica, dos caixeiros viajantes que ofereciam xaropes e pílulas, estavam contados. Contudo, apesar dos avanços obtidos durante o século, que vão desde o isolamento da morfina do ópio em 1817 até a descoberta da Aspirina, passando pela melhor compreensão das doenças infecciosas, graças ao trabalho com de Pasteur, Lister e Koch, a disponibilidade de medicamentos ainda era reduzida, e os tratamentos médicos continuavam bastante primitivos.
Em 1907, a Hoechst (alemã), que vinha trabalhando de forma sistemática com compostos arsenobenzóicos, lança o Salvarsam, destinado ao tratamento da sífilis, e com ele as bases da quimioterapia moderna. O Salvarsam deu a Paul Ehrlich, em 1908, o prêmio Nobel de Medicina e transformou aquela indústria paroquial em uma indústria transacional, baseada em medicamentos de fato eficazes, conseguidos através da verificação sistemática dos efeitos biológicos produzidos por substâncias químicas sintéticas.
Convém notar que os primeiros grandes sucessos a indústria farmacêutica já foram comercializados sob denominação de marca e não pelo nome científico, pois o conceito de marca se estabelecera ainda durante o florescimento daquela “indústria” de xarope e pílulas, na medida em que elas baseavam a sua comercialização em promessas de cura e não na real eficiência de produtos bem definidos.
Nas duas décadas que se sucederam ao lançamento do Salvarsan, a indústria farmacêutica não deu grandes contribuições terapêuticas e a melhor de saúde das populações continuava sendo o resultado dos avanços por conta do saneamento básico e da prevenção. No entanto, algumas importantes descobertas, como o conceito de fator nutricional das vitaminas, a importância da insulina para uso dos diabéticos, o papel do quinino no tratamento da malária e a descoberta da Penicilina por Fleming em 1928, propiciavam a acumulação de conhecimento necessária para a revolução terapêutica que estava prestes a ocorrer.
Uma das dificuldades com que a recente indústria de medicamentos se deparava era sem dúvida a produção maciça a custos aceitáveis: produzir uma pequena amostra de uma nova droga num laboratório, para testes clínicos, era uma coisa, mas transferir esta produção para uma escala industrial era um problema relativamente complexo para a época.

Bibliografia: Ciência Hoje vol15/ nº 89

Nenhum comentário:

Postar um comentário