Em 1889, em
Paris durante a exposição do Centenário da Revolução Francesa, a Ciba (Suiça) e
a Bayer (alemã) se apresentam através das suas divisões farmacêuticas com os
seus primeiros medicamentos. Um deles – a Aspirina, da Bayer- viria a ser
talvez o mais bem sucedido produto farmacêutico de todos os tempos.
Alecxander Fleming |
Já no fim do
século passado, portanto, a conexão entre a pesquisa, o lançamento, a produção
e o marketing de novas drogas pelas grandes companhias estava estabelecida e os
dias da velha botica, dos caixeiros viajantes que ofereciam xaropes e pílulas,
estavam contados. Contudo, apesar dos avanços obtidos durante o século, que vão
desde o isolamento da morfina do ópio em 1817 até a descoberta da Aspirina,
passando pela melhor compreensão das doenças infecciosas, graças ao trabalho
com de Pasteur, Lister e Koch, a disponibilidade de medicamentos ainda era
reduzida, e os tratamentos médicos continuavam bastante primitivos.
Em 1907, a
Hoechst (alemã), que vinha trabalhando de forma sistemática com compostos
arsenobenzóicos, lança o Salvarsam, destinado ao tratamento da sífilis, e com
ele as bases da quimioterapia moderna. O Salvarsam deu a Paul Ehrlich, em 1908,
o prêmio Nobel de Medicina e transformou aquela indústria paroquial em uma
indústria transacional, baseada em medicamentos de fato eficazes, conseguidos
através da verificação sistemática dos efeitos biológicos produzidos por
substâncias químicas sintéticas.
Convém notar
que os primeiros grandes sucessos a indústria farmacêutica já foram
comercializados sob denominação de marca e não pelo nome científico, pois o
conceito de marca se estabelecera ainda durante o florescimento daquela
“indústria” de xarope e pílulas, na medida em que elas baseavam a sua
comercialização em promessas de cura e não na real eficiência de produtos bem
definidos.
Nas duas
décadas que se sucederam ao lançamento do Salvarsan, a indústria farmacêutica
não deu grandes contribuições terapêuticas e a melhor de saúde das populações
continuava sendo o resultado dos avanços por conta do saneamento básico e da
prevenção. No entanto, algumas importantes descobertas, como o conceito de
fator nutricional das vitaminas, a importância da insulina para uso dos
diabéticos, o papel do quinino no tratamento da malária e a descoberta da
Penicilina por Fleming em 1928, propiciavam a acumulação de conhecimento
necessária para a revolução terapêutica que estava prestes a ocorrer.
Uma das
dificuldades com que a recente indústria de medicamentos se deparava era sem dúvida
a produção maciça a custos aceitáveis: produzir uma pequena amostra de uma nova
droga num laboratório, para testes clínicos, era uma coisa, mas transferir esta
produção para uma escala industrial era um problema relativamente complexo para
a época.
Bibliografia:
Ciência Hoje vol15/ nº 89
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