sábado, 3 de agosto de 2013

História da Farmácia II

Antigo símbolo da Bayer
Em 1935, como resultado de um enorme esforço de pesquisa iniciado três anos antes com uma classe de compostos denominados sulfonamidas, a Bayer lança a Sulfanilamida, que viria a ser a cabeça da série de um grupo grande de antibacterianos e um padrão de metodologia para o screening (triagem) de novas drogas. A comunidade científica ficou entusiasmada com a descoberta das sulfas, porém o resultado mais importante decorreu da mobilização da indústria, que percebeu o potencial desta família de drogas, tendo em vista o grande mercado representado pelas infecções causadas por estreptococos (pneumonia, febre puerperal, meningite, septicemia etc.). Assim, com a metodologia de pesquisa estabelecida, as descobertas proliferam, dando origem a inúmeras famílias de compostos obtidos por síntese químicas.
Em 1940, H.W. Florey e E.Chain, de Oxford, divulgam os primeiros resultados obtidos com o uso da Penicilina em cobaias, confirmados no ano seguinte em seres humanos. Estava lançada a base de indústria de antibióticos que, nos dias de hoje, representa mais de 20% da produção mundial de medicamentos.
A guerra teve papel destacado no desenvolvimento tecnológico do setor farmacêutico, de um lado pela consolidada posição alemã nas inovações farmacêuticas, o que impunha ao resto do mundo a necessidade de dispor de sua própria produção; de outro, pela enorme demanda gerada pelo contingente de feridos e também pela necessidade de manter tropas em áreas sujeitas a moléstias tropicais. Apenas três anos depois dos primeiros resultados com o uso da penicilina em seres humanos, o consórcio entre governo e empresas norte-americanas já produzia esse fármaco em quantidade suficiente para atender à demanda militar, que não era pequena.
Em 1947, Charpentier preparou um dos mais importantes anti-histamínicos, a Prometazina. O mesmo pesquisador obteve sucessivamente outros derivados N-alquilaminoalquilicos da Fenotizina, entre os quais a Clorpromazina, em 1952, que se revelou muito interessante, vindo a constituir um dos mais importantes compostos sintetizados neste século. Sua versatilidade é extraordinária e, por sua ação depressora geral das células, foi chamada de ‘narcobiótico’. Milhares de trabalhos foram publicados sobre a Clorpromazina e suas atividade multiformes: antiemético hipotérmico, analgésico, hipotensor, adrenolítico, anti-histamínico etc.
Até o final da década de 1960, haviam sido sintetizadas dezenas de compostos semelhantes à Clorpromazina, que dela diferem ou pelo radical na posição ocupada pelo cloro, ou pela cadeia lateral. A bem da verdade essas famílias de compostos químicos mostram que as pesquisas originais das empresas transnacionais não são tão originais quanto  elas tentam fazer crer. Boa parte dos novos medicamentos é somente uma versão mais segura e/ou mais efetiva de um rpoduto-mãe (os chamados me-too)


Bibliografia: Revista Ciências Hoje vol 15/ nº89 – José Carlos Geroz – Companhia de Desenvolvimento Tecnológico (Codetec)

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