Em 1958 P.
Janssen sintetizou o Haloperidol um neuroléptico seis vezes mais forte que a
Clorpromazina. Sete anos depois haviam sido sintetizados cerca de 15 derivados
da Butirofenona.
Drágeas de Talidomida |
A radical
mudança da base tecnológica – sínteses químicas nos anos 30, antibióticos nos
anos 40 – propiciou uma rápida e completa alteração do panorama internacional.
O salto qualitativo que os produtos oriundos da nova tecnologia trouxeram é
inquestionável. O advento dos antibióticos na Europa Ocidental reduziu os
percentuais de morte por doença em níveis substanciais, por exemplo: pneumonia,
de 31,1% para 7,1% e febre tifoide, de 20,4% para 0,6%. Os EUA experimentaram
nas décadas de 1930,1940 e 1950, em função da revolução terapêutica, um aumento
de dez anos de vida média provável. Estes dados demonstram que o acesso à
tecnologia dos novos produtos seria absolutamente vital para quem pretendesse
continuar no ramo.
A rentável
exploração das inovações pela nova indústria proporcionou uma condição
particular de crescimento empresarial, como bem descreve G. Giovanni: “O
crescimento de tais empresas entra então num círculo vicioso: pesquisa e
desenvolvimento de novos produtos – monopólio – lucro extraordinário – pesquisa
e desenvolvimento de novos produtos etc.Tal movimento desembocaria naturalmente
na concentração econômica e na oligopolização do mercado.”
De fato, já
nos anos 50 essas empresas marcavam presença nas listas das revistas
especializadas das empresas mais lucrativas. Essa década apresenta também o
maior ritmo na descoberta de novos produtos, que chegam a mais de 90 inovações
por ano. Artífice de seu próprio sucesso, pois, com exceção de alguns
antibióticos, era a responsável pelo descobrimento da esmagadora maioria dos
compostos que vendia a indústria farmacêutica, ao terminar a década de 1950,
gozava de grande credibilidade, sobretudo perante os governos dos países
industrializados. E o monopólio que exerciam essas empresas era tido como um
‘mal necessário’ para que a humanidade pudesse contar com novas drogas, capazes
de curar antigos males.
Esta
convivência pacifica estava, porém, com seus dias contados. Em 1961 vem à tona
o desastre da Talidomida. O caso começara em meados da década anterior, quando
um tranquilizante muito popular fora introduzido na prática médica para minorar
as náuseas dos primeiros meses das gestantes. Alguns anos depois, contavam-se
em mais de 12 mil as crianças deformadas, fora os natimortos, em virtude da
droga.
O acidente
com a Talidomida modificou radicalmente a atitude dos órgãos responsáveis pelo
controle da indústria farmacêutica. O FDA americano (Food and Drug
Administration) passa a exigir para o lançamento de uma droga inúmeros testes,
a fim de evidenciar não só a segurança, mas também a sua eficácia em relação a
outras já existentes, modificando radicalmente a postura anterior, que exigia
apenas testes voluntários de segurança feitos pelas companhias farmacêuticas.
Desta forma,
os custos de desenvolvimento de um novo produto, que até então giravam em torno
de 20 milhões de dólares, passam para 100-150milhões de dólares, reduzindo
ainda mais as chances para as eventuais novas empresas que pretendessem
ingressar no seleto grupo das empresas inovadoras.
Naquele
momento, cerca de 20 empresas transnacionais, todas elas localizadas na Europa
Ocidental e nos EUA, eram responsáveis pelo suprimento de quase 50% do mercado
de medicamentos, que já alcançava a cifra de 10 bilhões de dólares ( em valores
da época) configurando o oligopólio em que se baseava o setor.
Bibliografia :
Ciências Hoje vol 15/nº89- Abril 1993
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