sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Anos de sucesso para a indústria farmacêutica.

Em 1958 P. Janssen sintetizou o Haloperidol um neuroléptico seis vezes mais forte que a Clorpromazina. Sete anos depois haviam sido sintetizados cerca de 15 derivados da Butirofenona.
Drágeas de Talidomida
A radical mudança da base tecnológica – sínteses químicas nos anos 30, antibióticos nos anos 40 – propiciou uma rápida e completa alteração do panorama internacional. O salto qualitativo que os produtos oriundos da nova tecnologia trouxeram é inquestionável. O advento dos antibióticos na Europa Ocidental reduziu os percentuais de morte por doença em níveis substanciais, por exemplo: pneumonia, de 31,1% para 7,1% e febre tifoide, de 20,4% para 0,6%. Os EUA experimentaram nas décadas de 1930,1940 e 1950, em função da revolução terapêutica, um aumento de dez anos de vida média provável. Estes dados demonstram que o acesso à tecnologia dos novos produtos seria absolutamente vital para quem pretendesse continuar no ramo.
A rentável exploração das inovações pela nova indústria proporcionou uma condição particular de crescimento empresarial, como bem descreve G. Giovanni: “O crescimento de tais empresas entra então num círculo vicioso: pesquisa e desenvolvimento de novos produtos – monopólio – lucro extraordinário – pesquisa e desenvolvimento de novos produtos etc.Tal movimento desembocaria naturalmente na concentração econômica e na oligopolização do mercado.”
De fato, já nos anos 50 essas empresas marcavam presença nas listas das revistas especializadas das empresas mais lucrativas. Essa década apresenta também o maior ritmo na descoberta de novos produtos, que chegam a mais de 90 inovações por ano. Artífice de seu próprio sucesso, pois, com exceção de alguns antibióticos, era a responsável pelo descobrimento da esmagadora maioria dos compostos que vendia a indústria farmacêutica, ao terminar a década de 1950, gozava de grande credibilidade, sobretudo perante os governos dos países industrializados. E o monopólio que exerciam essas empresas era tido como um ‘mal necessário’ para que a humanidade pudesse contar com novas drogas, capazes de curar antigos males.
Esta convivência pacifica estava, porém, com seus dias contados. Em 1961 vem à tona o desastre da Talidomida. O caso começara em meados da década anterior, quando um tranquilizante muito popular fora introduzido na prática médica para minorar as náuseas dos primeiros meses das gestantes. Alguns anos depois, contavam-se em mais de 12 mil as crianças deformadas, fora os natimortos, em virtude da droga.
O acidente com a Talidomida modificou radicalmente a atitude dos órgãos responsáveis pelo controle da indústria farmacêutica. O FDA americano (Food and Drug Administration) passa a exigir para o lançamento de uma droga inúmeros testes, a fim de evidenciar não só a segurança, mas também a sua eficácia em relação a outras já existentes, modificando radicalmente a postura anterior, que exigia apenas testes voluntários de segurança feitos pelas companhias farmacêuticas.
Desta forma, os custos de desenvolvimento de um novo produto, que até então giravam em torno de 20 milhões de dólares, passam para 100-150milhões de dólares, reduzindo ainda mais as chances para as eventuais novas empresas que pretendessem ingressar no seleto grupo das empresas inovadoras.
Naquele momento, cerca de 20 empresas transnacionais, todas elas localizadas na Europa Ocidental e nos EUA, eram responsáveis pelo suprimento de quase 50% do mercado de medicamentos, que já alcançava a cifra de 10 bilhões de dólares ( em valores da época) configurando o oligopólio em que se baseava o setor.

Bibliografia : Ciências Hoje vol 15/nº89- Abril 1993

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