Para combater
a verminose, os índios empregam a resina de espécies nativas do gênero Ficus (F. doliaria e outras), da família das moráceas, conhecidas
popularmente como gameleira branca ou figueira brava. Outro vermífugo é extraído
da erva-de-santa-maria ou mastruço (Chenopodium
ambrosioides, família das quenopodiáceas). Erva adstringente, que contraios
vasos sanguíneos, é o cambará, ou camará (Lanthania
camara, família das verbenáceas). É usada na medicina caseira e homeopática
para tratamento do reumatismo, entre outras indicações. A quinina, alcaloide
extraído da casca das quinas (plantas do gênero Chinchona, família das rubiáceas), foi o único antimalárico
disponível até os anos 30. Foi substituído por um derivado, a cloroquina,
extraída da Chinchona calisaya, em
conjugação com medicamentos sintéticos.
Erva de Santa Maria |
Como antídoto
para picadas de cobras peçonhentas, os índios usam, entre outros tratamentos,
uma pasta de rízes plicada no local da picada e bebem o chá das raízes de
caiapiá (Dorstenia brasiliensis,
família das moráceas). Curam picadas de escorpião com uma infusão da planta Urena carcasana (malvácea).
Efeitos
constracaptivos são obtidos, de acordo com o botânico norte-americano Ghillean
Prance, com uma beberagem da trepadeira Curarea tecunarum, da família das
minispermáceas. Anestésicos são extraídos da folha da coca (Erythoxylum coca, família das
eritroxiláceas), que os índios usam também como estimulante da clarividência.
No Brasil a
pratica da medicina tradicional em pequenas comunidades étnicas ou sociais
induz o consumidor a tomar um produto por boa fé, sem saber se existem nele
princípios benéficos ou nocivos. Sem dúvida, a confiança num produto cujo uso
foi benéfico para outros membros do grupo é um importante ingrediente – talvez
o mais importante – do tratamento: a influência da fé no medicamento constitui
o chamado “efeito placebo”. Por isso, um placebo poderia, com frequência, fazer
o mesmo efeito que um produto farmacêutico.
A maior
evidência da virtual inocuidade (no melhor dos casos) dos produtos ‘naturais’ é
que eles continuam restritos as suas áreas de origem e jamais se tornam de uso
universal. Em geral, entretanto, a planta dita medicinal chega às mãos do
usuário despojado de qualquer informação fidedigna: há desconhecimento total da
época da coleta, do especialista (se foi um especialista) que colheu, dos
cuidados tomados durante o processo de armazenamento, secagem e moagem, da
ausência de contaminação por fungos e outros microrganismos. Tudo isso torna
impossível a previsão de eventuais efeitos colaterais que a planta possa
provocar.
Uma planta
não é uma fábrica montada especificamente para determinada produção. É um ser
vivo que está sujeito a estresse por fatores ambientais variáveis, como
fertilidade do solo, umidade, radiação solar , ventos temperatura, herbivoria,
biota associada,poluição atmosférica e do solo.
Bibliografia:
Ciência Hoje, Vol 15/nº 89 – Plantas Medicinais ameríndias – Berta G. Ribeiro –
Departamento de Antropologia – Museu Nacional/UFRJ.
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