domingo, 11 de janeiro de 2015

A Doutrina da Signatura

No século XVI a velha “Doutrina da Signatura” que  se diz ser de origem chineza muito antiga, ainda florescia, tendo sido posta em proeminência por Paracelso (1493- 1541). A ideia era baseada na crença que o Criador, ou qualquer poder sobrenatural, procura mostrar a humanidade por meio da semelhança de uma planta ou parte de planta com um órgão do corpo humano que aquela planta ou parte de planta é destinada a ser usada como remédio para uma doença do órgão ao qual se assemelha. Assim, um fruto da romãzeira quando aberto tem sementes que se pode dizer assemelham-se aos dentes soltos. Daí ela deve ser usada para os males dos dentes.
Mandragora
A hepática ou folha do fígado, tendo uma folha que se diz parecer um fígado humano devia ser tomada em qualquer veículo, infusão ou tintura, para as doenças do fígado. A doutrina expandiu-se até incluir plantas que tinham semelhança com animais venenosos. Assim, uma planta com a haste ou as folhas pontilhadas como uma cobra venenosa seria um bom antidoto para mordedura dessa cobra. Os minerais foram também incluídos, assim, sulfureto de mercúrio ou cinabrio, de uma cor vermelho de sangue, seria excelente para as doenças do sangue.
As superstições associadas com a mandrágora levam-nos aos artigos “rizotomos” e fazem-nos recordar a doutrina das signaturas. A mandrágora europeia é a Mandragora officinarum, uma erva da família das solanáceas é indígena no sul da Europa e no norte da África. A sua raiz é longa, grossa e algumas vezes bifurcada e admitia-se que quando arrancada fazia muito lembrar a forma humana, de fato dizia-se que havia planta masculina e feminina. A raiz acreditava-se que tinha grandes poderes curativos e aconselhava-se uma maneira muito especial de arrancá-la, pouco mais ou menos como se segue: (1) acavação deve ser feita durante a noite quando a planta “brilha como uma lâmpada”. Então logo que alguém a vê deve bater-lhe na cabeça com um ferro a fim de que não escape; depois cavar a roda dela com um instrumento de marfim, mas sem a tocar. Arrancá-la do chão era operação que implicava grande perigo para o operador.; por isso a parte superior devia ser amarrada a um cão que depois se chamava para assim arrancar a mandrágora.
Simon Forman, membro do Magdalen College escreveu a cerca da mandrágora em 1603 “Também eu tenho conhecimento de que o velho dito se mostrou verdadeiro, de que quem quer que arranque uma mandrágora morrerá dentro do prazo de um ano, e alguns há que dizem terem nas ouvido gritar ou gemer quando foram arrancadas”.,..
A nossa mandragra americana é uma planta inteiramente diferente, Podophyllum peltatum, da família das Berberidaceas, comumente chamada Maça de Maio. É interessante notar que a mandrágora europeia não está mais farmacopeia dos Estados Unidos, porem a raiz principal da mandrágora americana fornece uma droga importante, a Podofilina, sob a forma de uma substancia resinosa toxica chamada resina de podofilo, empregada como catártico.

Bibliografia: Revista da Flora Medicinal – 1945 – Graves, Arthur Harmount – Resumo da História das Plantas Medicinais

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