Nonnato Pinheiro era contrário ao conceito de que Yagê e
Caapi sejam a mesma coisa. Segundo a sua observação pessoal, o Caapi é uma beberagem
destinada aos dias de festa, bebendo-a todos os convivas, isto é, homens e
mulheres: enquanto que o Yagê só pode ser consumido pelos chefes de tribos, pajés,
possuidores de poderes adivinhatórios.
É lógico que se todos os índios podem tomar ingredientes que
lhes permite adivinhar o futuro, o poder e prestígio do pajé está ameaçado.
preparação do Caapi |
Para reforçar a afirmativa
a cima Rouhier: “As doses elevadas de Yagê são empregadas por ocasião das
cerimonias rituais e suas práticas de magia religiosas. Para este fim empregam
o caule e algumas vezes as folhas , em decocto muito concentrados e reforçados
com outras plantas de uma atividade fisiológica muito perigosa: Aya-huesca (Banisteria Caapi)
Sobre este assunto nos conta F. W. Graff, “Logo que
desembarcou, o velho bandido bebeu algumas goladas da Hayahuasca, privilegio da
sua alta dignidade. Esse liquido fermentado, de que tinha uma boa provisão, serve
aos feiticeiros do amazonas para se porem em transe, na realidade uma meia embriaguez,
do fundo da qual emitem uns oráculos que são recebidos com tanto respeito como
os de Sibiba na antiga Grécia. Em todas as tribos Jivaros, o feiticeiro é todo
poderoso, mas em geral a sua vida é curta. O seu reinado dura até que nas suas
profecias se engane de maneira desastrosa”.
Como justificar a classificação de Spruce dando o nome de
Caapi ao Yagê? É que o índio, sendo um desconfiado receia sempre que o
estrangeiro se aproprie de suas terras e de seus segredos. Por isso, quando o
informa sobre coisas que lhe dizem respeito, e das quais deseja guardar sigilo
ensina errado. Despista... Aí fica um ponto digno de elucidação.
Ernestino de Oliveira, na sua lenda dos índios Tarianos,
contestado aliás em alguns pontos por Spruce (considerado um dos melhores
conhecedores das usanças dos índios amazonense), assim descreve os dias
percursores das grandes festas: “As jovens índias são incumbidas de procurar na floresta o cipó precioso, o
Caapi. O vegetal é triturado com pedras e colocado num cocho de madeira,.
Junta-se água, ficando em fermentação até o dia da festa, quando deve aparecer
o Capiriculi, considerado o Deus do qual julgam os Tarianos descenderem
diretamente”.
Bibliografia:
Revista da Associação Brasileira de Farmacêuticos – Setembro de 1936 – Oswaldo
de A. Costa e Luiz Faria – Laboratório Bromatológico.
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