Richard Spruce assistindo a uma festa numa tribo relata
que o Caapi é bebericado nos intervalos das danças. O portador do vaso contendo
Caapi deve ser um homem, pois nenhuma mulher pode saborear aquele líquido. Este
ponto está, no entanto, em desacordo com o parecer de Ernestino de Oliveira.
Peiote, cactácea alucinógena. |
Conta Spruce que o índio após sorver o Caapi fica pálido como
um morto. Seiu corpo é todo agitado por um temor violento. O aspecto é de
causar horror. Transpira fortemente, e parece dominado por uma fúria invencível.
Se não o contiverem toma a primeira arma que encontrar, e sai dizendo: “Assim
procederia com o meu inimigo”. No fim de 10minutos desaparece a excitação e o
silvicula torna-se calmo, dando a impressão de esgotado.
Spruce tinha ido à festa com a intenção de experimentar o
Caapi. Mal havia provado o macerado, foi obrigado ingerir uma grande cabaça de
caxixi, cerveja de mandioca (considerada como Caapi atenuado). Em seguida
deram-lhe um charuto de dois pés de comprimento da grossura de um punho, e
çlogo após vinho de palmeira. Ela, que nunca havia fumado, foi acometido de náuseas,
e só com repouso melhorou. Não pode, portanto, fazer a auto observação dos
efeitos do Caapí.
Na América Latina existem outras plantas que provocam
alucinações, como por exemplo, o Peiote, planta que os missionários chamavam da
raiz diabólica. Esta planta é uma cactácea do México que mereceu um trabalho de
Marinesco, cujo alcaloide descoberto leva seu nome Mescalina, que foi isolado
por Lewin em 1888 e obtido sinteticamente por Spaeth, em 1909. Dessa mesma
cactácea foram retirados mais três alcaloides: Anhalonina, Anhalonidina e a
Lofoferina. A Aamnita muscaria, cogumelo encontrado na Sibéria, onde os
naturais os mascam após dessecação, como fazem os africanos com o Tabaco, e os
moradores da Cordilheira dos Andes com as folhas de Coca.
Refere Luiz Lewin que entre os índios Jibaros a beberagem
de Caapi é distribuída durante a festa, cuja duração é em média de oito dias, e
da qual participam homens, mulheres e crianças, e em geral aqueles que desejam
sonhar. O distribuidor da beberagem, antes de oferecer a cuia a cada indivíduo
murmura uma formula de esconjuro. Há ocasiões em que o produto é consumido em
casa. Isso acontece quando alguém deseja ficar em estado de transe, durante o
qual saberá o que lhe acontecerá no futuro ou quando uma viúva deseja escolher
um novo marido.
O que torna agradável aos índios a ingestão deste tóxico,
é , além de outras ilusões visuais durante o transe, aparições referentes a sua
felicidade pessoal, além de sensações lúdicas.
Bibliografia:
Revista da Associação Brasileira de Farmacêuticos – Setembro de 1936 – Oswaldo
de A. Costa e Luiz Faria – Laboratório Bromatológico
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